segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Presidenta

Dilma não era o meu nome preferido dentro do PT. Mas pouco importa se havia pessoas mais carismáticas e experientes em eleições dentro do partido. Agora, a única coisa que realmente importa, é que elegemos a primeira mulher presidente do Brasil. O significado disso é inexplicável.
A única coisa que desejo é que ela saiba dar conitnuidade ao governo que Lula fez, permitindo que esse antigo operário se tornasse o maior estadista desse país (sim, para mim ele está acima de Getúlio Vargas, que era ditador, e de Juscelino, que nos jogou numa dívida externa com reflexos intermináveis).
Quero mais é que as pessoas deixem de passar fome, nem que para isso seja necessário lançar máo de obras assistencialistas. Nosso presidente passou por isso e sabe muito bem: quem tem fome tem pressa. Quero que as universidades públicas sejam respeitadas em sua máxima excelência, produzindo tecnologia para que possamos concorrer de igual para igual com Índia e China. Quero que todos tenham acesso à educação e saúde de qualidade (isso é bem mais complicado). E principalmente, quero que Brasil seja soberano e se imponha como uma nação de grande relevância, algo que FHC não soube fazer. Na verdade, o ex-governante tucano preferia mostrar sua eloquência em outras línguas em vez de colocar o português como seu maior trunfo.
Seja bem vinda, Dilma. Que Deus lhe dê sabedoria para governar e consolidar a social-democracia. Que o faça bem e que o liberal tucano Aécio Neves não tenha tantas chances daqui a quatro anos.

Primeiro aninho de Catarina

Ela realmente era a dona da festa. Em sua primeira festinha de aniversário, Catarina deu show como anfitriã. Distribuiu sorrisos, risadas, brincou com as outras crianças, comeu salgadinhos e bolo de chocolate. Andou, tropeçou, não chorou, ficou imunda. Depois das 20h, teve que ir embora, para não ter sua rotina de sono abalada. Dentro do carro, ainda demonstrava euforia com gritinhos e brincadeirinhas.
Realmente o espírito festeiro é genético...
Catarina já mostrou que tem personalidade forte e sabe curtir a vida. Encheu a mamãe de orgulho...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

BH: a cidade do "não pode"

Aquela velha frase “Belo Horizonte não tem opções de lazer”, tão entoada há alguns anos por insatisfeitos com a programação cultural da cidade, já não faz o menor sentido. Pelo contrário, a capital mineira está bem suprida de eventos que atendem a todos os gostos e, melhor ainda, oferecidos de forma bastante acessível – gratuitos ou com ingressos baratos. Com a ampliação das leis de incentivo, muitos festivais têm deixado o plano das ideias para finalmente serem praticados.

Mesmo assim, para que toda a população realmente usufrua da programação cultural, é necessário dar mais alguns passos. O primeiro deles é discutir o conceito de uso do espaço público entre os administradores da cidade. Afinal, de que adianta ter um espaço esplendoroso como o Palácio das Artes se a maior parte dos belo-horizontinos se sente constrangida em entrar ali? Seguranças de terno e gravata na porta, implicitamente, dão o recado: aqui a entrada é franca, mas não é para qualquer um.

Belo Horizonte é uma cidade que não sabe convidar seus moradores a saírem de casa e usufruírem o espaço público. A cidade conta com diversos parques, mas em todos há uma grande lista de restrições: não pode entrar com cachorro, não pode entrar com bicicleta, não pode tocar nas plantas, não pode pisar na grama. Não pode, não pode. O famoso piquenique, tão cultuado na Europa, está fora de cogitação. Mas nem tudo está perdido: pode-se caminhar na trilha determinada e pode-se conversar – mas não muito alto, para não quebrar a Lei do Silêncio.

Recentemente, a Prefeitura de Belo Horizonte se deparou com um grande grupo de jovens indignados com as restrições ao uso da Praça da Estação, imposta por meio de decreto. Divulgou-se muito que a indignação estava relacionada ao possível fim dos shows na praça, mas na verdade a moçada queria mesmo era debater o uso do espaço no dia a dia. Por que não ligar as belas fontes durante todo o dia e não apenas em horários determinados e restritos? Por que não permitir que os belo-horizontinos tomem banho de fonte em dias de intenso calor? Para alguns administradores, é preferível deixar a paisagem desértica da Praça da Estação inabitada, livre de pivetes interessados em se banhar e se refrescar.

Não só os moradores de Belo Horizonte como todos os turistas poderiam ser convidados a usufruir o espaço público e a riquíssima programação cultural que tomou todo o calendário da cidade. BH não é terra de esportes radicais – como tentou-se vender (erroneamente) no passado – nem é só a capital dos botecos. Aqui, é a terra do Palácio das Artes, do Museu da Pampulha, do Parque Municipal, da Barragem Santa Lúcia, do Museu de Mineralogia, da Praça do Papa...

Caidinho...

Santo Deus, como anda caidinho esse meu blog... isso que dá escrever profissionalmente. Passo o dia todo quebrando a cabeça para escrever bem para o jornal, que deixo de escrever por esporte...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Popularização dos e-books

Matéria minha publicada no último sábado:


A popularização dos livros eletrônicos pelo mundo está prestes a mudar paradigmas no mercado editorial. O aumento de leitores que possuem aparelhos Kindle, Nook ou iPad nos Estados Unidos já interferiu nos negócios das maiores lojas desse país. Recentemente, a Amazon divulgou que o número de vendas dos livros digitais já superou o do formato tradicional - nos últimos três meses, para cada cem livros de capa dura, a empresa vendeu 143 livros digitais. Detalhe: títulos gratuitos não foram incluídos nessa conta.


