quarta-feira, 31 de março de 2010

Brasil premia a homofobia

Este ano, tomei a decisão de não assistir ao Big Brother Brasil, porque fico muito envolvida sempre que acompanho o programa e a partir de agora tenho que otmizar melhor o meu tempo livre - que começas às 20h, quando Catarina cai no sono. Mesmo assim, não pude deixar de acompanhar a décima edição à distância. Não torci por ninguém, apenas torci contra o lutador Marcelo Dourado, um homófico declaradíssimo. É, mas obviamente a minha torcida não muda nada em relação à condução do programa que há quaee uma decada é sucesso incontestável. O tal fortão machão ganhou R$1,5 milhão.
Não fico triste ao pensar que uma pessoa mais legal poderia ter levado essa bolada para casa. Fico arrasada ao ver que na edição em que Boninho colocou três gays assumidos e um rapaz que pode sair do armário a qualquer momento, as pessoas preferiram premiar um homem que afirmou desejar bater em uma mulher e que só gays pegam Aids.
Por meio de um programa de televisão, o Brasil se revelou homofóbico. O país mostrou que não quer ver transformistas, emos e lésbicas na telinha, mas fortões que não levam desaforo para casa. Fomos além das piadinhas de futebol - como as feitas com o Richarlysson e com a camisa rosa do Galo - e decidimos premiar com dinheiro a postura homofóbica. Nada contra as piadinhas, porque nada mais chato do que gente politicamente correta demais. Mas dar um prêmio milionário a um homem que não esconde o seu desdém em relação aos gays él algo que me entristece. E muito.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Segue matéria minha que o Hoje em Dia publicou no último dia 25. Espero que seja de bom grado para quem gosta de ler sobre autoajuda empresarial. Eu admito que estou adorando escrever sobre o universo corporativo - embora seja uma profissional bem anticorporativa...

Equilíbrio impulsiona sucesso

Especialistas orientam como usar a inteligência emocional para obter sucesso na carreira

Um discurso corriqueiro no universo corporativo: a inteligência emocional (QE) é fundamental para o sucesso de uma carreira profissional. Se antes as empresas estavam preocupadas em contratar pessoas com alto QI (índice de capacidade cognitiva), hoje elas preferem funcionários que tenham controle sobre seus sentimentos e saibam se relacionar harmonicamente com colegas e subordinados. Mas, afinal, como desenvolver a QE, tão apreciado nos setores de recursos humanos?Segundo o psicanalista, administrador e consultor de empresas Osório Roberto dos Santos, a inteligência emocional é inerente ao ser humano, pois todos têm a capacidade de perceber a realidade por meio de seus próprios desejos. Mas as pessoas que conseguem equalizar melhor o mundo exterior com suas ansiedades são aquelas que passaram por um processo de autoconhecimento.
“A sabedoria está em saber quais são os meus desejos e entender que os outros também têm os seus próprios desejos. Para que possa trabalhar da melhor maneira possível, tenho que me conhecer, fazer uma leitura fluente da minha vida como se fosse um livro”, explica Santos, completando que as pessoas lançam mão da QE em todos os instantes da vida, mas isso só fica evidente nos conflitos. Ele afirma ainda que o autoconhecimento exige um contato íntimo com um mentor, que pode ser um terapeuta, um parceiro, um professor, um amigo, um parente ou um líder espiritual.
"Uma característica bastante peculiar do ser humano é de que ele precisa sempre do contato com outra pessoa. É da nossa natureza a necessidade da comunicação com o outro, porque somos os únicos animais que aprendem a viver. Mas para que haja o autoconhecimento, é importante o contato com uma pessoa que tenha um perfil de mentor, pois gera admiração. Mas ela não pode reproduzir suas características. A diversidade aqui é fundamental”, diz o consultor. Caso a pessoa não enxergue o mentor em ninguém, o ideal é buscar um psicólogo.
Segredo é tirar proveito dos problemas
O consultor Ricardo Melo afirma que a falta de autoconhecimento se reflete facilmente nas relações profissionais. “Se uma pessoa com baixa autoestima recebe uma crítica de seu chefe, ela reage de forma negativa e fica até depressiva. Agora, quem se conhece bem, entende que seu superior está questionando o trabalho e não a pessoa em si. Encara esses conflitos com muito mais lucidez”, diz.
Ele explica que, para se conhecer com profundidade, deve-se saber as origens dos sentimentos. Por exemplo: as dificuldades do momento existem por que a vida está realmente difícil ou por causa de uma acomodação?
“A primeira fase do autoconhecimento é a mais difícil, porque ela exige que a pessoa deixe de lado as queixas a que está acostumada e vá em busca da resolução para as suas questões. Algumas pessoas conseguem fazer essa autoanálise por meio de informações adquiridas em livros e conversas, outras não dão conta de fazer um autoconhecimento sozinhas e procuram por um profissional”, esclarece Melo.Segundo ele, a busca pelo conhecimento sobre si mesmo é algo que deve ser feito constantemente para que tenha realmente uma inteligência emocional bem desenvolvida. “Tem gente que faz essa reflexão uma vez só na vida. Como um desempregado que busca melhorar sua QE para conseguir um trabalho passa num processo de seleção de emprego, mas, depois que alcança seu objetivo, esquece da importância do autoconhecimento. Essa pessoa corre o risco de cometer os mesmos erros no futuro”, alerta.
Para que a autoanálise seja uma constante na vida de quem deseja ser equilibrado emocionalmente, tanto na vida pessoal quanto profissional, Melo dá uma dica: fique atento às situações que lhe causam incômodo. “Não podemos ver os momentos complicados como inimigos, pelo contrário. Em vez de perguntar ‘Por que comigo?’, pergunte ‘O que posso aprender com isso?’ Essa postura humilde e sábia ajuda muito a resolver os problemas”.
Para explicar a diferença entre quem não sabe racionalizar seu emocional e quem trabalha a própria QE, Melo conta uma metáfora. “Quando você está numa estrada e entra em um nevoeiro, pode ter duas reações: desespera e freia, permitindo que outras pessoas batam em sua traseira, ou reduz a velocidade e continua dirigindo de forma prudente, sabendo que o nevoeiro não vai durar para sempre. Quem domina o seu emocional enfrenta o nevoeiro”.
Psicólogo pode ajudar na autoanálise
A presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Minas (ABRH-MG), Cristiane de Ávila Fernandes, afirma que o exercício de autoconhecimento pode começar com o diagnóstico de um profissional especializado no assunto. “Uma pessoa que faz serviço de coaching pode levantar uma relação de características da pessoa para depois definir estratégias de ações em que serão trabalhadas as questões e reforçados os pontos fortes. Dependendo do diagnóstico, o profissional vai indicar para ela um psicoterapeuta”, conta Cristiane. Segundo ela, os profissionais de recursos humanos também estão se preparando para orientar os funcionários das empresas em que atuam para que realizem um trabalho de autoconhecimento.
Osório dos Santos também acredita que uma empresa pode investir no desenvolvimento da QE entre seus funcionários. Treinamentos, bonificações, palestras e o contato direto com os processos ajudam nisso. O número de empresas interessadas em trabalhar o assunto cresceu de tal forma que o consultor investiu num local dedicado a treinamentos que trabalham o QE – o Espaço Terra, 30 quilômetros São Paulo.
Segundo ele, a QE é uma das principais características dos melhores líderes e gestores, por isso a importância de se conscientizar sobre o assunto as pessoas que fazem parte do universo empresarial. “A legitimação de um líder, portanto, está muito mais diretamente ligada à QE do que ao QI, pois é da perfeita capacidade de coordenação, persuasão, articulação e inspiração que saem as principais metas de liderança”, afirma Santos.Saiba mais em www.culturaegestao.com.br e www.institutoricardomelo.com.br.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Árvore da vida

