quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ótimos ensaios de Peter Burke

Segue texto publicado hoje no caderno de Cultura do Hoje em Dia, em que falo sobre o novo livro do historiador inglês Peter Burke:


Conhecido como um dos principais nomes da História Cultural – corrente historiográfica que tem dominado as universidades de todo o mundo nas últimas duas décadas – Peter Burke angariou um grande número de fãs no Brasil graças à sua coluna bimestral no caderno Mais! da Folha de S. Paulo. Por meio de textos leves e apaixonantes, Burke mostra ao leitor como a diversidade cultural que observamos em nosso cotidiano anda de mãos dadas com os conhecimentos que, aparentemente, estão restritos aos historiadores. O sucesso do autor entre brasileiros é tão grande que a editora Civilização Brasileira decidiu reunir todos os textos publicados nos últimos 14 anos no livro “O historiador como colunista – Ensaios para a Folha”, que acaba de chegar às livrarias.
Embora os ensaios tenham sido escritos de Cambriedge – onde mora e trabalha o autor – eles nunca expressam uma visão eurocêntrica. Pelo contrário, Burke se revela um grande conhecedor da cultura dos povos americanos, especialmente o Brasil – até mesmo porque é casado com a historiadora brasileira Maria lúcia Garcia Pallares-Burke.
A prova disso está na recorrência da cidade de São Paulo nos ensaios. No delicioso texto “Primeiras impressões de um inglês no Brasil”, o historiador levanta as diversas discrepâncias entre a cultura de seu país e a megalópole que desbrava sempre que vem visitar a família de sua esposa. O cheiro doce da fumaça exalada pelos carros movidos à álcool, o aprendizado da língua portuguesa oral por meio das telenovelas, a surpresa em observar a divulgação do valor do dólar paralelo, a descoberta do nosso “jeitinho” são algumas novidades que despertaram o questionamento de um homem adaptado às formalidades e à rigidez do universo acadêmico britânico. O fascínio pela maior cidade do Brasil ainda aparece em outros ensaios da obra – como os textos em que debate a apropriação das praças públicas pelos moradores de uma cidade ou em que mostra a questão do lixo como um fato historicamente complexo.
Membro da British Academy, Burke também revela seus conhecimentos sobre o Brasil ao escrever sobre os dois principais nomes da historiografia brasileira: Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre. No ensaio “Sérgio Buarque e a história total”, ele afirma que o autor de “Raízes do Brasil” tinha interesses diversos, mas que podia-se observar uma unidade em sua produção intelectual e no direcionamento de sua carreira. Já em “Don Fernando e seu Gilberto, um contraponto”, o historiador inglês faz uma bela comparação entre o autor de “Casa Grande e Senzala” e o sociólogo cubano Fernando Ortiz (dono de um famoso trabalho em que compara a produção do tabaco com a do açúcar). O interessante é como os dois são complementares aos olhos de Burke.
Os 65 ensaios de “O historiador como colunista” foram divididos em quatro capítulos: as variedades da biografia (em que escreve sobre intelectuais como Gaudí, Ernest Gombrich, Eric Hobsbawn, Michel de Certeau, entre outros), ideias e mentalidades (em que debate pensamentos coletivos, referentes a épocas determinadas), história social do cotidiano (em que discorre sobre roupas, futebol, fofocas, lixo e presentes) e lendo a cultura (sobre a relação entre leitura e cultura).
Cada capítulo recebeu um texto introdutório em que o autor dá lições simples de teoria da história e historiografia. Ao abrir o segundo capítulo, por exemplo, Burke explica de forma bastante didática a diferença entre a história das mentalidades idealizada pela Escola dos Annales (corrente francesa que influenciou o trabalho historiográfico mundial depois da Segunda Guerra Mundial) e a história das ideias de Quentin Skinner. Embora a primeira se preocupe com as permanências (o foco são os pensamentos que se enraizaram nas sociedades) e a segunda com os fatos e as personalidades, Burke não coloca as duas correntes em campos opostos. Eles as considera complementares e essenciais à prática do historiador.
Embora não haja um ensaio específico sobre sua formação, Burke deixa pistas de suas principais influências no decorrer dos textos presentes neste livro. Não é à toa que o nome de Fernand Braudel é citado dezenas de vezes, sem que o autor faça um ensaio específico sobre o historiador francês. Ao se referir sempre ao autor de “O Mediterrâneo”, Burke revela a grande influência deixada pelos Annales em sua obra e nos trabalhos desenvolvidos pelos seguidores da História Cultural.
Pe biografico: "O historiador como colunista - Ensaios para a Folha". Editora Civilização Brasileira, 322 páginas, R$ 40. Tradução de Roberto Muggiati.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Funcionário 2.0

