domingo, 29 de março de 2009

Diário da mamãe - Parte 4

Esta semana, entro na nona semana da gravidez. Veja o que diz o site bebe.com.br:

Ele agora mede 30 milímetros – está quase do tamanho de uma azeitona. Suas pequenas articulações (ombros, cotovelos, joelhos e pulsos) estão funcionando e permitem que ele se movimente dentro da bolsa de água. Ali, protegido pelo líquido amniótico, seu futuro bebê percebe a respiração, os batimentos cardíacos e o sons emitidos por você. Que tal conversar ou cantar para ele?

O site fala que a barriga não aumenta, mas a minha já cresceu bem... Será que é gordura?

sábado, 28 de março de 2009

Diário da mamãe - Parte 3

Que semana... Desde sábado passado, acompanho de perto todas as dificuldades de se colocar uma criança no mundo.
Há uma semana, começaram as contrações da minha irmã. Mas não era a hora certa, ele foi pra casa da minha mãe esperar pelas contrações mais fortes. Somente na segunda-feira, depois de duas noites sem dormir, as contrações ficaram "boas" e a Thais foi internada na maternidade Santa Fé. Mas nada de dilatação... Dor intensa, tentativa de romper a bolsa, anestesia, soro... As horas se passavam, as tensões aumentavam e nada de dilatação. Deu 18h, e os batimentos cardíacos do bebê caíram. Não havia mais o que fazer, o parto normal não aconteceria; era a hora de uma cesária de emergência.
Quanta tensão, meu Deus. Ficamos eu e minha mãe desesperadas no corredor da maternidade, sem saber o que poderia acontecer. Estava tão nervosa, que nem rezar era possível. Mas, enfim, vimos o meu sobrinho na encubadora, 3kg, aparentando uns 50cm, todo calmo, mas com cara de assustado. Aos pouquinhos, fomos sabendo o que tinha acontecido, mas me angustiava imaginar ue o estresse fetal sofrido pelo Pedro poderia causar alguma sequela.
Na primeira noite, nem a Thais sabia direito o que estava acontecendo. Ela achava que iria amamentar naquela noite, mas tivemos que dizer que o bebê só seria levado ao quarto no outro dia.
No fim das contas, o Pedro ficou em obervação por um tempo e recebeu alta na quinta-feira. Não teve sequela alguma e está se mostrando um menino superesperto. Mas ainda me assusta outras dores sofridas pela Thais. Ela teve todas as dores do pato normal, mas teve de fazer uma cesária. Assim, está penando com o terrível pós-operatório. Também provoca uma dor intensa o ato de amamentar. Só de olhar as caretas que a minha irmã faz ao dar o peito, já prevejo as dores que sentirei daqui a sete meses. A diferença é que a Thais é a mulher mais forte que eu conheço, enquanto eu mal suporto ver uma agulha sendo enfiada em meu braço...

sexta-feira, 20 de março de 2009

Ah, o Clint...

Chega aos cinemas Gran Torino, mais um filme de uma das mentes mais criativas, elétricas e críticas da indústria cinematográfica mundial: Clint Eastwood. Não vi, mas já sei que vale o ingresso do cinema. E quando não vale prestigiar o Clint?
Este quase octogenário trabalha de forma incansável e é megapremiado. Está sempre concorrendo em Cannes, Veneza, Oscar etc etc. E como ser diferente? Se a assiatura é do Clint, pode saber que o roteiro é emocionante. Eta pessoa que sabe arrancar lágrimas dos meus olhos... e todo mundo sabe que não choro por qualquer bobagem (normalmente).
"As Pontes de Madison" está longe de ser um grande filme, mas não consigo ser indiferente a ele. Toda vez que assisto, soluço de tanto chorar. Tá certo que o crédito não é só do Clint, mas da maravilhosa Meryl Streep. Mas aí vem "Menina de Ouro", que também me fez chorar, junto com 80% da plateia do cinema; "Conquista da Honra" e "Cartas de Iwo Jima"; "Bird"; "Unforgiven"... E muita coisa ainda virá. Apesar da idade avançada, algo me diz que Clint ainda tem forças para dirigir mais alguns filmes. Ele corre contra o tempo, sabe o que significa ter 79 anos. Mas mais do que fama, dinheiro, glamour, o importante é criar e trazer reflexão ao mundo com suas obras.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Diário da mamãe - Parte 2