Segue reportagem minha sobre o projeto social da Fiat Árvore da Vida, publicada ontem no Hoje em Dia.
Conheci o projeto de perto há dois anos, quando trabalhei de forma indireta para a montadora. Acho que ele pode crescer muito ainda, mas com certeza já faz muita diferença na vida de algumas pessoas que vivem em um dos bairros mais violentos da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Ações mudam vida de bairro

Há três décadas, a Fiat anunciou a implantação de uma fábrica em Betim. O fato causou um grande impacto socioeco-nômico: centenas de pessoas de todas as partes de Minas Gerais e do país mudaram-se para a cidade da Região Metropolitana, com esperança de conseguir emprego com carteira assinada na fábrica da montadora italiana. Mas a procura por vagas sempre foi maior do que a oferta e, aos poucos, foram crescendo bairros pobres no entorno da fábrica. Com altos índices de violência, o Jardim Teresópolis e a Vila Recreio se tornaram casos de vulnerabilidade social. No início desta década, a diretoria da Fiat compreendeu a importância de mudar a
realidade da região e realizou um estudo para diagnosticar as características socioeconômicas dos moradores dessas comunidades e partir para ação, buscando a promoção da inclusão social. Com os dados em mãos, a montadora estabeleceu parceria com as ONGs Fundação AVSI e Cooperação para o Desenvolvimento e Morada Humana (CDMH) para a criação de um programa de ações socioeducativas, que visassem diminuir os problemas sociais da região (por exemplo, o fato de que 40% dos cerca de 7 mil jovens de 16 a 24 anos não possuíam nenhuma formação profissional).
Assim, em 2004, nasceu o Árvore da Vida, que conta também com um grupo de parceiros, denominados Rede Fiat de Cidadania, formado por instituições públicas e um conjunto de empresas privadas para o desenvolvimento e apoio nas realizações das atividades em prol da melhoria da qualidade de vida da região. O programa está divido em três frentes de atuação: atividades socioeducativas, geração de trabalho e renda e fortalecimento da comunidade.
"No início do Árvore da Vida, tínhamos dois desafios: estabelecer relacionamento mais próximo com a comunidade vizinha, que se constituiu ao longo de três décadas, e permitir que ela se desenvolva de forma independente, criando mecanismos para melhorar os índices de vulnerabilidade desses bairros", afirma a coordenadora da Área de Relacionamento com a Fiat, Ana Veloso. Segundo ela, a diretoria da montadora percebeu que o caminho para a resolução dos problemas sociais era criar ações nas área de educação e encaminhamento para o mercado de trabalho, gerando empregabilidade na comunidade.
No programa são oferecidas atividades esportivas, oficinas de canto, dança, percussão, memória e história, reforço escolar, alfabetização, formação humana às crianças e adolescentes entre 12 e 16 anos e acompanhamento familiar e escolar. Visando a geração de trabalho e renda, o Árvore da Vida desenvolve também atividades em prol da melhoria da empregabilidade a partir de cursos de capacitação profissional e encaminhamento ao mercado de trabalho, além de manter um Centro de Referência ao Trabalhador, onde os moradores recebem orientações sobre elaboração de currículos e postura em entrevistas, além de ter acesso a livros, periódicos e ofertas de emprego de acordo com suas habilidades. Em parceria com o Isvor, o programa oferece cursos de eletromecânica, eletroeletrônica e funilaria para vagas presentes em concessionárias da Fiat. Dos 102 jovens formados em cursos de formação profissional no setor automotivo, em Betim, entre 2006 e 2009, 88 deles estão inseridos no mercado de trabalho, ou seja, 86%.
No final do ano passado, 191 jovens das oficinas de memória e história, canto, dança e percussão participaram do CD infantil e espetáculo "Árvore da Vida apresenta A Zeropeia", produzido pelo músico Flávio Henrique do Studio Via Sonora. Baseado no livro "A Zeropeia", escrito pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, o espetáculo foi apresentado, entre outros locais, no Teatro Izabela Hendrix e no evento de Natal Vila dos Sonhos da Coca-Cola.
A pré-adolescente Bruna Poliana Rodrigues da Silva, 12, é uma das beneficiadas pelo Árvore da Vida. Há um ano e meio, a garota participa das oficinas de dança folclórica e contemporânea. "Gosto muito das minhas aulas, não falto a nenhuma. Sinto que, depois que passei a frequentar a oficina, houve uma mudança no meu comportamento, agora sou mais comunicativa ao lidar com as pessoas. Agora, não fico mais em casa pensando besteira, mas aproveitando bem o meu tempo", diz a aluna da 6ª série, que pretende fazer cursos de capacitação no futuro.
Moradores estão mais articulados
Um dos principais objetivos do Árvore da Vida na atualidade é trabalhar o empoderamento dos moradores do Jardim Teresópolis, para que o desenvolvimento so-cioeconômico da região seja permanente. Em 2009, foi formalizada a criação de uma rede de gestores locais, que tem conquistado importantes resultados a partir da articulação entre empreendedores do bairro, poder público e Rede Fiat de cidadania.
"Eles saíram da fase do diálogo e partiram para ações concretas. Criaram uma rádio comunitária e estão se articulando para pedir a instalação de uma agência bancária e uma agência dos Correios no bairro. No Natal passado, os comerciantes se juntaram, compraram uma máquina de lavar roupas para um sorteio entre as pessoas que comprassem nas lojas do Jardim Teresópolis. Foi uma maneira de incentivar as pessoas a fazerem suas compras ali e não no shopping", conta Ana Veloso. Essa articulação entre os empresários aconteceu depois que o Árvore da Vida passou a promover um curso básico "Empreendedorismo".