Confiram a minha matéria que nós publicamos semana passada:

Os jovens que estão chegando ao mercado neste momento possuem um perfil muito diferenciado das gerações anteriores. Chamados de nativos digitais, eles têm contato com o computador e a Internet desde a infância e veem o mundo de forma totalmente diferenciada. Seu repertório intelectual não está relacionado apenas aos livros, suas redes de amizade não existem apenas no universo real. O intenso contato com o mundo virtual influencia os hábitos e pensamentos dessas pessoas de tal forma que o mercado de trabalho precisa se preparar para recebê-las da maneira mais eficiente possível.
De acordo com a gerente responsável por Recursos Humanos da empresa de consultoria Everis Brasil, Tabatha Dutra, as empresas ainda não estão preparadas para receber os nativos digitais entre seus funcionários. "Eles chegaram nas companhias causando muito tumulto, principalmente entre as lideranças, que não estão adaptados para trabalhar com essa geração. Os jovens chegam ao mercado dominando todas as ferramentas da Internet e se deparam com políticas empresariais que bloqueiam vários sites", afirma Tabatha.
Segundo a consultora, nas empresas em que os nativos digitais já estão atuando, pode-se notar transformações como a mudança na percepção da privacidade (pois em muitos casos a identidade pessoal está ligada à informação digital, com uso de redes sociais) e a necessidade de maior autonomia por parte dos subordinados.
Para não deixar que as vantagens trazidas pelos nativos digitais se percam em regras ultrapassadas, os empresários precisam investir num serviço de coaching, que irá orientá-los sobre como lidar com o novo perfil de funcionário. "Mostramos aos líderes como podem extrair o melhor desses jovens. Reavaliar a visão sobre as tecnologias é fundamental. As empresas veem as mídias sociais como distração e não entendem como podem ser importantes ferramentas para trocas de informações", diz Tabatha.
Como exemplo de profissional que pode ter seu trabalho beneficiado pelo acesso livre da Internet, a consultora cita os programadores de sistemas. "Esses profissionais dependem de códigos para realizar seus trabalhos. Se eles não têm um manual à mão, pode acessar a Internet para fazer um download ou receber a orientação de algum colega por meio de um site de relacionamentos", explica.
Por buscar soluções de forma dinâmica, utilizando todas as ferramentas que estão disponíveis na Web, o nativo digital se revela como um profissional que consegue resolver questões com uma velocidade maior do que as pessoas mais experientes. Por isso, é fundamental que as empresas potencializem o trabalho do jovem internauta no cotidiano, em vez de reprimi-lo com impedimentos.
Universidades estão atentas a essa novidadeDe acordo com Tabatha, os nativos digitais geralmente são jovens que nasceram nos anos 1990 e cresceram rodeados por computadores, laptops, Internet, celulares, etc. Porém, o termo engloba qualquer indivíduo que interage de forma natural com a tecnologia, independentemente da idade.
