Não sei se um autor mexeu tanto comigo quanto José Saramago. Não me canso de ficar impressionada com a genialidade deste senhor ateu, marxista e português. A leitura de seus livros não oferece uma dificuldade tão grande quanto "Grande Sertão" ou "Os Sertões", mas admito que pede uma dedicação intensa.
Saramago é criador de uma forma única de narrativa que muitas vezes pode assustar o leitor. Eu o conheci por meio de "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", uma obra-prima impressionante, que fez o meu queixo cair a cada capítulo lido. Saramago é o maior ateu da atualidade e, mesmo assim, um dos maiores conhecedores da Bíblia que existem sobre a Terra. Neste livro, o autor subverte todos os acontecimentos do Novo Testamento ao humanizar a figura de Jesus Cristo. Impossível não se intrigar com as dúvidas do filho de Deus e das motivações de seu pai. Marcante também a maneira com que ele constrói Maria Madalena, a verdadeira santa do seu livro. Não foi nada fácil terminar "O Evangelho", mas valeu muito a pena ser persistente.
Quando parti para outro livro de Saramago, a leitura foi bem mais tranquila. Já estava acostumada com a estrutura de seu texto e com sua forma de expor o pensamento sobre o mundo. A obra, porém, não era tão genial quanto "O Evangelho", embora fosse também muito intrigante. "As Intermitências da Morte" é um ensaio curiosíssimo sobre o que aconteceria no mundo caso a morte entrasse em greve.
"O Ensaio sobre a Cegueira" foi puro deleite, mesmo sendo um livro que causa repugnância a qualquer leitor. Com a simples ideia de como seria o mundo se todos, de repente, ficassem cegos, Saramago fez um ensaio sobre tudo o que há de mais podre na humanidade. Não foi à toa que Fernando Meirelles teve de cortar cenas fortes de seu filme, pois seria muito complicado ter sucesso nas bilheterias com um teor tão obscuro.
domingo, 25 de outubro de 2009
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Uma pedra no charco que não agrada aos conservadores
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