Depois de cinco anos de programa, ainda não há pesquisa completa sobre seu impacto na comunidade, mas alguns resultados já podem ser percebidos no Jardim Teresópolis. "Os números das nossas pesquisas ainda não estão disponíveis para divulgação, mas sabemos que aumentou a sensação de segurança entre os moradores. Isso se deve não apenas ao programa, mas também às ações promovidas pela Prefeitura de Betim. Conversando com as lideranças locais, também percebemos que há agora uma relação mais franca, respeitosa e confiante entre a comunidade e a Fiat", afirma Ana. Ações multiplicadas
Entre os vários braços do programa social Árvore da Vida, a Cooperárvore merece destaque. Formada por 23 moradoras do Bairro Jardim Teresópolis, desde 2004 a cooperativa cria objetos artesanais a partir de materiais recicláveis vindos, em boa parte, da Ilha Ecológica da Fiat e de seus fornecedores. Bolsas, chaveiros, almofadas, jogos e camisetas são alguns dos produtos confeccionados dentro do projeto, que nasceu com o objetivo de ser fonte de geração de trabalho e renda para a comunidade do entorno da fábrica."Nossa linha de produtos sempre conta com materiais reaproveitados. Alguns deles vêm da Fiat, como cintos de segurança ou tecido automotivo, outros nós mesmas compramos, como couro, tecido de algodão ou tecido produzido a partir de garrafas PET", afirma a gerente da Cooperárvore, Luciana de Freitas. Ela explica que as cooperadas trabalham em casa ou no galpão localizado junto à sede do programa Árvore da Vida e recebem o pagamento de acordo com o número de produtos fabricados.
Os principais clientes da Cooperárvore são todas as empresas da Rede Fiat de Cidadania (Fiat Automóveis, seus fornecedores e concessionárias), que encomendam brindes durante o ano todo. Mas a empresa já tem conseguido conquistar novos horizontes. A Speciosa de Moraes Soares, representante de artesanato em Berlim, na Alemanha, encomendou 200 produtos da cooperativa, como capa para notebooks, bolsas femininas, necessaries e chaveiros, feitos com tecido automotivo e cintos de segurança. Esse acordo é uma consequência da participação da Cooperárvore no Salão do Artesanato, realizado em agosto do ano passado para importadores e lojistas. No ano passado, a Cooperárvore participou de 27 eventos, entre eles duas grandes feiras: Conexões Solidárias e Feira Nacional do Artesanato, no Expominas. A cada ano, novos produtos são desenvolvidos por um designer. Em 2010, a coleção tem como tema os pássaros, estampados em bolsas, almofadas e mochilas esportivas. Em 2009, 19.679 peças foram produzidas pelas cooperadas.
Iracema Pereira Costa Salgado, 49 anos, é uma das 23 cooperadas que viram suas vidas transformadas depois que passaram a trabalhar no Árvore da Vida. Há seis anos, ela era uma dona de casa que tentava se livrar de depressão. Hoje, com o trabalho e o contato com as amigas, ela se sente realizada. "Com o dinheiro que recebo, comprei uma máquina de costura e uma terrinha em Mateus Leme, junto com meu marido. Esse trabalho me colocou para cima, estou com uma autoestima muito maior", afirma a cooperada.
Iracema ainda fez questão de levar toda a família para participar do Árvore da Vida. Sua filha caçula, Daiane, 19 anos, acaba de se integrar à Cooperárvore. A filha do meio, Shirlei, 23 anos, fez curso de qualificação no programa e hoje trabalha como secretária na PUC Betim. Seu filho mais velho, Alcides, 24 anos, conseguiu um emprego na fábrica da Fiat depois de concorrer a uma vaga, munido de carta de recomendação dos coordenadores do Árvore da Vida. "Engajei meus filhos, e agora nossa família está muito bem estruturada. O programa está sendo uma experiência maravilhosa em nossas vidas", resume.
Voluntários engajam a comunidade
Além de trabalhar a inclusão social por meio de cursos e oficinas, o Árvore da Vida busca o fortalecimento da comunidade, ao incentivar encontros periódicos com lideranças e gestores locais. O objetivo é torná-los cada vez mais aptos a serem instrumentos para a melhoria permanente do desenvolvimento e da qualidade de vida na região. Desde a implantação do programa, foi formado um grupo de referência, uma rede social com voluntários do próprio bairro que fazem uma ponte entre o programa e a comunidade. Nas reuniões realizadas mensalmente, os participantes recebem as informações a serem transmitidas aos moradores e definem as estratégias de comunicação. Outra ação desenvolvida para fortalecer a comunidade é a promoção de cursos para
gestores comunitários, como os diretores de escolas. Os participantes aprendem a elaborar e executar projetos de interesse para a comunidade em diversas áreas, como saúde, educação e trabalho.
A empresária Ester Pinto de Oliveira Guimarães, 62 anos, faz parte do grupo de referência. Dona do restaurante Fogão de Minas, ela se sente realizada em participar ativamente do Árvore da Vida. "Gosto muito de interagir com as pessoas, de lidar com o público. Vi no grupo uma maneira de estar mais próxima da comunidade. É uma grande alegria ver que posso contribuir para minimizar as necessidades e as dores dos outros", conta Ester, que pretende ministrar um curso de culinária no Árvore da Vida, voluntariamente.
A empresária e seu marido, Roberto Guimarães, fizeram parte da primeira turma do curso de empreendedorismo do programa e agora usam o que aprenderam em seu negócio. "Temos o restaurante há 18 anos e, com as aulas, vimos que sempre podemos melhorar algumas coisas em nosso empreendimento", conta.