O impacto causado pela chegada dos nativos digitais ao mercado de trabalho é tão grande que o assunto já está sendo tratado nas universidades. No meio acadêmico, há um debate sobre os métodos e a forma de educação para esses estudantes, já que muitos dominam as novas ferramentas tecnológicas melhor que seus próprios professores.
"Esses jovens chegam numa companhia muito dispostos a aprender. Mas a absorção de informações é muito rápida e dinâmica. Assim, quando o nativo digital já adquiriu o conhecimento, ele logo quer um novo desafio. Se a empresa não souber lidar com essa avidez por novidades, corre um grande risco de perder um ótimo talento. Isso porque esses jovens ficam à disposição do mercado quando estão insatisfeitos no trabalho", explica Tabatha, completando que os jovens procuram por ambientes de trabalho receptivos, pois costumam priorizar a qualidade de vida ao definir seus objetivos profissionais.
Uma das dificuldades que os chefes encontram ao se deparar com os nativos digitais é a capacidade que esse novo funcionário tem de realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo. "Os gestores de 42 a 60 anos tendem a ser muito egocêntricos e gostam de centralizar o trabalho. Não aceitam muito bem a multitarefa. Por isso, precisamos mostrar às companhias a importância em descentralizar as informações e disseminarem melhor o poder", diz.
Gestor não deve se sentir ameaçado
É natural que gestores e chefes sintam-se amedrontados com a presença de um subordinado dinâmico e bem informado. Segundo Tabatha, é comum ver profissionais experientes inseguros, receosos de perder seus empregos para os mais jovens. Por isso, eles se mostram fechados às mudanças.
"O jovem chega na empresa com sede de aprendizagem e cheio de novas ideias e novas propostas. Isso pode ser encarado como uma ameaça para o gestor. Cabe à empresa mostrar às chefias que o nativo digital não é uma ameaça, mas pode trazer uma potencialização para aquele determinado setor e da companhia como um todo", afirma a gerente de RH.
A consultora conta ainda que costuma orientar seus clientes a acompanharem de perto a produtividade dos funcionários mais jovens, observando como o rendimento aumenta conforme é dado a eles uma maior liberdade de ação. "Normalmente, os empresários visualizam os resultados e passam a aceitar as novas formas de trabalho".
Mas não basta ficar atento ao retorno dado pelo nativo digital em relação ao que já existe na empresa. É importante pensar em mudar a infraestrutura, oferecendo ainda mais estímulos aos funcionários.
"Se os empregados estão cada vez mais acostumados ao uso dos ambientes virtuais e das ferramentas colaborativas, por que não usá-los de forma efetiva, permitindo reduzir custos em reuniões e em cursos de formação? Se há trabalhadores já habituados ao uso de novos dispositivos móveis, não haveria a possibilidade de implantar soluções de mobilidade e de trabalho remoto?", questiona a consultora.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Fim dos feriados?