Hoje fiz meu primeiro ultra-som. Minha irmã está grávida, por isso sabia mais ou menos como seria o resultado. Minha apreensão era para saber se só havia um embrião no meu útero e se a sua idade combinaria com a data da concepção (ainda é muito estranho para mim saber que comecei a sentir tonturas apenas três dias depois do tal dia). Dúvidas tiradas.
Mas mesmo sabendo como seria cada passo no exame, foi difícil segurar a lágrima ao ouvir o coraçãozinho batendo alto, forte e rápido. Sei que é clichê, mas é uma emoção única VER que há uma vida se formando dentro de você. Sinto-me uma privilegiada por passar por isso, por conhecer a minha criança desde sua fase embrionária. Minha mãe só pôde me ver no nascimento...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Arte da fotografia


Admiro minha amiga Lili Pelegrini que, não satisfeita em ser inventiva em seus textos, também exerce sua criatividade com as lentes das câmeras fotográficas, a exemplo de seu marido. Admiro porque me relacionei com três fotógrafos em minha vida e a minha paciência não é das maiores para quem busca o click em todos os momentos do dia.
Lembro-me até de um dia em que fui visitar um namoradinho (um grande fotógrafo, por sinal) que havia chegado de viagem. Ele queria me mostrar as fotos do rio São Francisco, eu queria matar saudades. Na foto número 50, eu apelei e me apresentei como alguém totalmente insensível. Isso aconteceria outras vezes com o Guilherme, pessoa com que me relacionei por dois anos e que estava sempre inventando algo novo.
Bom, essa postagem é para homenagear o casal Lili e Élcio. Eles não podem ver uma câmera e me fizeram de cobaia no meu aniversário. A cena deles brigando comigo para não me mexer, movendo velas pra lá e pra cá, foi hilária. O resultado foi este.









terça-feira, 17 de março de 2009

Diário da mamãe - Parte 1

Hoje foi de ir na ginecologista. A escolha foi na sorte, de acordo com o catálogo do plano de saúde. Assim sempre foram minhas escolhas de médicos e, na maioria das vezes, a sorte me ajudou.
A médica parecia ter a minha idade, o que choca num primeiro momento. Mas depois isso se torna uma vantagem. Sempre gostei de médicos jovens, pois eles ainda não ficaram entediados com a rotina da profissão, estão antenados com as novidades da Academia e me permitem uma maior liberdade na hora de conversar.
A consulta não foi perfeita. Minha irmã, que estava comigo, atentou para o fato da médica ter medido o meu peso quando eu ainda estava de roupa. Ela também não me aconselhou a tomar vitaminas. Mas não sei se isso é suficiente para eu querer procurar outro médico.
Encontrei nela o que procurava: um atendimento atencioso e compatibilidade sobre o parto normal - ambas acreditamos que o parto normal só não é opção quando existem fatores naturais que o impedem. A doutora faz partos no Hospital das Clínicas. Mais um ponto para ela. No fim das contas, foi uma consulta cheia de risos de todas as partes, cada uma celebrando do seu modo o início de uma vida.
Agora vamos ver se a médica do ultra-som vai ser bacana. A experiência acontece nesta quinta-feira.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Meu amigo Marquinhos

Hoje recebi uma notícia que ainda estou tentando assimilar. Marcus Vinícius, meu grande amigo dos tempos de Coltec que chamava carinhosamente de Marquinhos, morreu hoje à tarde enquanto nadava na praia de Dunas de Itaúnas.
A última vez em que nos falamos foi sexta passada, no meu aniversário, quando ele me contou que estava curtindo férias no Espírito Santo com sua amada Brendinha. Ele ficou superfeliz com a notícia da minha gravidez e, mais ainda, quando lhe contei que cogitava o nome de Marcus Vinícius para meu filho. Combinamos que comemoraríamos a nova fase da minha vida neste fim de semana, quando eles voltariam a Belo Horizonte.
Não vou questionar os desígnios de Deus. O Marquinhos sabia nadar, entrou no mar inúmeras vezes. Sua vida foi destinada a ser curta, mas muuuuiiiito bem vivida.
Ô pessoa cheia de vida! Viver era tão importante para ele que dormir era apenas um detalhe. Ele viajou o Brasil inteiro, conheceu lugares maravilhosos na Europa, se apaixonou intensamente duas vezes, dançou, bebeu, curtiu. Ríamos muito juntos... e como! Tivemos um histórico de chapações, com direito até a boate gay entediante - não importava qual era a balada, se estivéssemos juntos. E isso ficou claro para a Brendinha, que sempre aceitou a minha presença próxima ao meu amigo.
Não me preocupo com ele. O Marquinhos era um espírita convicto, vai ficar tranquilo no outro lado. A minha grande preocupação são duas pessoas: sua namorada e sua mãe. Espero confortá-las assim como meu amigo me confortava.
O importante é que ele teve uma vida intensa, muito bem vivida. E sei que ele vai estar ao meu lado, cuidando do meu bebê. Afinal, sei que ele não vai querer perder as emoções pelas quais eu passarei como mamãe.

domingo, 8 de março de 2009

Obrigada

Todos meus amigos já me ouviram dizer em algum momento que não me dou lá muito bem nem com minha mãe nem com meu pai. Acho que só porque tenho algumas diferenças com os dois não os agradeço o suficiente.
Os dois me apoiaram em todas as escolhas que tive ao longo da minha vida. A minha autonomia e a independência foi uma conquista rápida junto a eles. Pude estudar onde quis, pude aproveitar as delícias dionísicas - com a fiscalização da dona Vera, é claro.
Com meu pai, desenvolvi meus gostos por leitura, cinema, história, futebol e Fórmula 1. Com minha mãe, aprendi a importância da bondade, da solidariedade, da alteridade, da união familiar. Os dois me passaram todas as bases para o meu sucesso escolar, para a maneira com que enxergo o mundo e para a minha visão otimista.
Por isso e pelo eterno apoio digo: obrigada!

Maternidade

Segunda-feira. Depois de uma noite mal dormida, encaro o tal pacote comprado no dia anterior. A tarefa é simples, mas parece complicadíssima. Ok. Basta fazer xixi no micropotinho e colocar ali a tal fitinha. Mas qual é o lado certo mesmo?
Na bula, fala-se em cinco minutos. Bastaram dois. Dois tracinhos rosas = positivo. Tremedeira, suadouro, arder no rosto, vergonha, vontade de voltar no tempo... o medo se concretizou. "Fazer o que... o jeito é seguir em frente", disse minha irmã. "Não, necessariamente", respondi. Dei a notícia ao outro interessado uma hora depois - uma hora bem longa, diga-se de passagem. Meu corpo tremia em todas suas extremidades enquanto dizia o que parecia brincadeira de mau gosto. Eram apenas 8h30 da manhã e o mês de março acabava de começar.
Combinamos de conversar à tarde, depois do meu trabalho, quando eu já teria o exame definitivo nas mãos.
Meu primeiro gasto como mãe: R$ 24 no cartão de crédito para o exame no Hermes Pardini. Resultado: Mais de mil (quem já viu um exame de gravidez sabe do que estou falando).
Sentamos no bar. "Preciso de saber de você. Eu não quero", afirmei. Sabia que ele não queria isso de jeito nenhum, senti necessidade de estar na mesma posição. "O que você decidir, vou te apoiar", ele respondeu, logo discursando sobre as impossibilidades dessa gravidez.
Ouvi atentamente, dando muita importância aos sentimentos dele. Em resumo, não poderíamos encarar algo assim, ambos sem grana, por causa de uma inconsequência de bêbados. Prometemos pensar na melhor forma de tirar, sem que eu corresse riscos.
No dia seguinte, ele me falou do Cytotec. Nem vou falar das coisas horríveis que li sobre este remédio na internet. Certamente essa não era uma opção. Em poucas horas, eu mesma descobri uma boa clínica e ele foi conferir se ela era boa. Sim, era segura e o procedimento foi marcado. Ali começava meu martírio.
Ok. Concordei com a opção que manteria minha vida do jeito que é. Mas o sofrimento foi muito grande. Somente outra mulher para entender. Tonturas e enjoos me diziam: existe uma vida dentro de você! E por mais que tudo indicasse que o melhor seria tirar, não consegui optar pela não vida. Não sei brincar de Deus, não quero escolher se alguém deve viver ou não. Se isso seria um assassinato, não sei, mas sentia que estava caminhando para isso.
A dúvida me perseguiu em cada minuto do meu dia. Mas senti a decisão se confirmar ao ver um tradicional pulo do Ramsés, meu gato, na minha cama. Ele se aproximou, pediu carinho, deitou ao meu lado - como acontece todos os dias. O amor que sinto por este pequeno ser me bateu de forma diferente: se amo incondicionalmente um gato desde o nosso primeiro dia juntos e isso me faz muito bem, imagine o amor que sentirei ao estar com meu filho, com alguém gerado no meu útero, com meus genes, que será amamentado em meus seios e tomará meus pensamentos pelo resto da minha vida.
Na quinta-feira, anuncio ao outro interessado a minha mudança de opinião. Sou corajosa e quero ter esta criança, apesar de todas as questões. Ele não concorda e faz o possível para me convencer a mudar de ideia. Não é mais possível, estou atisfeira com minha decisão. Nossas amigas tantam fazê-lo entender a minha posição, mas não tem jeito, ele já foi corroído por um extremo ódio por mim. Por minha causa, ele deverá rever seus gastos, por minha causa, ele terá que encarar "namorada" e família.
O apoio veio de vários lados. Minha mãe, minha irmã, minhas amigas. E acabo de receber um e-mail maravilhoso do meu pai, contando que, quando eu nasci, ele devia em três bancos e pôde contar com meu avô Joaquim para o meu nascimento - na Santa Casa de Itapetininga. Assim como ele contou com o sogro, eu posso contar com meu pai. Mais uma vez.
Estou decidida a não chorar mais, a não ter mais dúvidas. Agora devo continuar em busca de trabalhos, ir à faculdade, fazer um pré-natal bacana e sonhar com o meu futuro ao lado do Joaquim (se for menino, terá boas chances de receber o nome do meu avô). Ser mãe solteira não me assusta mais: minha amiga mais antiga nem mesmo conheceu seu pai, e nem por isso deixou de ser amada pela família e ser muito feliz. Ela é minha inspiração.
Sei que serei repreendida por expor publicamente essa minha história porque a outra pessoa ainda tem este fato como um segredo. Mas quer saber, embora ele tenha protagonizado meus desejos nos últimos 19 meses, ele não interfirirá mais em minhas decisões. Espero continuar a vê-lo como um amigo querido. Assim como compartilhamos boas emoções na intimidade e nas mais diferentes pistas de dança, quero compartilhar os momentos mais emocionantes que virão. Afinal, a partir de agora, minha maternidade não é mais uma questão; é, sim, um estado de felicidade.

sábado, 7 de março de 2009

Liquidificador

Não sei o que é mais assustador, imaginar que a nossa vida está traçada, antes mesmo de nascermos, ou é vivenciada apenas de acordo com nossas escolhas. Estou passando por um momento extremamente confuso; às vezes, sinto intenso medo, às vezes, sinto-me feliz, preparada para as mudanças que virão. Meio como um liquidificador onde jogaram todos os sentimentos possíveis e mandaram misturar.
Mas quem achou que a vida poderia ou deveria ser fácil? Para mim, pelo jeito, essa possibilidade não existe. Ok. Sei que fui eu quem escolhi de alguma forma todas as turbulências por que passei nesses 28 anos, mas o destino não tem facilitado muito. Mas com alguém é diferente?
Tenho passado por grandes dificuldades nos dois últimos anos, mas sinto-me menos depressiva do que era quando minha vida parecia perfeita. O tempo todo me deparo com tropeços, mas não deixo o bom humor de lado.
Quem preferiria ver a minha vida diferente hoje que e desculpe: vou novamente optar pela turbulência. Talvez ela até seja necessária para o meu bom humor - vai saber...

terça-feira, 3 de março de 2009

Esse tal de BBB

Difícil entender o que acontece com as escolhas do "público" no BBB. Sempre tem um chato que vai sempre para o paredão, mas o povo não quer tirar de jeito nenhum. Foi assim com a aeromoça Cida (PQP! Coitados dos que aguentavam) e com o chatérrimo Domini, que levou uma bolada, além de ter pegado a Sabrina Sato. Nesta nona edição, acaba de sair o cara mega gente boa, para de novo ficar a catarinense mala sem alça.
E mesmo com R$ 1 milhão em jogo, eu não queria estar naquela casa agora de jeito nenhum. Aquele tanto de mulheres juntas, sem homens para apaziguar os hormônios aflorados... Argh!

domingo, 1 de março de 2009

Humor e internet = dupla perfeita


Já percebeu como o humor se tornou um elemento mais presente em sua vida depois da chegada da internet? E-mails engraçados, às vezes, até cansam. Não vejo todos, somente os enviados por quem realmente sabe o que é engraçado - adoro os e-mails que o meu antigo amigo Marcelo Negão envia sempre. Leio e me divirto com todos.
Ah! Mas ainda temos os site engraçados. Dois deles dominam a minha preferência: Pérolas do Orkut (http://www.perolasdoorkut.com.br/) e Kibeo Loco (http://www.kibeloco.com.br/). Ambos são fundamentais para quem gosta de rolar de rir.
A imagem acima é uma prova do humor realizado no Kibe Loco. Eu fico com a letra d.