Geneton

O Geneton Moraes Neto escreve muito - nos dois sentidos: escreve bem e em textos extensos. Não sou fã incondicional de seu estilo tão particular de fazer entrevistas (sempre colocadas como bombásticas, embora muitas vezes não seja), mas gosto de passear pelo seu blog de vez em quando.
Aproveito para fazer apologia da última postagem do jornalista, sobre Cid Moreira. É um exercício divertido sobre os bastidores da nossa profissão.
Especialmente essa parte:
"Quanto a ser ou não especialista: jornalista, como se sabe, é aquele ser bípede capaz de se transformar, em poucos minutos, num profundo especialista em todo e qualquer assunto. A cena é corriqueira nas redações. Cai um avião, por exemplo. É pule dez dez: logo, logo, na reunião de pauta, um jornalista começará a pontificar sobre segurança aérea, treinamento de pilotos, técnicas de resgate, profissão de aeromoça, capacitação de comissários de bordo, envio de equipes de salvamento, programação de robôs etc.etc. Faz parte do ritual da profissão. A sorte é que, antes de ir ao ar, tais teses passarão por “n” filtros."

aos interessados, segue o link:
http://colunas.g1.com.br/geneton/

terça-feira, 16 de março de 2010

Jovens precisam de qualificação

Amigos,
Segue reportagem minha que saiu na página de Empregos do classificados no domingo passado. Fala sobre a necessidade de qualificação e capacitação entre os jovens.