Recebi um release semana passada que me deixou um tiquinho indignada. Assinado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o Brasil vai perder R$ 150 bilhões com as paralisações dos feriados (o texto está aí embaixo).
Primeiramente, gostaria de entender qual é o motivo do release. A Firjan quer acabar com os feriados?
Segundo, acredito que a Firjan não vê o turismo como uma indústria, mesmo que empregue milhões de pessoas direta e indiretamente, formal e informalmente, em todo o Brasil. A cidade do Rio de Janeiro é um bom exemplo de local em que muitos serviços dependem de fins de semana e feriados (restaurantes, bares, vendedores, ambulantes etc). Sem feriados, como fazemos turismo?
Terceiro, gostaria de saber se alguém se importa em ver o Brasil crescer menos por conta de feriados. Eu, por exemplo, prefiro ter o PIB que temos e descansar nos feriados, em vez de ver o Brasil produzir mais e mais, sem que as pessoas possam se dar ao luxo de curtir uma viagenzinha. Do jornalista que escreveu o release aos diretores da Firjan, todo mundo gosta de um descansinho. Afinal, quem não gosta?


Brasil perderá 150,7 bilhões com os feriados em 2010

Estudo da Firjan mostra que a economia deixará de produzir até 13,8 bilhões por cada feriado

Rio, 18 de fevereiro de 2010

O Brasil vai perder R$ 150,7 bilhões, ou 4,4% do PIB do país com as paralisações nos 12 feriados nacionais e em todos os estaduais em 2010. De acordo com a Nota Técnica de Custo Econômico dos Feriados, divulgada nesta quinta, dia 18, pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) o valor diário estimado para as perdas por dia parado, em 2009, foi de R$ 12,5 bilhões. Para 2010, com a correção e o crescimento previsto do PIB, esse valor aumenta para R$ 13,8 bilhões. Assim, chega-se ao valor de R$ 150,7 bilhões – ou seja, no Brasil perde-se um PIB a cada 23 anos por conta dos feriados. Tal montante equivale a, aproximadamente, sete vezes o orçamento do PAC para 2010

Em 2009, a economia brasileira conviveu com um número excessivo de feriados em dias úteis, o que contribui para agravar os impactos negativos da crise mundial. De acordo com a estimativa, o País perdeu, em 2009, até R$ 12,5 bilhões em cada feriado nacional e um total de R$ 150,7 bilhões. Este ano o cenário se repete e retoma a discussão sobre o tema na medida em que cinco feriados nacionais, pontos facultativos e enforcamentos ocorrerão nas terças-feiras e quintas-feiras.

Rio tem mais um feriado e perdas chegam a 4,2%

No caso específico do Estado do Rio, a perda bruta diária chega a R$ 1,5 bilhão em 2010, e as perdas para o ano, a R$ 17 bilhões – ou 4,4% do PIB/RJ. O estado do Rio de Janeiro contabiliza o adicional de mais um dia parado quando comparado aos demais estados, devido à inclusão do Dia de São Jorge, em 23 de abril. Dessa forma, cada dia de feriado custou ao estado fluminense R$ 1,4 bilhões no ano passado e representará R$ 1,5 bilhões em perdas em 2010

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Reflexão de Carnaval

Pensamento de Carnaval:

Se Carnaval é sentir um calor infernal, dormir mal, subir ladeira, ouvir axé e ganhar cantadas de bêbados suados, prefiro trabalhar e ganhar um dinheirinho extra no fim do mês.

O quanto odeio a Beija-Flor

Adoro acompanhar, desde pequenininha, os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Acho que é um espetáculo fantástico e espero um dia conferir isso de perto. Mas em 2010, está difícil assistir algo, já que tenho que dormir cedo por conta de Catarina e porque estou cansadíssima por causa do plantão. Ontem assisti apenas ao desfile da Unidos da Ilha.
Mas hoje acompanhei atenciosamente a cobertura feita pelo Bom Dia Brasil e fiquei irritada novamente com algo que acontece todos os anos: a Globo privilegia a Beija-Flor. A escola de Nilópolis pareceu ter tido o desfile mais sem graça da noite e, mesmo assim, mereceu três chamadas, reportagem separada das outras, e participação de dois membros no estúdio da emissora. Fora as eternas participações nos BBBs e programas da rede. Em tempos de Carnaval, Neguinho da Beija-Flor aparece mais na Globo do que Suzana Vieira.
Não sei a quem esse privilégio todo influencia. Provavlemente aos jurados da Sapucaí, que sempre dão ótimas notas à Beija-Flor, escola que há anos só faz desfile pagos por prefeituras. Mas o público revela outras preferências - mesmo que a Globo não mostre isso claramente. A Mangueira, escola dos maiores mestres da música carioca, continua a ser a preferência nacional. A Portela, embora não ganhe nada há muitos anos, também tem fiéis seguidores, assim como a Mocidade de Padre Miguel com sua bateria irrepreensível. E nos últimos anos, a Unidos da Tijuca tem deixado público e imprensa de queixo caído com a criatividade de Paulo Barros (este ano, o carnavalesco se superou com um show de mágica na comissão de frente). Estão todos tão ansiosos por um título dessa escola que nesta madrugada o pessoal cantou "É campeã! É campeã!"
A relação entre a Globo e a Beija-Flor ainda é um mistério para mim. Talvez seja porque era a escola de coração de Roberto Marinho (infelizmente a coisa funciona assim no jornalismo nacional). Só sei que o público da Sapucaí não cai sempre nessa conversinha dos jornalistas. E só sei que não aguento mais ver esse excesso de Beija-Flor na maior emissora do Brasil.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Minha matéria que saiu há uma semana no Caderno Classificados do Hoje em Dia:

