sábado, 21 de novembro de 2009

Diário da mamãe - Parte 28

Estava assistindo a um programa na Rede Minas chamado "Papo de Mãe". Um assunto dominava a pauta da atrãção: parto. Falou-se sobre doula, parto normal, partos feitos por policiais, acompanhamento dos pais etc.
Acho engraçado que esse assunto gere tanta conversa. O meu parto foi tão simples que não enxergar alguma complexidade em relação a isso, sejam as frescuras que levam ao parto cesariano, sejam as frescuras do parto natural.
Para se ter um filho, não é preciso gastar rios de dinheiro, não é preciso fazer um megaplanejamento. Afinal, como será o seu parto, só Deus sabe. A minha irmã não tinha plano de saúde, mas fez questão de ter seu filho em hospital particular e com parto normal. Gastou uma nota com quarto, anestesista e todo o blablablá de um hospital. Tudo para ter o parto dos sonhos. Mas a vida lhe preparou uma cilada e a dilatação não veio. Pedro teve sofrimento fetal e a Thais teve de encarar uma cesária de emergência. Um enorme sofrimento.
Já eu, que tinha plano de saúde, preferi ter a Catarina em hospital público, por desejar o parto normal (coisa muito rara em hospitais particulares). Como acho que o parto depende da mulher e não do médico, não fiz questão de pagar a minha ginecologista para que fizesse o parto. Não vi problema nenhum em ter de encarar o plantão. Mas frente a essa decisão, tive que escolher bem o hospital. Optei então pelo Hospital das Clínicas, onde haveria o incentivo para o parto normal e onde haveria um quarto particular bancado pelo plano de saúde. Além disso, por lá não haveria uma pressão xiita como há no Sofia Feldman, por exemplo. No HC, não há nada muito diferente como uma banheira. Melhor assim. Sinceramente, sou mais a anestesia do que o chiquérrimo parto na água.
Minha escolha não podia ser melhor. Não gastei nada além das mensalidades do plano e tive o parto dos sonhos: rápido e com profissionais de excelente qualidade ao meu redor. E ainda tive a melhor doula do mundo: minha mãe. Nada como ter uma mulher que sabe como são as dores das contrações ao seu lado para tornar tudo mais fácil.
Como disse a uma amiga grávida semana passada: quando se trata de gravidez e parto, quanto mais simples, melhor. Nada de frescura ou muitas preocupações.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Diário da mamãe - Parte 27

Todo mundo que me conhece sabe o quanto odeio Manoel Carlos e suas novelas que retratam uma rotina da classe média alta do Leblon. Mas ontem fiquei um pouco mexida com a cena em que Helena contou para Marcos que estava grávida. Somente quem passou por uma situação parecida para imaginar o quanto dói receber palavras frias num momento tão delicado...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Diário da mamãe - Parte 26

Incrível como estou cada vez mais apaixonada pela minha gatinha. O tempo todo me pego olhando para ela, encantada com o mínimo de interação entre mãe e filha. Basta um pequeno sorriso, um balbucio, uma careta para eu me derreter completamente.
E olha que ela continua sem dormir direito na madrugada, me impedindo de descansar. Mas eu dormi muito durante a gestação. Tô com as baterias ainda bem cheias.
Para quem ainda não viu as fotos da Catarina, basta ir no www.flickr.com/cinthyaoliveira.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Diário da mamãe - Parte 25

A temida cólica chegou com tudo. Catarina tem reclamado de dores de barriga várias vezes ao dia. E de madrugada. Esta noite, ela acordou à 0h15 e não conseguiu mais dormir. Consequentemente, sua mãe também não. Foi muito difícil, mas já imaginava que isso aconteceria. Saber que isso acontece com todos e por muitas noites me amedronta e me conforta ao mesmo tempo. Isso faz parte da maternidade.
Se amamentar de madrugada é ruim porque estamos pregadas, morrendo de sono, o prazer oferecido por todas as outras mamadas compensam. Se é difícil ficar acordada, esperando pelo aguardado sono, cada momento agarradinhas no período diurno me fazem esquecer dos problemas.
Minha rotina está presa ao ambiente da minha casa, determinada pelas necessidades da Catarina, mas estou adorando. Muito mais do que imaginava. Não tenho como ir nem mesmo ao supermercado ou ao sacolão, não posso preparar algum almoço mais complicado. Mas nem tô ligando. Terei a vida toda para fazer o que estou acostumada. Já curtir a minha nenenzinha 24h por dia é algo que só posso vivenciar agora. Daqui a pouco, ela vai crescer, vai para o berçário, enquanto eu estarei trabalhando, tentando não pensar nela o tempo todo.
Por isso, nem posso reclamar da noite em que não dormi.

sábado, 7 de novembro de 2009

Diário da mamãe - Parte 24

Ela veio ao mundo com 3,450 kg e 51,5 cm. Não é enrrugadinha como os outros bebês e talvez por isso esteja deixando todo mundo boquiaberto com tanta beleza. A cada dia que alguém vem conhecer Catarina, fico radiante ao ver o quanto ela desperta admiração.
Aqui em casa ela é paparicada o tempo todo. Minha mãe não se cansa de cuidar da netinha, enquanto minha irmã fica olhando cada detalhe, tentando descobrir o que veio dos genes da família Carlos e o que pode ser herança do pai. Assim como eu, ela pôde observar que há pouco de mim na princesinha. Olhos, nariz, mãos, orelhas, cor da pele... tudo nela lembra seu pai.
A família de lá também está babando. A avó ficou radiante desde o primeiro momento em que soube do nascimento da primeira netinha. O tio ficou hipnotizado, babando pela sobrinha por muitos minutos. Sem falar na Clarice, prima/tia da Catarina que adivinhou tudo: que o trabalho de parto seria rápido, que ela nasceria branquinha com cabelo escuro...
Lindo também observar a reação dos meus amigos. Foram tantas visitas no hospital e outras tantas que virão... A dinda Carol não pára de nos mimar, o dindo Chico liga sempre para ter notícias da Catarina. A Claudia Pedrosa fez questão de trazer picão para ajudar a acabar com a icterícia e está de prontidão para trazer outras ervas, caso precisemos. A Claudia Rezende ficou tão apaixonada pela neném, que escreveu um texto lindo que já reproduzi neste blog.
Vê-la receber tanto amor dos meus amigos me faz lembrar o quanto eu sou amada e sortuda por ser rodeada de tantas pessoas especiais. Espero que Catarina tenha a mesma sorte de encontrar pessoas especiais em sua vida.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Tia coruja

Catarina chegou ao mundo rodeada de corujas. Além da família, ela já é muito amada pelos amigos e amigas da mamãe. É o caso da Claudinha, grande amiga que acompanhou toda a minha gestação de pertinho, desde os enjoos dos primeiros meses até os desconfortos dos últimos. Em seu blog, a tia corujona escreveu um texto lindo, que reproduzo abaixo:

Para Catarina
Era manhã do dia 26 de outubro. Ela chegou depois de 39 semanas bem guardadinha dentro do útero de sua mãe, uma mulher admirável. Essa pequena veio da forma mais tranquila. Não deu muito trabalho. Como disse a mãe, "foi muito rápido". Parto normal, sem dificuldades. Parece que ela estava ansiosa para chegar a esse mundão. O recado para a mamãe, talvez seja: "Vim para te fazer feliz!". E, no rostinho alegre da mãe, é o que se vê: FELICIDADE. Nem parece que está de resguardo. Nada do mau humor da semana anterior, quando a barriga pesada incomodava, o calor sufocava, a falta de lugar tirava a paciência...E que menina linda!!! Não tem essa história de que bebê é tudo igual. Cada bebê é de um jeito. E você é linda. Cabeludinha, bochechuda, linda, linda, linda. Mãozinhas, pézinhos, corpinho. Tudo tão perfeito! Não me canso de dizer para todo mundo o quanto você é linda e "gotosa", como brinco.Para você, todas as melhores coisas do mundo. Que você seja muito feliz, que enfrente esse mundão com toda a coragem e alegria que sua mãe enfrenta. Que você herde dela toda a determinação, inteligência, bom humor, sagacidade, vontade de viver e beleza. Que você curta a vida como sua mãe e que tenha amigos que a amem, como amamos sua mãe. Quando você entender melhor as coisas, vai encher seu coração de orgulho por ter a mãe, a avó e a tia que tem. Você nasceu em uma família maravilhosa. É privilegiada e será sempre muito amada.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A chegada de Catarina

Depois de tentar de tudo para estimular o parto, decidi relaxar e passar o dia em frente à televisão. Domingão, o jeito era ficar zapeando, tentando me distrair com aquela programação terrível da TV. E não é que as primeiras cólicas apareceram no meio da tarde? Até a noite, as dores aumentaram, mas ainda não dava para dizer que eu entraria em trabalho de parto em pouco tempo. Poderiam ser falsas contrações. À meia-noite, decidi tentar dormir. Com Radiohead no ouvido, apenas cochilei. À 1h30, acordei com dores mais fortes e entendi que Catarina viria em algumas horas. Só não sabia quantas horas seriam.
Avisei à minha mãe que estava sentindo contrações, mas ainda fracas, e deitei novamente. Foi quando tive a impressão de que minha bolsa havia rompido. Acordei minha irmã, liguei para a médica e me preparei para ir para o hospital. Na dúvida, era melhor correr para lá. Lá pelas 3h, começou a minha avaliação. Ninguém no Hospital das Clínicas acreditou que eu estava em trabalho de parto real, principalmente porque ainda não demonstrava reações de dor desesperadora. Mas como havia dúvida sobre o rompimento da dor, a médica me aconselhou a esperar por mais uma hora, para observar a evolução da minha dilatação e das minhas contrações.
Por uma hora, senti as contrações aumentarem e acontecerem em intervalos mais curtos. Tudo acontecia de uma maneira muito veloz e o sofrimento me deixava cada vez mais inquieta. Às 4h30, depois de vomitar por duas vezes e gemer muito com as dores, a médica decidiu me internar. O problema é que o convênio só aprovaria a internação às 7h. Enquanto isso, fiquei sentada na sala de exames do pré-parto, implorando por uma cama, onde pudesse sofrer deitada.
OK, a cama veio. Mas não trouxe conforto. As contrações são muito fortes independente da posição. Nada serve como alívio.
Antes mesmo do relógio marcar 6h, implorei para que a médica verificasse a minha dilatação, pois eu tinha certeza de que a coisa estava bem avançada. A cara de susto da médica foi impressionante. Eu já estava com quase 7 cm de dilatação e a troca de plantão estava próxima. Senti que ela ficou apreensiva, torcendo para que o parto não acontecesse antes da chegada dos outros médicos.
Às 7h, minha dilatação era de 9,5 cm. Era hora de ir para o bloco e preparar o parto. Eu não parava de pedir pelo anestesista, com medo de que o parto acontecesse antes de sua chegada. Ele estava atrasado, mas chegou a tempo. Toda tensão e dor intensa foram embora com a anestesia. Depois disso, a dor não era mais um problema, mas sim a ansiedade.
E tudo deu certo no fim das contas. Às 8h42, numa sala de parto lotada de médicos, residentes, estudantes e minha mãe, Catarina nasceu. Indescritível a emoção de ouvir a mãe dizendo que a cabecinha dela estava aparecendo... aos risos, senti o corpinho dela sair de mim. De repente, só ouvi todo mundo me mandando levantar para vê-la. Depois de nove meses de expectativa, lá estava eu vendo a carinha mais bochechuda do mundo! E como chorava!...
"É o joelhinho mais lindo do mundo!", eu disse. Os médicos todos ficaram sem entender por que eu havia dito aquilo. "Uai, todo neném tem cara de joelho, não?" Respondi a todos. Em pouquíssimo tempo, lá estava eu fazendo piadinha com todos médicos e enfermeiros que estavam por perto. Enquanto as médicas costuravam meu perínio, eu teorizava sobre a vergonha que algumas mulheres sentem de mostrar sua vagina na Playboy. "É que nunca tiveram filho", brinquei.
O Hospital das Clínicas estava lotado e passei o dia todo no pré-parto, esperando por um quarto. Nem liguei. Nada estragaria minha felicidade. Como tive o único parto do dia, todo o pessoal do plantão nos paparicou. Os elogios eram muitos. Ou minha filha é realmente linda, ou as pessoas sempre mentem frente a um bebê.
O parto foi bacanérrimo, mas não pudemos ir para casa rapidamente. Como sou O+ e Catarina é A+, houve uma incompatibilidade sanguínea entre nós e a neném teve icterícia. Depois de banhos de luz e paciência para aguentar a limitação de um quarto de hospital, recebemos a alta no sábado, cinco dias depois do nascimento da minha lindinha. Agora estamos aprendendo os segredos da relação entre mãe e bebê. É cansativo, não há como negar. Mas isso não tem a menor importância.