segunda-feira, 26 de abril de 2010

Literatura para Geração Y

Recentemente, fiz uma matéria para o caderno Plural sobre quais livros podemos indicar para adolescentes que gostam mais de computadores do que de papel. Afinal, o pessoal tá ficando tanto tempo em frente ao computador, que a leitura tem ficado em último plano.
Eu não pude dizer na matéria a minha sugestão. Aqui eu posso. Se eu conhecesse um jovem que não gosta muito de ler, eu recomendaria a ele Mario Prata, Luis Fernando Verissimo, Rubem Braga ou Rubem Fonseca. O Código da Vinci, de Dan Brown, também é bem convidativo. Machado de Assis, só depois dos 20 anos de idade...
Abaixo, a reportagem.


BOM E PARA SEMPRE

Autores e especialistas ensinam o caminho para o insubstituível prazer da leitura em tempos de Geração Y

CINTHYA OLIVEIRA

REPÓRTER


Em tempos de videogames, chat, MSN, Orkut, Facebook, Twitter e Youtube, os adolescentes são bombardeados constantemente por estímulos das mais diferentes mídias eletrônicas. A leitura que os jovens do século XXI conhecem, certamente, não é a mesma daqueles do século anterior. Afinal, o ciberespaço dispensa a linearidade e a forma planificada. Na Internet, a leitura não é mais feita da esquerda para a direita, de cima para baixo, mas sim um espaço para múltiplas visualizações. Nada impede que uma pessoa visualize um vídeo, uma foto e um texto, enquanto conversa com amigos pelo MSN. Tudo ao mesmo tempo.

Mas a Geração Y - nome dado a esses adolescentes que conseguem exercer diversas tarefas ao mesmo tempo em frente ao computador - pode enfrentar sérias dificuldades quando se depara com uma atividade tão simples, linear e que exige grande concentração como a leitura de um livro. Para muitos adolescentes, sentar-se num sofá por uma hora para desfrutar de um romance pode ser uma verdadeira tortura. Ainda mais se essa ação for obrigatória - quantas pessoas você conhece que aprenderam a odiar Machado de Assis por que foram obrigadas a ler "Dom Casmurro" para uma prova quando tinham 15 anos?
Resolvemos, então, perguntar para alguns intelectuais que tipo de literatura podemos apresentar aos adolescentes da Geração Y para que tomem gosto pelos bons e velhos livros de papel.
Algumas pessoas acreditam que o caminho para o prazer da leitura está nos títulos da moda. Nesse momento, os jovens que já adquiriram o gosto por ler transformaram em best-seller a série "Crepúsculo", de Stephanie Meyer: "Crepúsculo", "Lua Nova", "Eclipse" e "Amanhecer". O criador do projeto Sempre um Papo, Afonso Borges, aposta nas histórias do vampiro Edward para conquistar os adolescentes.
"Não adianta inventar a roda. Se o adolescente não tem o hábito da leitura, não adianta indicar um clássico fantástico, ou mesmo um moderno interessante. O importante é ler, ter a companhia do livro. E o modismo, nesses casos, é bom. Eu fui obrigado, na minha adolescência, a ler livros horrorosos, difíceis. Por prazer, o adolescente deve ler o que está na moda. Para depois conversar com os amigos, discutir na sala de aula, conversar na hora do lazer. Quem sabe, um dia, um dia ele escolhe um clássico, maravilhoso", opina Borges.
Depois que o jovem tomou gosto pela literatura de terror, seus pais ou professores podem apresentar para eles alguns dos grandes clássicos como "Frankenstein", de Mary Shelley, "Drácula", de Bram Stoker, ou "O Médico e o Monstro", de Robert Louis Stevenson. .
O jornalista e escritor Petrônio Souza Gonçalves aposta nesses clássicos. "Sugiro a eles as histórias que o tempo não levou, como 'Frankenstein', um clássico da literatura universal. O que mais marca a saga de Frankenstein é a ausência da paternidade, a solidão, o vazio. Tem algo de muito significativo aí, isso é atemporal, o que faz a história não ser desse ou daquele povo, desse ou daquele tempo, faz ser uma história universal", diz. Ainda na linha dos clássicos universais, ele sugere o eterno sucesso "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry.
O escritor e presidente da Academia Mineira de Letras, Murilo Badaró, aconselha pais a buscarem na literatura clássica os títulos que mais possam causar empatia com os jovens leitores. "Se fosse dar conselho a um jovem sobre quais os livros com que deveria começar recomendaria as histórias 'As Mil e uma Noites', os contos de Hans Christian Andersen e dos irmãos Grimm, passando pouco a pouco para José de Alencar, Manoel Antônio de Almeida e os brasileiros do século XIX, até chegar a Machado de Assis. Há várias alternativas que podem seduzir os jovens", afirma.




Quem também aposta em títulos da literatura clássica para chamar a atenção da Geração Y é a criadora do Fórum das Letras de Ouro Preto, Guiomar de Grammond. Especialmente para os meninos, ela sugere "Os Meninos da Rua Paulo", de Ferenc Molnár, "As Aventuras de Tom Sawyer" e "As Aventuras de Huckleberry Finn", de Mark Twain.

"São aventuras mais rurais do que urbanas, mas desenvolvidas com muita sensibilidade, com um olhar muito rico sobre o mundo, além de refletir um pouco os desejos de qualquer menino", conta. Para as meninas, ela sugere qualquer obra de Inês Stanisiere e Thalita Rebouças. "Seus livros falam de amigas, internet, questões entre mãe e filha. Os livros falam do universos das meninas de hoje", completa Guiomar. Ela aposta em outros autores que escrevem especificamente para o público infanto-juvenil: Pedro Bandeira, Leo Cunha e Sergio Klein, além do eterno clássico Monteiro Lobato.

"O Homem que Calculava", de Malba Tahan, é a sugestão do presidente da Fapemig, Mário Neto Borges. "É uma história muito interessante, que traz alguns problemas de matemática, apresentados de forma atraente. Acredito que, para o público adolescente, essa é uma mistura que funciona: um texto atraente, que desperta o gosto pela leitura, mas que ao mesmo tempo exercita a mente e propõe desafios", opina.

O poeta, professor e músico Francesco Napoli sugere apresentar aos jovens uma literatura que esteja de acordo com a inquietude natural da idade. "Acredito que adolescentes se interessam por questões de seu universo, como o sentimento de inadequação, de não pertencimento. Um livro que desperta esse sentimento e o desenvolve de forma profunda é 'O Mundo de Sofia' de Jostein Gaarder".

Mas se mesmo os clássicos não agradarem ao adolescente, porque o objeto livro ainda lhe é atraente, a opção pode ser apresentar-lhe histórias em quadrinhos. Além das tradicionais revistinhas da Turma da Mônica e dos personagens da Disney, hoje o mercado das HQs oferece um leque enorme de opções. "Hoje existem muitas versões em quadrinhos de clássicos da literatura, que pode ser um meio de colocar o jovem em contato com as nossas melhores histórias", afirma Maria Mazzarello, proprietária da Mazza Edições.

Outra boa forma de aproximar o jovem da literatura é apresentar-lhe crônicas de autores que flertam com o humor. Para o escritor Moacyr Scliar, nada como um bom texto de Luís Fernando Verissimo para agradar um jovem. "São textos curtos, atuais, interessantes, engraçados, redigidos numa linguagem acessível e ao mesmo tempo literária", justifica. A leitura de Verissimo pode aproximar o jovem não apenas do objeto livro, como também do jornal impresso, já que é cronista do HOJE EM DIA, com textos publicados às quintas, no caderno de Cultura, e aos domingos, no Plural.

A arte da poesia pode ser apresentada por meio dos textos do francês Arthur Rimbaud, segundo o poeta e editor Wilmar Silva. "Para não perder a rebeldia, sugiro 'Uma temporada no Inferno', de Rimbaud, porque trabalha com imaginários de ruptura, criando uma poesia em estado de vidência. Alquimista do verbo, ele é o poeta que escreveu com o corpo iluminado pelo espírito".

Já para quem aposta em uma literatura mais atual, porém menos conhecida, para agradar aos jovens, uma sugestão é ficar de olho nos lançamentos. "A Editora 7 Letras tem apresentados textos muitos sedutores assim como a Dubolso de Sebastião Nunes", sugere o poeta Aroldo Pereira, curador do Salão de Poesia Psiu Poético.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Tim Burton

Um dos assuntos do dia é o filme "Alice no País das Maravilhas". Conversando sobre o assunto com um amigo, falando sobre o quanto amo Tim Burton, ouvi uma questão dificílima de ser respondida: qual é o melhor filme de Burton?

Ainda não cheguei a uma conclusão. Gosto de todos, até mesmo de "Peixe grande" (foto), que talvez tenha sido o seu título que agradou menos aos cinéfilos. Suas animações são impressionantes, aliando tecnologia, beleza e qualidade no roteiro. Tanto "O Estranho Mundo de Jack" quanto "A Noiva Cadáver" enchem os olhos de adultos e crianças.

"A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça" nos deixa sem fôlego com uma história envolvente e um ar sombrio que só Burton sabe fazer. Para mim, um upgrade no também genial "Edward Mãos de tesoura".

"A Fantástica Fábrica de Chocolate", "Marte Ataca!", "Planeta dos Macacos"... Adoro! Adoro! Adoro!

Mas acho que, depois de pensar e pensar no melhor, acredito que consegui eleger um: "Ed Wood". Afinal, uma biografia do pior cineasta de todos os tempos só poderia ser feita por alguém tão visionário.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Tarantinooooooooooo!!!


Ontem assisti finalmente a "Bastardos Inglórios" e admito ter sentido uma catarse quase tão forte quanto a oferecida em "Dogville". Fico fascinada em ver como Tarantino consegue manter sua assinatura única e ser, ao mesmo tempo, tão inventivo. Sua apologia à violência, que revolucionou o cinema no início dos anos 1990, ainda rende um ótimo caldo. E que caldo! Quando você acha que a violência pop do diretor vai se esgotar... BANG! Lá vem ele com outra pérola!
Assim como os excelentes "Cães de Aluguel" e "Pulp Fiction", "Bastardos" possui uma história cheia de reviravoltas, cenas engraçadíssimas e um final bem inesperado. Talvez o final mais inesperado de todos os Tarantinos.
Recomendo, principalmente para os meus amigos historiadores, que ficarão extasiados com essa versão única da Segunda guerra Mundial.