RENDA MULTIPLICADA NA PÁSCOA

A Páscoa só acontece no dia 4 de abril, mas a produção de produtos alusivos à data já começaram a ser produzidos no país. A boa notícia é que a demanda por ovos de chocolate, doces e coelhinhos de pelúcia é tão grande que as possibilidades de ganho são ilimitadas para quem pretende investir no trabalho artesanal e diferenciado.
Há espaço no mercado até mesmo para quem nunca trabalhou com chocolate anteriormente. O investimento para se inserir nessa área não é tão alto. É preciso ter capital para a realização de cursos, comprar equipamentos (especialmente um micro-ondas) e matéria-prima (chocolate e embalagens).
E os lucros gerados pelo chocolate não ficam limitados à Páscoa. Ana Paula Souza Oliveira, 37, é um exemplo de quem transformou a produção de doces em profissão. "Eu já trabalhava com bolos e pães, mas, em 2001, descobri o chocolate. O meu marido me aconselhou a me especializar em uma coisa só e decidi ficar só com o chocolate, porque sinto um prazer enorme em trabalhar com isso", conta Ana Paula, que lucra, pelo menos, R$ 1.200 por mês com a produção. Em datas como Páscoa e Natal, sua renda é muito maior. "A demanda dobra a cada ano. Eu sempre crio novidades. A cada bombom novo ou a cada embalagem diferente que desenvolvo, comemoro muito. Por isso, estou sempre me reciclando" diz ela, que costuma buscar matéria-prima e realizar cursos na Maria Chocolate, especializada em atender aos artesãos desse setor.
Segundo Ana Paula, não é necessário investimento muito alto para quem está começando. "No início, derretia o chocolate no banho-maria. Depois, adquiri o micro-ondas e vou comprando aos pouquinhos os equipamentos. No ano passado, comprei uma forma de ovo mais sofisticada que agilizou muito o meu trabalho", resume.
Fazer curso é o primeiro passo
O primeiro passo para se inserir no mercado dos chocolates artesanais é procurar por cursos de formação profissional. O Senac, a loja Maria Chocolate e o projeto Via Ensina, do Via Shopping, oferecem opções de cursos longos (15 horas) e curtos (2 horas). Os valores variam de acordo com a duração das aulas.
No Senac, alguns cursos são ministradas pela culinarista Jussara Keiko Tanaka, que trabalha com a arte do chocolate há três décadas. Em cinco aulas, ela ensina aos interessados tudo que se refere à produção dos doces: higiene na manipulação de alimentos; instrumentos e produtos utilizados; tipos de chocolates; técnicas de derretimento, temperagem e moldagem do chocolate; recheios e técnicas de decoração e embalagem.
"Nesse curso, é dado ao aluno a habilidade para sair dali e desenvolver o seu próprio produto. Assim, ensinamos a eles que existem vários tipos de bombons e recheios. Mostramos o básico, com a orientação para que eles possam desenvolver novas receitas", afirma a instrutora, adiantando que a moda atual é investir em bombons com recheios de frutas diferentes do Norte e Nordeste, como cupuaçu e graviola.Segundo ela, quem quer se firmar nesse mercado deve ficar atento às novidades por meio de revistas e Internet. "Mas, antes de sair fazendo doces, é importante definir o público-alvo. Saber se é melhor se dedicar a produtos mais sofisticados ou seguir na linha mais tradicional", ensina.
Atualmente, as possibilidades de chocolates e recheios são amplas. A procura tem aumentado por produtos com maior teor de cacau e pelo chocolate belga, um sabor ainda novo no mercado belo-horizontino. "Os recheios também podem ser muito variados. Teve uma aluna minha que foi a um evento onde foi servido um bombom de arroz-doce. Mesmo sendo inusitado, era um doce que combinava muito com a culinária mineira", diz a culinarista, que acredita ser importante a constante reciclagem por meio de cursos. "Eu trabalho com chocolate há 30 anos e até hoje procuro me informar. Sempre há novidades nessa área".
A criatividade é importante na produção de doces
A criatividade é fundamental para o sucesso no mercado do chocolate artesanal. Quem souber criar receitas nova já sai na frente. "Tive uma aluna do interior que nunca tinha trabalhado com chocolate. Depois de cinco dias de curso, ela apareceu com um bombom de doce de abóbora com coco, dentro de uma embalagem linda, feita com palha de milho. Ela criou um produto maravilhoso, que deixou as colegas estimuladas a buscarem suas próprias criações", conta Jussara.
As embalagens devem ter atenção especial por parte do artesão, embora não sejam a parte mais importante do produto. "Sempre contamos para os alunos que o bombom é a estrela do seu trabalho. Por isso, é fundamental que ele seja bonito e bem apresentado. Quando a embalagem permite que chocolate esteja visível, o produto ganha sofisticação. Muitas vezes, uma embalagem simples, feita com papel transparente e um laço bem bonito, é a melhor opção", explica Jussara, lembrando que plásticos e papéis muito coloridos são mais adequados para ovos e bombons feitos para crianças.
Para quem deseja realmente investir numa carreira na produção de chocolate caseiro, Jussara aconselha a aquisição de uma derretedeira, para que a pessoa possa fazer um volume grande de produtos. Uma derretedeira com capacidade para 1quilo de chocolate tem custo aproximado de R$ 230. Para quem quer produção ainda maior, a sugestão é investir na máquina de choque térmico (custo de R$ 2.000).

Futebol e marketing

Minha matéria que saiu na última quinta-feira, no Caderno Classificados, no Hoje em Dia:

EM CAMPO PARA GOLEADA DO DESEMPENHO

Em ano de Copa do Mundo, o futebol é uma grande fonte de inspiração, até mesmo no mercado de trabalho. A Academia de Marketing, empresa paulistana especializada em treinamentos corporativos, criou um jogo inspirado no universo da bola, com objetivo de desenvolver estratégias de negócios dentro de ambientes empresariais visando melhorar o desempenho de funcionários e executivos.
Chamado de Planeta Futebol, o jogo é uma dinâmica que se apropria das características do fascinante mundo da compra e venda de jogadores para trabalhar qualidades como definição de estratégias, noções de mercado, negociação, planejamento, proatividade, liderança entre outros. A versatilidade dessa dinâmica possibilita sua aplicação em empresas de qualquer segmento de atividade, preparando as pessoas para vencer pelos campos do mundo dos negócios.
"Nós percebemos que é muito melhor fazer as pessoas vivenciarem as situações do meio corporativo do que apenas falar em uma palestra. E usamos o esporte como analogia porque muita coisa que acontece no universo do futebol se assemelha à vida empresarial”, conta Mário Cunha, dono da Academia de Marketing e criador do jogo.
De acordo com ele, tendo o futebol como pano de fundo, pode-se trabalhar, com os participantes, uma melhor capacidade analítica e uma visão do todo por parte dos participantes. “No esporte, é preciso definir bem a estratégia e objetivo para ser bem-sucedido. A presença do técnico na beira do campo, mudando o time conforme a necessidade, é a maior prova da complexidade do futebol”, diz Cunha, que vê nas pessoas um grande interesse pelo assunto, especialmente em tempos de Copa do Mundo.
A dinâmica consiste na negociação entre dois grupos: de um lado, os cartolas que detêm os passes de jogadores; do outro, técnicos que precisam montar seus times com os melhores jogadores. O número de participantes de Planeta Futebol é ilimitado. Quanto mais pessoas participarem, mais grupos de cartolas e técnicos terá na brincadeira.
Depois da definição de estratégias por parte de cada grupo (com no máximo cinco integrantes), acontece uma grande rodada de negociações entre técnicos e dirigentes. Estes possuem os jogadores, enquanto aqueles detêm o dinheiro. Ganham os dirigentes que tiverem melhores rendimentos e os técnicos que montarem os melhores times.
"Os nomes dos jogadores são fictícios e o talento deles é medido por saldo de gols. Mas cada um tem performances diferentes nos diversos pontos do mundo. Assim, os técnicos precisam montar o time observando quais são os melhores jogadores para o lugar que escolheram para sediar suas equipes. Um jogador que tem boa performance na África talvez não seja bom para a Europa”, explica Cunha, que além de executivo da área de marketing, é professor na professor da FGV, IBMEC e FAAP.
Todos os funcionários podem brincar
Os eventos são realizados, normalmente, em salas de hotel ou espaços para convenções, já que não é necessário investir numa infraestrutura específica para a dinâmica. “O grande barato é observar a negociação entre todas as equipes. Ver como foi a tomada de decisão, como fica a divisão de tarefas, como os técnicos montaram seus times a partir da variedade de propostas que existem nas diversas equipes de dirigentes”, conta.
No final da dinâmica, todos os participantes se reúnem numa grande conversa, quando refletem sobre o que aprenderam com o jogo e como poderão aplicar isso no cotidiano. Além disso, duas equipes – uma do lado dos dirigentes, outra do lado dos técnicos – são escolhidas como vencedoras do Planeta Futebol. “Vemos junto a eles o que foi eficiente ou não nas negociações. O que pode ser melhorado, o que faltou no planejamento, as consequências de quando vamos com muita sede ao pote. Depois vemos o que pode ser levado para a vida profissional”, afirma Cunha, lembrando que o jogo pode ser usado para vários tipos de públicos (executivos, gerentes, supervisores, estagiários, setor de vendas etc.)
Criado em 2008, o Planeta Futebol já foi realizado em mais de 50 empresas. Fevereiro, considerado um mês ruim para o mercado de treinamento, o jogo está sendo aplicado pela Academia de Marketing em três grandes empresas. Além de São Paulo, a dinâmica já foi aplicada em Buenos Aires, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Belo Horizonte.
Empresa criou mais 8 jogos corporativos
O retorno das empresas onde o Planeta Futebol já foi aplicado é bastante positivo, segundo Cunha. “Os empresários gostam, porque o jogo provoca as pessoas a agirem e a fazerem suas próprias reflexões. Errar no jogo e ter a oportunidade de voltar atrás é um exercício que traz muitos bons resultados”, conta o profissional de marketing, que verificou mudanças significativas nos quadros de funcionários de seus clientes logo nas semanas seguintes à aplicação da dinâmica.
Além do Planeta Futebol, a Academia do Marketing trabalha com outros oito jogos corporativos, que abordam tanto os aspectos estratégicos (gestão, planejamento, produtividade), como os comportamentais (atitudes, postura, trabalho em equipe e competências específicas). Há opções de 4 e 8 horas de dinâmica.
Além de ensinar aos participantes vários aspectos fundamentais para o desenvolvimento corporativo, os jogos também podem ser divertidos, provocando descontração entre colegas de trabalho. No jogo A Caça, por exemplo, as pessoas integram a simulação de um safári, enquanto o Missão Infalível transforma os participantes em agentes de segurança antiterrorista, especializados em desarmar bombas.
Entre as dezenas de clientes que apostam nesses jogos, estão grandes bancos, indústrias, rede de hotel, redes de ensino etc. Informações sobre as outras dinâmicas podem ser encontradas no site www.academiademarketing.com.br. Nesse endereço, é possível também assistir a vídeos realizados durante a aplicação dos jogos.