segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A chegada de Catarina

Depois de tentar de tudo para estimular o parto, decidi relaxar e passar o dia em frente à televisão. Domingão, o jeito era ficar zapeando, tentando me distrair com aquela programação terrível da TV. E não é que as primeiras cólicas apareceram no meio da tarde? Até a noite, as dores aumentaram, mas ainda não dava para dizer que eu entraria em trabalho de parto em pouco tempo. Poderiam ser falsas contrações. À meia-noite, decidi tentar dormir. Com Radiohead no ouvido, apenas cochilei. À 1h30, acordei com dores mais fortes e entendi que Catarina viria em algumas horas. Só não sabia quantas horas seriam.
Avisei à minha mãe que estava sentindo contrações, mas ainda fracas, e deitei novamente. Foi quando tive a impressão de que minha bolsa havia rompido. Acordei minha irmã, liguei para a médica e me preparei para ir para o hospital. Na dúvida, era melhor correr para lá. Lá pelas 3h, começou a minha avaliação. Ninguém no Hospital das Clínicas acreditou que eu estava em trabalho de parto real, principalmente porque ainda não demonstrava reações de dor desesperadora. Mas como havia dúvida sobre o rompimento da dor, a médica me aconselhou a esperar por mais uma hora, para observar a evolução da minha dilatação e das minhas contrações.
Por uma hora, senti as contrações aumentarem e acontecerem em intervalos mais curtos. Tudo acontecia de uma maneira muito veloz e o sofrimento me deixava cada vez mais inquieta. Às 4h30, depois de vomitar por duas vezes e gemer muito com as dores, a médica decidiu me internar. O problema é que o convênio só aprovaria a internação às 7h. Enquanto isso, fiquei sentada na sala de exames do pré-parto, implorando por uma cama, onde pudesse sofrer deitada.
OK, a cama veio. Mas não trouxe conforto. As contrações são muito fortes independente da posição. Nada serve como alívio.
Antes mesmo do relógio marcar 6h, implorei para que a médica verificasse a minha dilatação, pois eu tinha certeza de que a coisa estava bem avançada. A cara de susto da médica foi impressionante. Eu já estava com quase 7 cm de dilatação e a troca de plantão estava próxima. Senti que ela ficou apreensiva, torcendo para que o parto não acontecesse antes da chegada dos outros médicos.
Às 7h, minha dilatação era de 9,5 cm. Era hora de ir para o bloco e preparar o parto. Eu não parava de pedir pelo anestesista, com medo de que o parto acontecesse antes de sua chegada. Ele estava atrasado, mas chegou a tempo. Toda tensão e dor intensa foram embora com a anestesia. Depois disso, a dor não era mais um problema, mas sim a ansiedade.
E tudo deu certo no fim das contas. Às 8h42, numa sala de parto lotada de médicos, residentes, estudantes e minha mãe, Catarina nasceu. Indescritível a emoção de ouvir a mãe dizendo que a cabecinha dela estava aparecendo... aos risos, senti o corpinho dela sair de mim. De repente, só ouvi todo mundo me mandando levantar para vê-la. Depois de nove meses de expectativa, lá estava eu vendo a carinha mais bochechuda do mundo! E como chorava!...
"É o joelhinho mais lindo do mundo!", eu disse. Os médicos todos ficaram sem entender por que eu havia dito aquilo. "Uai, todo neném tem cara de joelho, não?" Respondi a todos. Em pouquíssimo tempo, lá estava eu fazendo piadinha com todos médicos e enfermeiros que estavam por perto. Enquanto as médicas costuravam meu perínio, eu teorizava sobre a vergonha que algumas mulheres sentem de mostrar sua vagina na Playboy. "É que nunca tiveram filho", brinquei.
O Hospital das Clínicas estava lotado e passei o dia todo no pré-parto, esperando por um quarto. Nem liguei. Nada estragaria minha felicidade. Como tive o único parto do dia, todo o pessoal do plantão nos paparicou. Os elogios eram muitos. Ou minha filha é realmente linda, ou as pessoas sempre mentem frente a um bebê.
O parto foi bacanérrimo, mas não pudemos ir para casa rapidamente. Como sou O+ e Catarina é A+, houve uma incompatibilidade sanguínea entre nós e a neném teve icterícia. Depois de banhos de luz e paciência para aguentar a limitação de um quarto de hospital, recebemos a alta no sábado, cinco dias depois do nascimento da minha lindinha. Agora estamos aprendendo os segredos da relação entre mãe e bebê. É cansativo, não há como negar. Mas isso não tem a menor importância.

3 comentários:

  1. Gente,... quer dizer que a Catarina tem o mesmo tipo sanguíneo que eu!?


    Parabéns pra vocês duas! Felicidades!

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  2. Simplesmente emocionante... Meus parabéns!

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  3. Ei Nova Mamãe, Parabéns! Ela realmente é linda!

    Não deu para ir nesse feriado, mas talvez no próximo fim de semana eu vá dar um beijão nas duas.

    Bjocas e nos conte mais como está sendo tudo.

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