Qualificação abre portas para jovens
Especialistas orientam quem tem de 18 a 24 anos sobre como se preparar para o mercado

A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) de janeiro apontou que a taxa de desemprego está caindo na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mas que ainda é muito elevada entre os as pessoas com idade de 18 a 24 anos - 18,7% dos jovens dessa faixa estão à procura de trabalho. Segundo o coordenador técnico da PED pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Mário Rodarte, esse é um problema é crônico e estrutural presente não apenas no Brasil, mas também em países desenvolvidos.
"As empresas afirmam que há uma inadequação entre o setor produtivo e o que é aprendido nas escolas, e isso é um grande entrave. Além disso, nossas pesquisas mostram que as pessoas que investem em educação e qualificação têm mais êxito na carreira profissional", afirma Rodarte. De acordo com o coordenador técnico, as pessoas que conseguem adiar sua entrada no mercado de trabalho, priorizando a escolaridade, têm mais chances de serem bem recebidas pelas empresas do que aquelas que abandonaram os estudos .
Mas não basta ter boa escolaridade. É importante se preparar para a função que deseja exercer. "O problema enfrentado pelos jovens não é tanto a falta de experiência, mas sim a falta de qualificação profissional. A grande questão é que praticamente todos os cursos são pagos e é a família quem tem que pagar pela capacitação do jovem", diz Rodarte. Até mesmo as ocupações que antes empregavam pessoas de baixa escolaridade, hoje requerem estudo e capacitação. "Mesmo com experiência, um porteiro tem dificuldade para encontrar emprego se não souber mexer no computador".Senac oferece cursos de qualificaçãoNo Senac Minas, há diversas opções de cursos de capacitação, graduação, extensão, técnico, pós-graduação e educação a distância nas áreas de comércio, serviço e turismo. "Temos ido a escolas públicas e privadas para sensibilizar os jovens para a importância da formação. O setor de serviços também demanda mão de obra qualificada. Com os crescimento econômico, setores como informática, hotelaria e gastronomia têm aberto muitas vagas, mas exigem capacitação por parte dos candidatos", esclarece o superintendente de soluções corporativas do Senac, Silvair Marques de Azevedo. Isaac Sousa Tito, 21 anos, pretende fazer carreira na área de gastronomia. Ele fez o curso de garçom no Senac e logo conseguiu um bom emprego. "Já trabalhava como garçom num pequeno restaurante e decidi fazer o curso. Saí de lá para a Cervejaria Devassa e logo fui convidado para trabalhar no Armazém Medeiros, um restaurante de alta gastronomia. Meu salário melhorou muito", conta.
E para quem acredita na importância da constante capacitação, o Senac oferece o programa Itinerário Formativo. "Quando uma pessoa chega ao Senac, estudamos com ela quais são os passos de desenvolvimento que devem ser dados para crescer na carreira. Uma pessoa que começa como garçom, pode fazer vários cursos e, no futuro, fazer um MBA em gastronomia", diz Azevedo.
O garçom Kleberton Silva, 20 anos, leva a sério a oportunidade de crescer na área de gastronomia. Campeão mineiro na Olimpíada do Conhecimento do Senac, o jovem atualmente faz o curso de cozinheiro e já faz planos para o curso de sommelier. "Cheguei a gerenciar um restaurante, mas estava difícil conciliar trabalho com os estudos e preferi priorizar o curso. Atualmente, trabalho como garçom em eventos nos fins de semana e vou ministrar um curso básico para garçom, em Cláudio", relata. Morador do Bairro São Benedito, em Santa Luzia, Silva tem como meta ser professor no Senac. "Meus professores tiveram boa carreira no mercado e se preparam bastante".
Porta de entrada no mercado

Em muitas famílias, o adolescente é obrigado a contribuir para o pagamento das despesas da casa e precisa trabalhar. Para que possa dar os primeiros passos no mercado de trabalho, sem afetar a qualidade dos estudos, a melhor opção é procurar por estágios. O caminho para descobrir onde estão as vagas de estágio é o CIEE-MG, que busca conscientizar empresários para importância de contratar jovens, de acordo com as normas da Lei 11.788/2008.
“Procuramos convencer as empresas sobre a importância social de empregar o jovem por meio do estágio, explicando que muitas pessoas precisam trabalhar para pagar seus estudos. Temos poucas opções de cursos e faculdades gratuitos em nossa cidade”, explica o superintendente adjunto do CIEE-MG, Sebastião Alvino Colomarte. No último bimestre, as áreas mais beneficiadas com oportunidades de estágio, no nível médio, foram conhecimento geral, técnico em informática, técnico em administração, técnico em mecânica e magistério. No nível superior, administração, direito, pedagogia, ciências contábeis e psicologia.
Cine oferece cursos e palestras
Já as vagas tradicionais com carteira assinada podem ser encontradas nos postos do Sine. Lá, além das oportunidades de emprego, os jovens contam com palestras, workshops, cursos e aprendem a preparar um currículo atraente. “Existem vagas para jovens, sem exigência de experiência, mas elas requerem conhecimento. Por exemplo, uma vaga de auxiliar de escritório pede capacitação em informática”, alerta a coordenadora do Sine-Floresta, Mônica Duarte Mattos.
Segundo ela, qualificação e escolaridade não são os únicos pontos levados em conta pelos contratantes. Quem procura emprego precisa também ter postura profissional. “Tem pessoas que, em um processo de seleção, demonstram timidez e dificuldade de falar. Outras aparecem nas entrevistas usando roupas inadequadas, como camisas cavadas, decotes e até chinelos. Elas não entendem que é preciso se apresentar atraente como mão de obra”, diz Mônica.
Um grande problema entre os jovens que ainda não tiveram seu primeiro emprego é o desconhecimento sobre o mercado de trabalho. “Temos muitas vagas no setor de limpeza, e os jovens têm dificuldades para aceitar essas oportunidades, principalmente filhos de quem trabalha nessa área. Mas se eles não investiram em escolaridade e qualificação, fica muito difícil conseguir trabalhos mais bem remunerados”, explica, alertando que o salário inicial é baixo para qualquer um e que melhora conforme se aumenta a experiência e a qualificação.
Mônica dá duas dicas para o jovem que procura emprego: foco na área que deseja trabalhar (comércio, indústria, serviços, turismo) e elaborar um bom currículo. “Ele deve ser enxuto e com objetivo bem traçado. O currículo deve ser personalizado, específico para a vaga que está pleiteando. Não dá para mandar o mesmo currículo para todos os setores”, diz. Como não há como rechear o currículo com experiências profissionais, o jovem pode incluir dados sobre um trabalho voluntário.

domingo, 7 de março de 2010

Diário da Mamãe - Parte 30

O trabalho tem me consumido tanto nas últimas semanas, que nem tenho conseguido tempo para escrever sobre a minha princesinha neste blog. Catarina está com quatro meses e demonstra ser bem desenvolvida para sua idade. Com 61 cm e 6,3 kg, ela já rola constantemente há algumas semanas - e isso normalmente acontece apenas depois dos cinco meses completos, segundo a pediatra. A inquietude está presente até mesmo na hora do sono - durante a madrugada, ela se mexe muito, muito, muito...
Além disso, Catarina adora conversar. Solta seus tradicionais sons de bebê o tempo todo - num volume impressionante. Dá para acordar o prédio inteiro com seus monólogos...
E ela continua a ser a neném mais quietinha do mundo. Não me dá o menor trabalho e já dorme a noite inteira, sem acordar para mamar - ela deu trabalho somente naquelas noites de calor intenso em fevereiro. Continua mamando no peito e não dá sinais de que deseja parar. Como eu também não quero desmamá-la, acredito que Catarina deve mamar leite materno por mais de seis meses.
Enfim, Catarina continua a ser o neném que eu pedi a Deus!

quinta-feira, 4 de março de 2010

"Queime antes de ler"

Semana passada, fui à locadora. Peguei três filmes, entre eles "Queime Depois de Ler". Numa pequena titubeada, pensando se deveria levar tantos títulos, a moça me aconselhou: "Não leva esse não. todo mundo odeia. Já me falaram que é 'queime depois de ver'. Nem quis assistir depois que ouvi tantas críticas". Como não dou a mínima para comentários em locadoras de bairro (só ouço opiniões se estiver na Videomania, ótima locadora em Lourdes), levei o filme mesmo assim.
Ainda bem. Os irmãos Cohen nunca me decepcionam. Ainda mais nessa obra que me lembra muito a Fargo, um dos meus títulos preferidos. Tudo em "Queime Depois de Ler" funciona bem: direção, atuação, roteiro... Mas realmente não é uma obra para qualquer espectador. Se a pessoa prefere filmes poucos instigantes, que repetem as fórmulas supermaisquebatidas de Hollywood, certamente ficará decepcionada com uma pérola dos Cohen.
O grande erro, na verdade, está na capa do DVD. Além de estampar fotos de artistas megapopulares como Brad Pitt e George Clooney, a capa exibe a "melhor comédia do ano". Quem lê uma frase dessas está em busca de gargalhadas - e esse não é perfil do humor negro dos Cohen. As situações do longa-metragem são tragicômicas, absurdamente ridículas (embora críveis), mas não rendem gargalhadas. Mas isso não é problema para um apaixonado por roteiros bons e surpreendentes.

Preciosa - um soco no estômago



Abaixo, minha resenha sobre o ótimo livro "Preciosa" publicada ontem no Hoje em Dia:

Claireece Precious Jones é tudo o que a classe média não quer enxergar. Negra, obesa, mãe pela segunda vez aos 16 anos, vítima de violência sexual constante, analfabeta. Ela é a protagonista do livro “Preciosa”, best-seller da poetisa norte-americana Sapphire que inspirou o filme homônimo que concorre ao Oscar 2010 com seis indicações.
Num primeiro momento, o romance parece ser um dramalhão completo. Afinal, tudo o que há de mais desprezível na sociedade moderna perturba a vivência da jovem Precious. Mas não. A obra de Sapphire não tem a preocupação única de denunciar os silenciosos problemas vivenciados pelos excluídos do Harlem (bairro negro de Nova Iorque). Embora retrate de maneira vívida e chocante o sofrimento intenso de uma adolescente que engravidou duas vezes do próprio pai, “Preciosa” é um livro sobre a esperança, sobre a capacidade do ser humano de se reinventar, sobre o amadurecimento.Na trama, Precious é uma adolescente reprimida em todos ambientes possíveis. Em casa, é abusada pelo pai desde a infância e espancada pela mãe diariamente. Na escola, sonha em ter amigos, namorados, participar das aulas – mas a jovem não sabe nem ver as horas no relógio. Na rua e em todos os tradicionais ambientes de socialização, é apontada como a garota gorda e feia, nascida para ser vítima eterna de gozações. Como ela encara tudo isso? Com revolta, em silêncio. Precious é expulsa da escola quando sua segunda gravidez é revelada. A jovem é obrigada a buscar refúgio numa escola alternativa, onde irá descobrir que não é a única adolescente analfabeta na principal cidade do país mais rico do mundo. Seu destino será transformado pela dedicada professora Blue Rain, que mostrará a suas pupilas que o aprendizado está ao alcance de todas. A sinopse pode dar a impressão de que “Preciosa” é recheado de lugares-comuns, uma tentativa de provar que a educação é a solução para todas mazelas sociais. Mas Sapphire apresenta a história de uma maneira particularmente dura, embora flerte com a poesia em certo momento. Neste livro, vemos que a palavra realmente pode libertar e a poesia está ao alcance de todos, até mesmo de quem só descobre a leitura aos 16 anos. E não liberta apenas porque abre os olhos para perspectivas futuras. O ato de escrever pode permitir um melhor autoconhecimento, fundamental para as mudanças de atitude. Somente quando Blue Rain entra em sua vida, Precious decide acabar com a maneira resignada com que encara sua vida. Seu silêncio marcante é deixado de lado e a garota passa a aprender a ter voz.O livro é escrito em primeira pessoa e, por isso, com toda informalidade e erros de linguagem inerentes à narradora. As primeiras linhas do romance resumem bem o que o leitor vai encontrar: “Eu levei bomba quando tava com 12 anos por causa que tive um neném do meu pai. (...) Minha filha tem Sindro de Dao. É retardada.”Em muitos momentos, Sapphire mostra ser uma escritora dotada de extrema coragem ao nos expor problemas ainda encarados como tabus. A todo momento, a personagem lembra dos estupros e seus sentimentos são dúbios em relação aos abusos. Ela sabe que era errado o incesto, mas isso não tira dela o prazer que o sexo lhe proporcionava. Com isso, a autora trata do porquê do trauma que o abuso sexual deixa nas vítimas: como algo que pode ser tão bom, pode ser tão errado?Com o título original de “Push” (empurre), o livro foi lançado originalmente em 1996. Sua construção foi feita a partir de um trabalho social que a autora desenvolveu em um abrigo para mulheres no Harlem. Embora Precious não tenha existido na realidade, muitas das pessoas com quem Sapphire conviveu no bairro negro possuem histórias parecidas com a personagem. A autora já disse em entrevista que conheceu uma garota que engravidou aos 12 anos do próprio pai. A escritora baseou-se também em seu vasto conhecimento sobre o universo literário feminino. Inclusive, sua principal inspiração foi o livro “Quarto de Desejo”, da brasileira Carolina Maria de Jesus – uma catadora de lixo semianalfabeta que se tornou escritora best seller no Brasil na década de 1960.A história de Preciosa agora ganha grandes proporções graças ao sucesso que o filme dirigido por Lee Daniels vem fazendo em cinemas de todo o mundo. As bilheterias podem aumentar ainda mais se o filme levar alguma estatueta para casa neste domingo, na 82ª edição do Oscar – a cantora Monique, intérprete da mãe de Precious, é forte concorrente para a categoria de atriz coadjuvante.Mas por melhor que seja a direção da versão cinematográfica de “Preciosa”, há elementos valiosos do livro que não puderam ser transmitidos para a telona. Entre eles, os já citados conflitos internos da personagem em relação ao próprio pai. Os bilhetes trocados entre aluna e professora, tão fundamentais na trama do romance, também perdem a força no longa-metragem. Assim como os singelos e reveladores poemas de Precious – a personagem só é revelada como poetisa na sequência final do filme, quando sua mãe afirma “soube que minha filha está escrevendo poesias”.Isso tudo não está no filme porque “Preciosa” é mais do que a trajetória de uma nova-iorquina excluída: é também um belo exercício sobre o poder da palavra e da linguagem dos renegados.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Guerra ao Terror

Ontem assisti a “Guerra ao Terror” e não entendi porque o filme foi lançado no Brasil diretamente para as locadoras, pois não havia expectativa de boa bilheteria nos cinemas. As distribuidoras nos lotam de “bombas” o tempo todo e não conseguem ver retorno em uma produção que traz tudo o que um bom filme de guerra deve trazer – adrenalina, boas atuações, dramas, mortes?
Ao mostrar a rotina de uma equipe antibomba norte-americana em Bagdá, “Guerra ao Terror” consegue passar para o expectador a grande tensão vivida pelos soldados. Em suas duas horas de duração, a adrenalina corre nas veias dos personagens e, ao mesmo tempo, de quem está em frente à tela.
O filme desperta interesse também por ser dirigido por uma mulher. Estamos acostumados a ver diretoras se tornarem famosas ao explorar questões inerentes ao sexo feminino em suas obras – caso de Sophia Coppola –, mas “Guerra ao Terror” é simplesmente uma ótima direção de um filme que certamente contará com uma predileção por parte do público masculino. Não importa o sexo de Kathryn Bigelow (embora ela possa se tornar a primeira mulher a levar a estatueta na categoria direção).
Então, caros amigos, não se enganem por esse péssimo título que esse filme ganhou no Brasil (o original é The Hurt Locker) e corram para a locadora. Se forem como eu, estarão torcendo para que Bigelow saia do Teatro Kodak com mais estatuetas que seu ex, James Cameron.

Redes sociais

Segue a minha reportagem que o Hoje em Dia publicou na sexta-feira passada, sobre monitoramento de redes sociais para empresas e marcas.

A liberdade exercida por internautas de todo o mundo está transformando a relação entre empresas e consumidores. Se antes era necessário investir num serviço de atendimento para impedir uma má divulgação pelo boca a boca, hoje as questões não são apenas resolvidas por um número 0800. Para saber como seus produtos ou serviços são recebidos no mercado, é fundamental que uma empresa moderna invista no monitoramento de mídias sociais - Orkut, Facebook, Youtube, Twitter, Linkedin, MySpace, Ning, blogs etc.
A importância desse serviço está na proporção exponencial que um comentário pode ter em uma rede social. Uma crítica sobre uma marca no Twitter, por exemplo, pode alcançar milhares de pessoas se a frase for reproduzida por vários usuários - é o que os internautas chamam de "retuitar".
Já no popular Orkut, há comunidades específicas sobre produtos (uma determinada marca de celular ou de roupa, por exemplo) em que internautas se reúnem para trocar informações. Se quem comprou algo com defeito faz uma reclamação na comunidade, essa informação pode alcançar todos os "orkuteiros" interessados em adquirir aquele produto.
Para evitar que a imagem de uma marca possa ser abalada no meio virtual, empresas estão contratando o monitoramento de mídias sociais. Embora este serviço seja muito recente no país, já é uma realidade há dois anos na Bolt Brasil Comunicação Digital, empresa belo-horizontina especializada em planejamento de mídia on line.
Segundo a responsável pelo setor de monitoramento de mídias sociais na Bolt Brasil, Janaína Oliveira, o serviço possui duas frentes: apresentar o cliente de maneira eficiente para os internautas por meio dos sites de relacionamento e mensurar o que as pessoas falam sobre uma determinada marca no mundo virtual. "Quando um cliente nos procura, interessado no monitoramento, sempre fazemos a pergunta: 'Você está disposto a ouvir críticas?' Afinal, ele poderá ver muitos comentários negativos nos sites de relacionamento", conta Janaína. Intenção é identificar reaçõesSe o empresário se mostra aberto a observar de perto a receptividade de seu produto no mercado, ele passa a receber um relatório mensal com os números de quantas vezes sua marca foi citada nas mídias sociais. "O mais interessante, na verdade, é ver o quanto a empresa foi mal falada. Muitos clientes ficam assustados ao se deparar com comentários críticos inesperados. Por meio do nosso mapeamento, pode-se identificar problemas que a empresa desconhece completamente", diz.Mesmo com todas as vantagens do serviço, há empresas que se mostram reticentes frente ao monitoramento de mídias sociais. De acordo com Janaína, alguns clientes encaram os sites de relacionamento como "coisas de menino". "Mas se um adolescente tiver contato com uma marca pelo Orkut, as chances de adquiri-la quando for adulto é muito maior ".
Quando a Bolt Brasil se depara com uma crítica que pode ter uma rápida propagação, logo o cliente é avisado e são tomadas decisões sobre como abordar a situação."Mostramos ao cliente que a resposta deve ser imediata e ignorar a crítica é muito pior. Os usuários da Internet exigem uma velocidade muito maior na resolução de questões. Isso porque uma crítica pode sair do nosso controle. Se tenho 900 seguidores, são 900 pessoas que terão acesso ao meu comentário. Se uma amiga reproduzir aquilo, todos os seguidores dela também vão ver o meu comentário", explica Janaína.
Entre os clientes da Bolt, está o Chevrolet Hall. Depois de realizar um estudo, a empresa e a agência viram a importância de se alcançar os consumidores via Twitter, Orkut e Youtube. "A adesão do público foi muito forte. Recebemos todo tipo de comentários: elogios, críticas, sugestões de promoções, perguntas de por que determinado artista não vem para Belo Horizonte etc. E estamos muito abertos a isso", afirma Fábio Gomides, analista de Comunicação do Chevrolet Hall.