O impacto disso na vida dos leitores e no rendimento das editoras é muito claro. Com os chamados e-readers, as pessoas têm às suas mãos uma praticidade impressionante, pois podem carregar milhares de páginas de livros em um único aparelinho que pesa poucas gramas e pode facilmente ser carregado na bolsa. Por outro lado, as editoras terão de repensar seu sistema de faturamento, porque os valores de seus produtos não vão mais variar de acordo com o material dos livros, já que para os títulos digitais, a única coisa que importa é o conteúdo.
Na véspera do Dia do Escritor, o HOJE EM DIA perguntou àqueles que vivem das obras que produzem se as mudanças tecnológicas podem afetar os seus trabalhos. Afinal, a popularização dos livros eletrônicos também afeta o ofício do escritor?
De acordo com o poeta, ensaísta e contista mineiro Iacyr Anderson Freitas, muitos profissionais das letras devem mudar seu estilo para se adequar às demandas novas que o mercado deve trazer em breve. "Aquele escritor que é voltado para o mercado provavelmente vai mudar sua escrita. Antes, os best-sellers precisavam ter uma grande quantidade de páginas para justificar seus preços, mas isso deve ser alterado pelos livros eletrônicos. Obras com muitas páginas podem ficar cansativos num Kindle e vai ser necessário oferecer ao o leitor uma leitura mais ágil. Com o tempo, os autores vão se adaptar ao novo nicho de mercado dos leitores de e-books", explica.
Mas se o escritor não produz seus livros visando vendas, as novas tecnologias não lhe trarão grande impacto, segundo Freitas. "A literatura que não tem um espelhamento de mercado óbvio, como a poesia e os contos, ainda possui um grande diálogo com a tradição. É claro que vai sofrer algumas modificações com o tempo, mas a velocidade da alteração vai fluir de uma forma mais lenta", afirma.
Para Freitas, os e-books poderão contribuir para a popularização da leitura, já que um título eletrônico pode ser comercializado por poucos reais. Conforme um levantamento do Instituto Pró-Livro, elaborado em 2007, há cerca de 95 milhões de leitores que leem, em média, 1,3 livros por ano.
"Os romances devem ganhar edições primorosas, para ficar nas estantes, mas aqueles manuais que merecem constantes atualizações, os dicionários e os livros de entretenimento certamente vão ser muito apreciados na versão eletrônica", analisa o escritor.
O romancista Pedro Maciel diz que as novas tecnologias já influenciam os trabalhos dos autores. "Recebo e-mails de leitores de todas as partes do país e, às vezes, de outros países. Pode-se dizer que a internet está para os nossos dias assim como a invenção da prensa está para os tempos medievais. Enganam-se os críticos que afirmam que a nova geração não está lendo ou escrevendo. Eles estão lendo e escrevendo mais do que as gerações passadas e também estão revolucionando a língua, já que ela é um órgão vivo e está sujeita à modificações", opina Maciel, que acredita que as próximas gerações não terão mais um grande contato com os livros impressos.
Já a escritora Maria Esther Maciel acredita que o livro de papel ainda terá público cativo por muitos anos. Assim como muitos autores têm uma relação de afeto grande com o objeto livro, boa parte de seus leitores também tem.
"Não dá para prever o que vai acontecer com o livro, mas acredito que os dois suportes (eletrônico e impresso) vão conviver simultaneamente. Eu tenho uma relação importante com o objeto, gosto da textura e do cheiro de um livro. Vejo-o como imprescindível na minha vida. Encaro o e-book como algo que vai contribuir muito para o acesso à literatura, mas isso não vai acabar com o tradicional", conta Maria Esther, que não pretende mudar sua escrita para adequar seus textos à nova realidade dos Ipads e Kindles.
Mas no campo dos livros científicos, as novas tecnologias talvez não tragam tantas mudanças. De acordo com a historiadora Mary del Priore, há barreiras a serem ultrapassadas antes que os e-books científicos ganhem espaço no mercado. Afinal, o próprio meio acadêmico enxerga com preconceito a difusão de conhecimentos para o grande público.
"O crescimento da venda de livros teóricos e de história passa pela ultrapassagem de outros obstáculos. O da linguagem é, talvez, o mais nevrálgico. Nosso maior problema e adequarmos conceitos e conteúdos de forma a difundir horizontalmente o conhecimento. É preciso adequar nosso textos aos usos pedagógicos da internet ajudando a renovar os métodos educativos sobre a disciplina. Para isso a vulgarização do conhecimento histórico é fundamental", explica.
A mudança, segundo ela, não passa pelo mercado editorial, mas sim pelos acadêmicos. "Para vendermos mais livros de história não precisamos de livros eletrônicos, mas de uma linguagem fácil, clara e acessível para multiplicar leitores".
É bom lembrar que, embora já seja uma realidade nos Estados Unidos, o livro eletrônico ainda é artigo de luxo no Brasil. O Kindle, criado pela Amazon, pode ser importado, com impostos, por cerca de US$ 500 (ou seja, algo próximo de R$ 1.000). Mais populares no Brasil, os netbooks (aqueles computadores pequeninos, do tamanho de um caderno) também podem ser boas alternativas para a leitura de e-books.
Para os belo-horizontinos apaixonados por novas tecnologias, uma boa notícia: a rede de livrarias Leitura começa a vender versões em português de livros eletrônicos a partir do início de agosto.

domingo, 25 de julho de 2010

Famosos que adoro - Parte 1

Não faço o tipo tiete de ninguém, mas gostaria de manifestar minha afeição por algumas pessoas que fazem o mundo da mídia ser bem mais interessante do que as futilidades tão exaltadas:

Bruno Mazzeo
Nunca gostei muito de Chico Anysio, na verdade, até tinha muito medo dele quando era criança. Mas quando o assunto é o seu filho Bruno... Adoro aquele humor mal-humorado que transformou "Cilada" em um dos melhores programas da Tv brasileira. Trata-se de uma pessoa crítica, que sabe enxergar profundidade no que a sociedade sustenta com superficialidade.

Luis Nassif
O único jornalista independente brasileiro que sabe questionar com ética e elegância. Seu site é um dos espaços mais democráticos e substanciais da internet no Brasil.

Gisele Bünchen
Até hoje, só vi um erro nesta mulher: desfilar para uma marca de casacos de pele. Tirando isso, é uma pessoa simpática, inteligente e espontânea. Sua entrevista recente no "Fantástico", dizendo que tinha tido o parto em casa e que não ia contratar babá nos primeiros meses de vida de seu Benjamim, foi inspiradora. Enquanto há mulheres no Brasil que estão dispostas a enfrentar estrada para fazer cesária de forma mais barata, a mulher mais linda do país fez questão de ter seu filho da maneira mais natural possível.

Marília Gabriela
Melhor entrevistadora desse país, envolvente, e já fez muito sexo com o homem mais bonito desse país. Quero ser Gabi quando crescer.

Fernanda Montenegro
Ela tem 80 anos e está muuuuuuuito melhor do que qualquer colega com a mesma idade. Com um detalhe: enquanto as outras fazem várias plásticas, ela envelheceu com elegância, aceitando cada ruga que o tempo lhe deu. E continua a ser a maior atriz do país.

Gilberto Gil
Mesmo com tantos anos de carreira, continua compondo e se reinventando. É um grande artista no placo e foi um grande ministro. É a pessoa mais simpática, generosa e acessível que já entrevistei - e olha que ele era ministro na época. E além de tudo, está à frente de todos seus colegas, querendo dispor suas músicas na internet, visando a democratização do acesso à cultura por meio da internet. Gil é o cara.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Catarina - nove meses


O trabalho é tão intenso, a vida é uma grande correria, e quando menos percebemos... o neném já ameaça dar seus primeiros passinhos. A minha linda Catarina não fica mais parada nem quando está no carrinho. Só quer saber de ficar em pé... Dança na frente da TV, conversa com as pessoas que ama, esbanja simpatia em qualquer ambiente...

Direitos autorais: Minc x músicos

Você tem um Ipod? Sabia que está cometendo um crime ao ouvir suas músicas favoritas que gravou nesse aparelhinho? Sabia também que, quando aquele DJ utiliza trechos de músicas, deve pagar direitos autorais sobre todas? Acredita que, até hoje, a prática do jabá é constante pelo Brasil afora e que no Nordeste é comum ver gravadoras pagando para que as rádios não toquem canções dos artistas concorrentes? Já contaram que tirar xerox daquele livro cuja edição está esgotada ou assistir a filme em sala de aula são ações ainda proibidas?


Há um abismo entre as práticas sociais da atualidade e o que está determinado na Lei dos Direitos Autorais. A tecnologia traz novidades e, hoje, a troca de músicas, textos, imagens e vídeos por meio da Internet faz com que as regras referentes aos direitos dos criadores sejam questionadas por muitos intelectuais.


Para tentar adequar as necessidades dos autores às dos usuários, vislumbrando uma realidade de intensa troca de arquivos eletrônicos, o Ministério da Cultura (Minc) lançou, mês passado, consulta pública sobre o anteprojeto que altera a Lei dos Direitos Autorais (nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998).


Entre as propostas estão a criminalização do Jabá, a permissão para cópias de bens comprados legalmente para uso pessoal (como uma cópia do CD para MP3) e a criação de mecanismos para que obras possam ser copiadas para conservação (digitalização de músicas e filmes, por exemplo).


A principal diferença é que a nova legislação prevê espaço para uso amigável e também maior flexibilidade aos autores à discussão de prazos e condições de cessão.


Mas as ideias do Minc não estão sendo bem recebidas por boa parte da classe musical. Dois pontos geram grande polêmica: a criação do Instituto Brasileiro de Direito Autoral, com a finalidade de regular e supervisionar as entidades de arrecadação de direitos, e a retirada do “poder absoluto” do autor sobre sua própria obra – mesmo que o autor não aprove a reprodução de uma música sua, o Ministério da Cultura pode permiti-la, em nome do “acesso à cultura”.


Fernando Brant, presidente da União Brasileira de Compositores (UBC), é categórico ao afirmar que o Minc não pode alterar a estrutura de uma lei votada em plenário, depois de dez anos de reivindicação da classe artística.


“Essa é uma tentativa de intervenção do Estado em um direito privado que é a propriedade intelectual. Poderia haver uma modernização da lei, mas o que eles querem é mudar toda a estrutura”, afirma o compositor mineiro.


Para ele, a fiscalização sobre o Ecad já é feita pelos ministérios da Fazenda e do Trabalho – por ser uma entidade privada – e quem deve observar a arrecadação e a distribuição dos valores referentes aos direitos autorais são os artistas.


Várias associações de músicos e o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) promoveram uma grande manifestação no mês passado, na Sala Baden Powell, no Rio de Janeiro. Entre os artistas presentes estavam Sandra de Sá, Rick (da dupla Rick e Renner), Danilo Caymmi, Fernando Brant, Nei Lopes, Walter Franco e Selma Reis.


A cantora Joelma, sucesso com “Pombinha Branca” há duas décadas, estava entre os indignados. “Nós levamos dez anos para discutir o que desejávamos e já utilizamos a lei há 11 anos. Querem tirar da mão do autor a propriedade”, protesta. “Eu quero ter o direito de dizer ‘não vai tocar’ ou ‘não vai gravar’ a minha música. O que o Ministério pretende é inconstitucional” – afirma a cantora, completando que juristas também estão contra às propostas do Minc.


Durante a manifestação, Joelma cantou a canção que, diz ela, é o hino da luta contra a mudança na lei: “Tira a mão do meu direito/ quem anda direito sou eu/ tira a mão do meu dinheiro/ quem manda nele sou eu”.


Pedro Luís, líder das bandas Monobloco e Pedro Luís e A Parede, também não concorda com a proposta de criação de órgão federal para fiscalizar o caminho do dinheiro dos direitos autorais.


“As associações de músicos têm conseguido se organizar cada vez melhor, evoluíram muito nos últimos anos. Claro que têm que melhorar a arrecadação, mas já é muito melhor do que há 20 anos, quando comecei. Para que aumentar a burocratização se já existe um sistema que funciona?”, opina o músico.


Muitos artistas reclamam que o Minc não os consultou para que o anteprojeto fosse desenvolvido. Mas todos podem dar sua opinião na consulta pública disponibilizada no site do Ministério.


De quem é o som nosso de cada dia?


De acordo com Renato Dolabella, professor universitário e advogado especialista em Propriedade Intelectual, o que está em discussão, com a proposta de nova lei dos direitos autorais, não é a existência de uma entidade de arrecadação de direitos autorais, como o Ecad, nem a necessidade de se pagar os direitos devidos aos criadores. Para ele, o que Estado e sociedade civil devem levar em conta é a busca do equilíbrio entre interesses dos autores e dos usuários da arte.


“A consulta pública é muito positiva, pois a legislação merece uma revisão. Há uma série de questões que merecem uma discussão mais profunda e crítica”, registra o advogado, que acredita na importância de se rever o trabalho do Ecad.


De acordo com Dolabella, o Ecad está sendo investigado pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça por formação de cartel. “O Ecad é formado por várias associações e todas estipularam o mesmo valor pelas músicas. Isso atrapalha a concorrência no mercado fonográfico. Cada associação poderia ter um preço, e uma rádio, por exemplo, escolheria tocar as músicas daquela que oferece os melhores valores”, explica o especialista.


“Ninguém questiona a existência do Ecad, mas sim a forma com que seu trabalho é exercido, se sua atuação é abusiva ou não”, completa.


Para Fernando Brant, direitos do consumidor não podem ser colocados no mesmo baú dos direitos autorais. “Quando minha música é tocada numa rádio ou numa televisão, não há uma relação entre mim e o consumidor. A relação é entre ele e a emissora. Quem estipula o preço somos nós músicos. Quem não concorda em pagar os direitos não pode tocá-la”.


O compositor mineiro Celso Adolfo espera que essa conversa não caminhe para o fim das entidades de arrecadação. “Já vi muitos políticos desejando o fim do Ecad. Como eles são donos de emissoras de rádio e TV, querem que o direito autoral acabe para terem maior lucro. Mas se eles podem ganhar dinheiro com a música em seus programas, por que nós artistas também não podemos?”, questiona.


Vander Lee afirma que o problema não é a legislação, mas a arrecadação. “A minha carreira só cresce e os meus rendimentos caem porque não há arrecadação na internet. Quem deve pagar pelos direitos autorais são os donos dos portais, que ganham dinheiro com publicidade em páginas que disponibilizam nossas músicas gratuitamente. Temos que encontrar uma maneira de tributar a distribuição de músicas na internet”, afirma Vander Lee.


Vitor Santana vê pontos positivos nas propostas do Minc. De acordo com o músico, a tecnologia trouxe mudanças nos paradigmas da indústria fonográfica e a legislação deve estar de acordo com as novidades oferecidas pelos meios eletrônicos.


“Fui convencido de que deve haver uma supervisão do trabalho do Ecad, até porque isso existe em boa parte dos países europeus e da América Latina. Também achei ótimo ter a criminalização do jabá”. Entre os 20 maiores mercados de música no mundo, o Brasil é o único que não possui estruturas administrativas estatais para supervisionar esse tipo de arrecadação.


Mas o cantor e compositor acredita que se deve respeitar o pagamento devido aos autores, principalmente porque muitos compositores vivem apenas de seus direitos autorais, pois não fazem shows. “Meus parceiros Fernando Brant e Murilo Antunes não podem ser prejudicados depois de terem sido pessoas importantes para a construção do patrimônio cultural brasileiro”, registra Santana.


Outros artistas têm defendido a iniciativa do Minc. Tim Rescala, Roberto Frejat e Luiz Caldas são alguns nomes que já se pronunciaram, publicamente, pela criação de um órgão que possa fiscalizar a atuação do Ecad.


Em artigo publicado no jornal “O Globo”, o antropólogo e criador do site Overmundo, Hermano Vianna, é um dos defensores das mudanças previstas no anteprojeto.


“Ter um carro é diferente de ter um livro. Se alguém rouba meu carro, fico sem o carro. Mas, se alguém me rouba um livro já lido, fico sem o objeto de papel; porém, seu conteúdo continuará presente em minha memória, já misturado às minhas próprias ideias, gerando novas ideias impulsionadas pela leitura. O conteúdo do livro passa a ser propriedade coletiva depois de determinado tempo, podendo ser usado por todos, em nome do bem comum”, escreve Vianna.


Por nota, o Ecad afirma que só vai se pronunciar após analisar na íntegra o anteprojeto.


A entidade diz ainda que seu trabalho é auditado anualmente por empresas independentes de renome no mercado e pela Receita Federal.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Vício?

Fiquei dez dias sem meu computador. Há alguns anos, isso não seria um problema. "Já passo o dia todo em frente ao computador. Por que vou fazer isso em casa?", eu costumava dizer.
Mas hoje a história é outra. Não sei bem se é culpa da minha quietude - afinal, agora tenho que ficar em casa em praticamente todas as noites - ou se fiquei viciada mesmo. Só sei dizer que ficar longe do Twitter por muito tempo ou ficar sem poder carregar minhas fotos são motivos para me deixar bem incomodada.

domingo, 20 de junho de 2010

Não sou nenhuma especialista em literatura e essa nem é a área que cubro atualmente no caderno de Cultura do Hoje em Dia. Mas calhou de eu escrever sobre a morte do meu escritor favorito por uma brincadeira do destino. Dois dias antes da morte de Saramago, eu havia recebido por email a entrevista com seu biógrafo.
Muito difícil escrever sobre um escritor muito genial. Qualquer coisa que se diga sobre ele é muito pequeno. Mesmo assim, escrevi sobre duas matérias sobre Saramago e a primeira parte publico logo abaixo.


Morre, aos 87 anos, o escritor português José Saramago

José Saramago se despede como comunista convicto e o único Nobel da literatura em língua portuguesa. Confira infografia com as principais obras do escritor


O mundo não perdeu nesta sexta-feira (18) apenas um dos maiores sucessos editoriais das últimas décadas e único escritor de língua portuguesa laureado com o Prêmio Nobel de Literatura. A morte de José Saramago significa muito mais que o fim da produção de belas e polêmicas obras: simboliza também a despedida de uma geração que acreditava em presenciar um mundo mais igualitário. Comunista e humanista, o escritor português soube, como pouquíssimos, questionar em seus livros as instituições, o individualismo, o materialismo e a pequenez dos homens.

José Saramago morreu aos 87 anos, enquanto tomava café da manhã com a mulher, Pilar del Rio, na sua casa em Lanzarote (Ilhas Canárias). Ele foi hospitalizado diversas vezes nos últimos anos, principalmente por conta de problemas respiratórios.

Saramago nasceu na aldeia ribatejana de Azinhaga, no dia 16 de novembro de 1922. Seus pais foram para Lisboa antes dos três anos de idade do escritor. Ele fez estudos secundários que não concluiu por consequência de dificuldades econômicas.

Em 1972 e 1973, ele fez parte da redação do Jornal “Diário de Lisboa”, onde foi comentarista político, tendo também coordenado, durante alguns meses, o suplemento cultural da publicação. Entre abril e novembro de 1975, foi diretor-adjunto do “Diário de Notícias”. Desde 1976, vivia exclusivamente do seu trabalho literário.

Embora seu primeiro romance, “Terra do Pecado” tenha sido lançado em 1947, Saramago ganhou notoriedade em 1980, com “Levantando do Chão” – que viria a inaugurar o chamado “estilo saramaguiano”: a narrativa fluida, próxima da oralidade, que desobedece as normas formais da linguagem.

Ele criaria depois grandes sucessos editoriais como “Memorial do Convento”, “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, “A Caverna” e “Ensaio sobre a Lucidez”, “A Viagem do Elefante”, entre outros.

Best-seller absoluto, “Ensaio sobre a Cegueira” recebeu adaptação cinematográfica em 2008, dirigida por Fernando Meireles e protagonizada por Julianne Moore.
Em 1995, José Saramago ganhou o Prêmio Camões e, em 1998, recebeu o Prêmio Nobel da Literatura – feito que, até o momento, nenhum outro escritor de língua portuguesa alcançou.

A polêmica foi uma constante em sua carreira, especialmente em 1992, quando o secretário de Cultura português vetou a indicação de “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” para Prêmio Literário Europeu. Na obra, o autor aproximava o protagonista da mortalidade, dando voz a um personagem que nasceu do amor entre Maria e José, casou-se com Maria Madalena e questionou a necessidade da crucificação. O ateu Saramago voltou a polemizar ao fazer uma nova releitura da Bíblia em seu último romance, “Caim”, publicado no ano passado.

O ateísmo de Saramago não era evidente apenas em suas obras, mas também uma constante nas inúmeras entrevistas que concedeu ao longo da carreira. Proferida aos quatro ventos, “O cérebro humano é um grande criador de absurdos e Deus é o maior deles” foi uma das frases mais marcantes ditas pelo escritor. Além da crença em uma força divina, a Igreja Católica era seu alvo rotineiro.

Em 2005, ele esteve em Belo Horizonte para lançar o romance “Intermitências da Morte” (livro que mostra o que aconteceria em uma cidade onde as pessoas deixassem de morrer). Saramago afirmou ao HOJE EM DIA que não sentia qualquer medo de perder a vida. “Quando tinha 16, 17 anos, e penso que isso deve acontecer com todos os homens, surgem aqueles momentos em que deixamos de ser crianças e a ideia da morte se apresenta com muita crueza. Hoje, com minha idade avançada, não vivo com a obsessão da morte”, relatou o escritor em entrevista ao repórter Alécio Cunha.

Nesta mesma entrevista, exibindo grande humildade, Saramago disse que todos os homens são filósofos e que não é preciso ter uma avançada instrução para se refletir sobre as questões mais profundas da humanidade. “Qualquer pessoa chegará, um certo dia, a pensar nas coisas sérias deste mundo, incluindo a morte. Isso já é uma atitude filosófica. Não me proponho a nenhuma reflexão profunda. Sou um ser humano qualquer, só que com um pouco mais de informação”.

sábado, 5 de junho de 2010

A tecnologia nos deixou caretas?




Semana passada, estive em São Paulo para ver a banda que mais idolatrei durante a adolescência: o Aerosmith. No Parque Antártica, cerca de 40 mil pessoas se apertaram para ver os pais do Hard Rock. E não faltaram hits - eu até tenho uma lista de músicas que gostaria de ter ouvido no show, mas ficaram de fora.
Mas, diferente do que eu imaginava, o público não pulou e "bateu cabeça" no bom e velho estilo rock and roll. Quando se olhava para a pista da arquibancada (onde eu estava), tudo o que se via era um monte (e põe monte nisso) de luzinhas de câmeras. A grande maioria das pessoas preferiam assistir a apresentação olhando para o visorzinho da câmera, do que pular e dançar ao som dos inúmeros sucessos do set list.
Eu já havia ficado impressionada com esse fênomeno no show dos Cramberries, mas não imaginava que se repetiria de tal forma no Aerosmith. Afinal, quando eu era adolescente e o Aerosmith era um dos principais nomes da música mundial, nós roqueiros "batíamos cabeça" em todos os shows. Todos mesmo.
No Parque Antártica, não pude deixar de me perguntar: a tecnologia nos deixou careta ou ela simplesmente reflete a caretice da minha geração, que deixou o rock para o passado e agora prefere assistir o mundo de uma telinha? A maioria esmagadora do público estava nas casas dos 30, assim como foi no Cramberries. Por isso não posso generalizar, não sei como tem se comportado o pessoal que acabou de sair da adolescência. Mas como esses já escutam muitas bandas emo, dificilmente conseguirão fugir da caretice balzaquiana daqui a alguns anos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Verba emperrada em Minas

Segue a reportagem "Verba emperrada", feita por mim e Bruno Moreno, que saiu hoje no Hoje em Dia. Sem rabo preso com o governo!


Dois dos principais programas culturais planejados para serem executados em Minas Gerais neste ano estão travados pela Secretaria de Estado da Cultura. Cem Pontos de Cultura continuam no papel e o Música Minas foi interrompido. O motivo: a resolução 23.089 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que impede a transferência de recursos públicos para entidades privadas em 2010, por ser um ano eleitoral.


A implementação dos cem Pontos de Cultura, que deveria ter sido realizada em 2009, demanda R$ 18,1 millhões, sendo R$ 12,1 milhões do Ministério da Cultura e R$ 6 milhões como contrapartida do Governo do Estado. O Música Minas receberia recursos estaduais que somam R$ 1,55 milhão.


Os Pontos de Cultura fazem parte do Programa Mais Cultura, do Ministério da Cultura (Minc), em parceria com os Governos Estaduais de todo país. Enquanto em Minas há um entrave para a implementação do programa, em todos os Estados da Federação, com exceção de Paraná e Rio Grande do Sul, os pontos estão em pleno funcionamento. Os projetos foram aprovados em julho de 2009, mas até agora não foram assinados. O argumento da Secretaria Estadual de Cultura é que a legislação eleitoral (lei 9.784/99) não permite. A decisão está baseada na Nota Jurídica número 2.264, de 14 de abril de 2010, em que a Advocacia-Geral do Estado (AGE) determinou que em todo o ano de 2010 não seja celebrado nenhum convênio entre órgão da administração pública estadual e entidades privadas sem fins lucrativos, prevendo o repasse de bens, valores e serviços para reverter para à população.


Entretanto, 20 dias depois, dia 4 de maio, o consultor jurídico do Minc Cláudio Péret Dias emitiu despacho (processo 01400.007052/2010-47) afirmando categoricamente que a legislação eleitoral não se aplica a “convênio, assumindo obrigações e, eventualmente, prestando contrapartida financeira ou em bens e serviços economicamente mensuráveis, tal como ocorre no Programa Mais Cultura/Pontos de Cultura”. Inclusive, secretários do Minc já vieram a Belo Horizonte negociar com o Governo de Minas o repasse dos recursos para os Pontos de Cultura do Estado.


O secretário de Estado de Cultura, Washington Mello, afirmou que está buscando soluções jurídicas para o impasse com colegas de outras localidades. “Em vários Estados foram assinados os convênios em 2009 e a liberação vem sendo feita ao longo de 2010. O Governo de Minas, por orientação da AGE, está consultando outros Estados, inclusive Bahia e Acre, sugeridos pelo MinC, para saber se firmaram convênio em 2010 para Pontos de Cultura e qual foi o argumento jurídico que resguardou as atitudes das Secretarias de Estado”, explicou.


Segundo ele, a AGE só permitiria o repasse de verbas se os pontos fossem programas sociais autorizados em lei e em execução orçamentária desde 2009 ou se fossem oriundos de convênios com contrapartida financeira ou de bens e serviços – o que não é o caso.


Mas a pergunta que fica para os realizadores culturais que conseguiram aprovar os Pontos de Cultura no difícil processo seletivo, é por que os convênios não foram assinados no ano passado, quando não havia restrição em relação à legislação eleitoral? O Minc recomenda aos conveniados que as assinaturas sejam feitas logo após o processo seletivo, ou seja, isso poderia ter sido feito há 11 meses, quando o comando da Secretaria de Cultura de Estado era de Paulo Brant. Procurado pela reportagem, o ex-secretário não retornou às ligações até o meio da tarde de quarta-feira (26).


De acordo com o atual secretário de Estado de Cultura, Washington Mello, os convênios poderiam realmente ter sido assinados em 2009, mas não houve entendimento entre a secretaria e os proponentes, até o final do ano passado, em relação à documentação exigida. Os projetos não estariam de acordo com as normas exigidas e isso teria atrasado a implementação dos Pontos de Cultura.


Mas como a Resolução 23.089 do TSE foi publicada em 1° de julho de 2009, a Secretaria de Estado de Cultura já sabia do impedimento legal e teve um semestre para avaliar e resolver os problemas da documentação dos proponentes, para que a implementação dos Pontos de Cultura pudesse ser oficializada antes de 1º de janeiro de 2010. Somente em 25 de março deste ano que a procuradora do Estado Juliana Schidt Fagundes comunicou à Consultoria Jurídica da AGE do problema do repasse de verbas.


De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura, a não assinatura dos convênios não invalida o processo de seleção, mas inviabiliza o cronograma inicial, além de prejudicar o atendimento nas comunidades em que os pontos estão inseridos. Os recursos bloqueados pela AGE devem ficar aplicados, e os rendimentos deverão ser usados no objeto do convênio após solicitação formal ao Minc ou deverão ser devolvidos para a União após o encerramento do convênio.


Dentre os cem projetos dos Pontos de Cultura aprovados em Minas Gerais, um deles é o “Favela é isso aí”, que atua com produção de comunicação e informação com jovens de aglomerado de toda a capital. Para a produtora Clarice Libânio, é possível que tenha havido no ano passado uma ingerência para que os convênios pudessem ser assinados. Entretanto, em 2010, ela acredita que a Secretaria está agindo de forma política.


O projeto “Favela é isso aí” consiste na transformação da sede da entidade, no Bairro da Serra, em um Centro de Referência da Cultura Popular Urbana e toda a produção será aberta à toda a comunidade. “A justificativa do projeto é o aces[TEXTO]so público à informação. Nós produzimos muita informação, mas publicamos pouco na internet. Não chega a um décimo do que poderíamos”, afirmou Libânio.


O Querubins, ONG que atende 200 crianças da comunidade Acaba Mundo, no Sion, é um dos cem Pontos de Cultura prejudicados. Lá, há projetos para oficinas de vídeo, mas não há infraestrutura para a realização, já que os recursos não foram repassados. “Tenho um déficit de R$ 10 mil por mês e temos que fazer vários eventos beneficentes durante o ano para tentar evitar um rombo. Somos aprovados em projetos governamentais, mas essas verbas nunca chegam”, desabafa Abelardo Castro, gestor administrativo-financeiro do Querubins.

Sem o recurso, toda a cadeia produtiva do Música Minas fica prejudicada

O Música Minas é um programa que incentiva a circulação de artistas mineiros por outros Estados e pelo exterior, permitindo assim uma maior divulgação da arte produzida no Estado. Como seus recursos são originários do Tesouro Estadual e os participantes do Fórum da Música são entidades privadas, a Advocacia Geral do Estado (AGE) entende que o repasse de recursos públicos para elas está vedado pela mesma Resolução 23.089.


A decisão de impedir que os recursos destinados ao programa pegou os artistas de surpresa. “Só soubemos do impedimento em abril. Se tivéssemos conhecimento disso no ano passado, poderíamos ter nos planejado, buscando alternativas ou procurando fazer o convênio em dezembro. Agora os 25 artistas contemplados deixam de viajar e assim ficam prejudicados toda uma cadeia produtiva formada por produtores, técnicos, donos de casas de shows, entre outros”, afirma Cláudia Brandão, membro do Fórum da Música e diretora do Museu Clube da Esquina.


Segundo ela, no ano passado os músicos que viajaram pelo Música Minas fizeram questão de falar em suas apresentações sobre as vantagens do programa e produziram ainda um catálogo e um DVD. “Vendemos para o mundo algo que hoje não existe. Essa descontinuidade faz com que percamos a credibilidade que ganhamos no mercado”.


Na quarta à noite, na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, os membros do Fórum da Música se reuniram com a classe artística para um debate sobre a descontinuidade do Fórum Minas. Em pauta, o fato de outros convênios do Governo de Minas terem sido renovados e a legalidade da determinação da AGE.


Em carta aberta, o Fórum da Música afirma que o ex-secretário de Estado de Cultura Paulo Brant garantiu em dezembro de 2009, em assembleia do setor, que o programa não seria interrompido.



quarta-feira, 12 de maio de 2010

Como não ser coruja?

Catarina veio ao mundo para ser muito especial não só para mim mas para todos que tiverem oportunidade de ter contato com ela. Além de ser uma neném muito linda e dona de uma simpatia fora do comum, ela é incrivelmente desenvolta. Antes de completar 30 dias de vida, ela já levantava o pescoço e assim permanecia por mais de um minuto. Prestes a completar seis meses, ela já estava ficando sentada e mamava sozinha, segurando a mamadeira. Duas semanas depois se aprender a sentar, ela já decidiu desvendar o mundo pelo chão. Assim que completou meio ano de vida, Catarina já aprendeu a engatinhar e agora se arrasta pelo chão de casa.
Eu acreditava que as próximas novidades só viriam depois do aniversário de sete meses, mas a neném já deixou o coração da mamãe acelerado novamente. Hoje ela ficou em pé no berço, sozinha, querendo ir até o gato, que acabava de entrar no quarto. Isso me encheu de felicidade, mas também de medo, já que se aproxima a possibilidade dela saltar para fora do berço.
Já contei essa história várias vezes hoje, tamanho é o orgulho que tenho sentido da minha filhinha. Espero saber estimular sua inteligência inegável nos próximos anos...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Literatura para Geração Y

Recentemente, fiz uma matéria para o caderno Plural sobre quais livros podemos indicar para adolescentes que gostam mais de computadores do que de papel. Afinal, o pessoal tá ficando tanto tempo em frente ao computador, que a leitura tem ficado em último plano.
Eu não pude dizer na matéria a minha sugestão. Aqui eu posso. Se eu conhecesse um jovem que não gosta muito de ler, eu recomendaria a ele Mario Prata, Luis Fernando Verissimo, Rubem Braga ou Rubem Fonseca. O Código da Vinci, de Dan Brown, também é bem convidativo. Machado de Assis, só depois dos 20 anos de idade...
Abaixo, a reportagem.


BOM E PARA SEMPRE

Autores e especialistas ensinam o caminho para o insubstituível prazer da leitura em tempos de Geração Y

CINTHYA OLIVEIRA

REPÓRTER


Em tempos de videogames, chat, MSN, Orkut, Facebook, Twitter e Youtube, os adolescentes são bombardeados constantemente por estímulos das mais diferentes mídias eletrônicas. A leitura que os jovens do século XXI conhecem, certamente, não é a mesma daqueles do século anterior. Afinal, o ciberespaço dispensa a linearidade e a forma planificada. Na Internet, a leitura não é mais feita da esquerda para a direita, de cima para baixo, mas sim um espaço para múltiplas visualizações. Nada impede que uma pessoa visualize um vídeo, uma foto e um texto, enquanto conversa com amigos pelo MSN. Tudo ao mesmo tempo.

Mas a Geração Y - nome dado a esses adolescentes que conseguem exercer diversas tarefas ao mesmo tempo em frente ao computador - pode enfrentar sérias dificuldades quando se depara com uma atividade tão simples, linear e que exige grande concentração como a leitura de um livro. Para muitos adolescentes, sentar-se num sofá por uma hora para desfrutar de um romance pode ser uma verdadeira tortura. Ainda mais se essa ação for obrigatória - quantas pessoas você conhece que aprenderam a odiar Machado de Assis por que foram obrigadas a ler "Dom Casmurro" para uma prova quando tinham 15 anos?
Resolvemos, então, perguntar para alguns intelectuais que tipo de literatura podemos apresentar aos adolescentes da Geração Y para que tomem gosto pelos bons e velhos livros de papel.
Algumas pessoas acreditam que o caminho para o prazer da leitura está nos títulos da moda. Nesse momento, os jovens que já adquiriram o gosto por ler transformaram em best-seller a série "Crepúsculo", de Stephanie Meyer: "Crepúsculo", "Lua Nova", "Eclipse" e "Amanhecer". O criador do projeto Sempre um Papo, Afonso Borges, aposta nas histórias do vampiro Edward para conquistar os adolescentes.
"Não adianta inventar a roda. Se o adolescente não tem o hábito da leitura, não adianta indicar um clássico fantástico, ou mesmo um moderno interessante. O importante é ler, ter a companhia do livro. E o modismo, nesses casos, é bom. Eu fui obrigado, na minha adolescência, a ler livros horrorosos, difíceis. Por prazer, o adolescente deve ler o que está na moda. Para depois conversar com os amigos, discutir na sala de aula, conversar na hora do lazer. Quem sabe, um dia, um dia ele escolhe um clássico, maravilhoso", opina Borges.
Depois que o jovem tomou gosto pela literatura de terror, seus pais ou professores podem apresentar para eles alguns dos grandes clássicos como "Frankenstein", de Mary Shelley, "Drácula", de Bram Stoker, ou "O Médico e o Monstro", de Robert Louis Stevenson. .
O jornalista e escritor Petrônio Souza Gonçalves aposta nesses clássicos. "Sugiro a eles as histórias que o tempo não levou, como 'Frankenstein', um clássico da literatura universal. O que mais marca a saga de Frankenstein é a ausência da paternidade, a solidão, o vazio. Tem algo de muito significativo aí, isso é atemporal, o que faz a história não ser desse ou daquele povo, desse ou daquele tempo, faz ser uma história universal", diz. Ainda na linha dos clássicos universais, ele sugere o eterno sucesso "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry.
O escritor e presidente da Academia Mineira de Letras, Murilo Badaró, aconselha pais a buscarem na literatura clássica os títulos que mais possam causar empatia com os jovens leitores. "Se fosse dar conselho a um jovem sobre quais os livros com que deveria começar recomendaria as histórias 'As Mil e uma Noites', os contos de Hans Christian Andersen e dos irmãos Grimm, passando pouco a pouco para José de Alencar, Manoel Antônio de Almeida e os brasileiros do século XIX, até chegar a Machado de Assis. Há várias alternativas que podem seduzir os jovens", afirma.




Quem também aposta em títulos da literatura clássica para chamar a atenção da Geração Y é a criadora do Fórum das Letras de Ouro Preto, Guiomar de Grammond. Especialmente para os meninos, ela sugere "Os Meninos da Rua Paulo", de Ferenc Molnár, "As Aventuras de Tom Sawyer" e "As Aventuras de Huckleberry Finn", de Mark Twain.

"São aventuras mais rurais do que urbanas, mas desenvolvidas com muita sensibilidade, com um olhar muito rico sobre o mundo, além de refletir um pouco os desejos de qualquer menino", conta. Para as meninas, ela sugere qualquer obra de Inês Stanisiere e Thalita Rebouças. "Seus livros falam de amigas, internet, questões entre mãe e filha. Os livros falam do universos das meninas de hoje", completa Guiomar. Ela aposta em outros autores que escrevem especificamente para o público infanto-juvenil: Pedro Bandeira, Leo Cunha e Sergio Klein, além do eterno clássico Monteiro Lobato.

"O Homem que Calculava", de Malba Tahan, é a sugestão do presidente da Fapemig, Mário Neto Borges. "É uma história muito interessante, que traz alguns problemas de matemática, apresentados de forma atraente. Acredito que, para o público adolescente, essa é uma mistura que funciona: um texto atraente, que desperta o gosto pela leitura, mas que ao mesmo tempo exercita a mente e propõe desafios", opina.

O poeta, professor e músico Francesco Napoli sugere apresentar aos jovens uma literatura que esteja de acordo com a inquietude natural da idade. "Acredito que adolescentes se interessam por questões de seu universo, como o sentimento de inadequação, de não pertencimento. Um livro que desperta esse sentimento e o desenvolve de forma profunda é 'O Mundo de Sofia' de Jostein Gaarder".

Mas se mesmo os clássicos não agradarem ao adolescente, porque o objeto livro ainda lhe é atraente, a opção pode ser apresentar-lhe histórias em quadrinhos. Além das tradicionais revistinhas da Turma da Mônica e dos personagens da Disney, hoje o mercado das HQs oferece um leque enorme de opções. "Hoje existem muitas versões em quadrinhos de clássicos da literatura, que pode ser um meio de colocar o jovem em contato com as nossas melhores histórias", afirma Maria Mazzarello, proprietária da Mazza Edições.

Outra boa forma de aproximar o jovem da literatura é apresentar-lhe crônicas de autores que flertam com o humor. Para o escritor Moacyr Scliar, nada como um bom texto de Luís Fernando Verissimo para agradar um jovem. "São textos curtos, atuais, interessantes, engraçados, redigidos numa linguagem acessível e ao mesmo tempo literária", justifica. A leitura de Verissimo pode aproximar o jovem não apenas do objeto livro, como também do jornal impresso, já que é cronista do HOJE EM DIA, com textos publicados às quintas, no caderno de Cultura, e aos domingos, no Plural.

A arte da poesia pode ser apresentada por meio dos textos do francês Arthur Rimbaud, segundo o poeta e editor Wilmar Silva. "Para não perder a rebeldia, sugiro 'Uma temporada no Inferno', de Rimbaud, porque trabalha com imaginários de ruptura, criando uma poesia em estado de vidência. Alquimista do verbo, ele é o poeta que escreveu com o corpo iluminado pelo espírito".

Já para quem aposta em uma literatura mais atual, porém menos conhecida, para agradar aos jovens, uma sugestão é ficar de olho nos lançamentos. "A Editora 7 Letras tem apresentados textos muitos sedutores assim como a Dubolso de Sebastião Nunes", sugere o poeta Aroldo Pereira, curador do Salão de Poesia Psiu Poético.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Tim Burton

Um dos assuntos do dia é o filme "Alice no País das Maravilhas". Conversando sobre o assunto com um amigo, falando sobre o quanto amo Tim Burton, ouvi uma questão dificílima de ser respondida: qual é o melhor filme de Burton?

Ainda não cheguei a uma conclusão. Gosto de todos, até mesmo de "Peixe grande" (foto), que talvez tenha sido o seu título que agradou menos aos cinéfilos. Suas animações são impressionantes, aliando tecnologia, beleza e qualidade no roteiro. Tanto "O Estranho Mundo de Jack" quanto "A Noiva Cadáver" enchem os olhos de adultos e crianças.

"A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça" nos deixa sem fôlego com uma história envolvente e um ar sombrio que só Burton sabe fazer. Para mim, um upgrade no também genial "Edward Mãos de tesoura".

"A Fantástica Fábrica de Chocolate", "Marte Ataca!", "Planeta dos Macacos"... Adoro! Adoro! Adoro!

Mas acho que, depois de pensar e pensar no melhor, acredito que consegui eleger um: "Ed Wood". Afinal, uma biografia do pior cineasta de todos os tempos só poderia ser feita por alguém tão visionário.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Tarantinooooooooooo!!!


Ontem assisti finalmente a "Bastardos Inglórios" e admito ter sentido uma catarse quase tão forte quanto a oferecida em "Dogville". Fico fascinada em ver como Tarantino consegue manter sua assinatura única e ser, ao mesmo tempo, tão inventivo. Sua apologia à violência, que revolucionou o cinema no início dos anos 1990, ainda rende um ótimo caldo. E que caldo! Quando você acha que a violência pop do diretor vai se esgotar... BANG! Lá vem ele com outra pérola!
Assim como os excelentes "Cães de Aluguel" e "Pulp Fiction", "Bastardos" possui uma história cheia de reviravoltas, cenas engraçadíssimas e um final bem inesperado. Talvez o final mais inesperado de todos os Tarantinos.
Recomendo, principalmente para os meus amigos historiadores, que ficarão extasiados com essa versão única da Segunda guerra Mundial.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Brasil premia a homofobia

Este ano, tomei a decisão de não assistir ao Big Brother Brasil, porque fico muito envolvida sempre que acompanho o programa e a partir de agora tenho que otmizar melhor o meu tempo livre - que começas às 20h, quando Catarina cai no sono. Mesmo assim, não pude deixar de acompanhar a décima edição à distância. Não torci por ninguém, apenas torci contra o lutador Marcelo Dourado, um homófico declaradíssimo. É, mas obviamente a minha torcida não muda nada em relação à condução do programa que há quaee uma decada é sucesso incontestável. O tal fortão machão ganhou R$1,5 milhão.
Não fico triste ao pensar que uma pessoa mais legal poderia ter levado essa bolada para casa. Fico arrasada ao ver que na edição em que Boninho colocou três gays assumidos e um rapaz que pode sair do armário a qualquer momento, as pessoas preferiram premiar um homem que afirmou desejar bater em uma mulher e que só gays pegam Aids.
Por meio de um programa de televisão, o Brasil se revelou homofóbico. O país mostrou que não quer ver transformistas, emos e lésbicas na telinha, mas fortões que não levam desaforo para casa. Fomos além das piadinhas de futebol - como as feitas com o Richarlysson e com a camisa rosa do Galo - e decidimos premiar com dinheiro a postura homofóbica. Nada contra as piadinhas, porque nada mais chato do que gente politicamente correta demais. Mas dar um prêmio milionário a um homem que não esconde o seu desdém em relação aos gays él algo que me entristece. E muito.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Segue matéria minha que o Hoje em Dia publicou no último dia 25. Espero que seja de bom grado para quem gosta de ler sobre autoajuda empresarial. Eu admito que estou adorando escrever sobre o universo corporativo - embora seja uma profissional bem anticorporativa...

Equilíbrio impulsiona sucesso

Especialistas orientam como usar a inteligência emocional para obter sucesso na carreira

Um discurso corriqueiro no universo corporativo: a inteligência emocional (QE) é fundamental para o sucesso de uma carreira profissional. Se antes as empresas estavam preocupadas em contratar pessoas com alto QI (índice de capacidade cognitiva), hoje elas preferem funcionários que tenham controle sobre seus sentimentos e saibam se relacionar harmonicamente com colegas e subordinados. Mas, afinal, como desenvolver a QE, tão apreciado nos setores de recursos humanos?Segundo o psicanalista, administrador e consultor de empresas Osório Roberto dos Santos, a inteligência emocional é inerente ao ser humano, pois todos têm a capacidade de perceber a realidade por meio de seus próprios desejos. Mas as pessoas que conseguem equalizar melhor o mundo exterior com suas ansiedades são aquelas que passaram por um processo de autoconhecimento.
“A sabedoria está em saber quais são os meus desejos e entender que os outros também têm os seus próprios desejos. Para que possa trabalhar da melhor maneira possível, tenho que me conhecer, fazer uma leitura fluente da minha vida como se fosse um livro”, explica Santos, completando que as pessoas lançam mão da QE em todos os instantes da vida, mas isso só fica evidente nos conflitos. