terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Funcionário 2.0

Confiram a minha matéria que nós publicamos semana passada:

Os jovens que estão chegando ao mercado neste momento possuem um perfil muito diferenciado das gerações anteriores. Chamados de nativos digitais, eles têm contato com o computador e a Internet desde a infância e veem o mundo de forma totalmente diferenciada. Seu repertório intelectual não está relacionado apenas aos livros, suas redes de amizade não existem apenas no universo real. O intenso contato com o mundo virtual influencia os hábitos e pensamentos dessas pessoas de tal forma que o mercado de trabalho precisa se preparar para recebê-las da maneira mais eficiente possível.
De acordo com a gerente responsável por Recursos Humanos da empresa de consultoria Everis Brasil, Tabatha Dutra, as empresas ainda não estão preparadas para receber os nativos digitais entre seus funcionários. "Eles chegaram nas companhias causando muito tumulto, principalmente entre as lideranças, que não estão adaptados para trabalhar com essa geração. Os jovens chegam ao mercado dominando todas as ferramentas da Internet e se deparam com políticas empresariais que bloqueiam vários sites", afirma Tabatha.
Segundo a consultora, nas empresas em que os nativos digitais já estão atuando, pode-se notar transformações como a mudança na percepção da privacidade (pois em muitos casos a identidade pessoal está ligada à informação digital, com uso de redes sociais) e a necessidade de maior autonomia por parte dos subordinados.
Para não deixar que as vantagens trazidas pelos nativos digitais se percam em regras ultrapassadas, os empresários precisam investir num serviço de coaching, que irá orientá-los sobre como lidar com o novo perfil de funcionário. "Mostramos aos líderes como podem extrair o melhor desses jovens. Reavaliar a visão sobre as tecnologias é fundamental. As empresas veem as mídias sociais como distração e não entendem como podem ser importantes ferramentas para trocas de informações", diz Tabatha.
Como exemplo de profissional que pode ter seu trabalho beneficiado pelo acesso livre da Internet, a consultora cita os programadores de sistemas. "Esses profissionais dependem de códigos para realizar seus trabalhos. Se eles não têm um manual à mão, pode acessar a Internet para fazer um download ou receber a orientação de algum colega por meio de um site de relacionamentos", explica.
Por buscar soluções de forma dinâmica, utilizando todas as ferramentas que estão disponíveis na Web, o nativo digital se revela como um profissional que consegue resolver questões com uma velocidade maior do que as pessoas mais experientes. Por isso, é fundamental que as empresas potencializem o trabalho do jovem internauta no cotidiano, em vez de reprimi-lo com impedimentos.
Universidades estão atentas a essa novidadeDe acordo com Tabatha, os nativos digitais geralmente são jovens que nasceram nos anos 1990 e cresceram rodeados por computadores, laptops, Internet, celulares, etc. Porém, o termo engloba qualquer indivíduo que interage de forma natural com a tecnologia, independentemente da idade.
O impacto causado pela chegada dos nativos digitais ao mercado de trabalho é tão grande que o assunto já está sendo tratado nas universidades. No meio acadêmico, há um debate sobre os métodos e a forma de educação para esses estudantes, já que muitos dominam as novas ferramentas tecnológicas melhor que seus próprios professores.
"Esses jovens chegam numa companhia muito dispostos a aprender. Mas a absorção de informações é muito rápida e dinâmica. Assim, quando o nativo digital já adquiriu o conhecimento, ele logo quer um novo desafio. Se a empresa não souber lidar com essa avidez por novidades, corre um grande risco de perder um ótimo talento. Isso porque esses jovens ficam à disposição do mercado quando estão insatisfeitos no trabalho", explica Tabatha, completando que os jovens procuram por ambientes de trabalho receptivos, pois costumam priorizar a qualidade de vida ao definir seus objetivos profissionais.
Uma das dificuldades que os chefes encontram ao se deparar com os nativos digitais é a capacidade que esse novo funcionário tem de realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo. "Os gestores de 42 a 60 anos tendem a ser muito egocêntricos e gostam de centralizar o trabalho. Não aceitam muito bem a multitarefa. Por isso, precisamos mostrar às companhias a importância em descentralizar as informações e disseminarem melhor o poder", diz.
Gestor não deve se sentir ameaçado
É natural que gestores e chefes sintam-se amedrontados com a presença de um subordinado dinâmico e bem informado. Segundo Tabatha, é comum ver profissionais experientes inseguros, receosos de perder seus empregos para os mais jovens. Por isso, eles se mostram fechados às mudanças.
"O jovem chega na empresa com sede de aprendizagem e cheio de novas ideias e novas propostas. Isso pode ser encarado como uma ameaça para o gestor. Cabe à empresa mostrar às chefias que o nativo digital não é uma ameaça, mas pode trazer uma potencialização para aquele determinado setor e da companhia como um todo", afirma a gerente de RH.
A consultora conta ainda que costuma orientar seus clientes a acompanharem de perto a produtividade dos funcionários mais jovens, observando como o rendimento aumenta conforme é dado a eles uma maior liberdade de ação. "Normalmente, os empresários visualizam os resultados e passam a aceitar as novas formas de trabalho".
Mas não basta ficar atento ao retorno dado pelo nativo digital em relação ao que já existe na empresa. É importante pensar em mudar a infraestrutura, oferecendo ainda mais estímulos aos funcionários.
"Se os empregados estão cada vez mais acostumados ao uso dos ambientes virtuais e das ferramentas colaborativas, por que não usá-los de forma efetiva, permitindo reduzir custos em reuniões e em cursos de formação? Se há trabalhadores já habituados ao uso de novos dispositivos móveis, não haveria a possibilidade de implantar soluções de mobilidade e de trabalho remoto?", questiona a consultora.

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