A ditabranda da Folha

O assunto já ficou velho, mas ainda gera discussão. Percebi isso ao ler agora um texto de desabafo de Pablo Vilaça em seu blog, no site do Cinema em Cena. Ele se mostra totalmente indignado com o fato da Folha chamar o Governo Militar de ditabranda em um editorial sobre Hugo Chávez. Em seguida, pode-se ver dezenas de posts discutindo o assunto. Bom, para explicar direitinho aos leitores deste singelo blog, segue um texto enviado pelo Comunique-se:


Intelectuais lançam manifesto contra a 'ditabranda' da Folha de S. Paulo
Em resposta ao editorial da Folha, publicado no último dia 17/02, em que classificou o regime militar vigente no Brasil entre 1965 e 1984 como uma “ditabranda”, um grupo de intelectuais lançou, no último sábado (21/02), um manifesto e abaixo-assinado em “repúdio à arbitrária e inverídica revisão histórica”.
“Ao denominar ‘ditabranda’ (...) a direção editorial do jornal insulta e avilta a memória dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratização do país. (...) O estelionato semântico manifesto pelo neologismo ditabranda é, a rigor, uma fraudulenta revisão histórica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensão das liberdades e direitos democráticos no pós-1964”, diz o manifesto.
O documento também critica a posição da Folha que chamou de “cínica e mentirosa” a indignação dos professores Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fábio Konder Comparato. Os dois enviaram cartas à redação, que foram publicadas no Painel do Leitor do dia 20/02. A resposta da redação aos dois foi criticada até pelo Ombudsman do jornal, Carlos Eduardo Lins da Silva, que, normalmente, não avalia as opiniões publicadas.
“Um editorial com referência ao regime militar brasileiro provocou cartas publicadas no ‘Painel do Leitor’. Resposta da Redação a duas delas na sexta fogem do padrão de cordialidade que julgo essencial o jornal manter com seus leitores”, afirmou o ombudsman em sua coluna no último domingo.
Entre os intelectuais que assinam o manifesto estão nomes de destaque, como o do professor aposentado da USP Antônio Cândido; dos professores da USP Dalmo de Abreu Dallari e Emir Sader; e do diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, Michel Löwy. Até o momento, a petição online conta com 3.116 assinaturas.
As vozes contrárias ao editorial encontraram apoio no editor de Brasil da Folha, Fernando de Barros e Silva. Em
artigo publicado na última terça-feira (24/02), sob o título de “Ditadura, por favor”, o jornalista afirma que a posição do jornal em classificar o regime militar como “ditabranda” é “mais do que um erro, um sintoma de regressão”.“Algumas matam mais, outras menos, mas toda ditadura é igualmente repugnante. Devemos agora contar cadáveres para medir níveis de afabilidade ou criar algum ranking entre regimes bárbaros?”, questiona Barros e Silva.
A direção da Folha não se manifestou.


O assunto é grave pois não envolve apenas a criação do termo ditabranda, mas nos força a refletir a grande imprensa nacional.
Sou leitora da Folha de S. Paulo há muitos anos, mas admito que deixei de gostar tanto deste jornal já a algum tempinho. Para começar, a Ilustrada não é mais a mesma. O caderno deixou de buscar a reflexão para procurar, apenas, o vendável. A Ilustrada perde de dez a zero para o Caderno 2 do Estadão e já está sendo passada pelo Caderno 2 do Globo.
Mas a minha decepção com o maior jornal do Brasil se concretizou na última eleição presidencial, quando ficou muito clara a sua tendência editorial para o PSDB. Nada contra um jornal ter posicionamento político, mas isso deve ser feito claramente. Tenho o manual de redaçao da Folha em casa e sei que as diretrizes da empresa não lhe permitem optar por um lado, mas sempre buscar a imparcialidade. Enquanto o Estadão se comporta como um veículo conservador, de maneira assumida (o que respeito), a Folha se coloca como um jornal moderno e se mostra um local chefiada por homens direitistas ao usar o termo (extremamente infeliz) ditabranda.
Não deixarei de ler a Folha, assim como deixei de ler a Veja há nove anos - sim, eu sou radical, não leio a Veja sob hipótese alguma. Mas estarei sempre atenta a posicionamentos reacionários, cada vez mais comuns neste jornal.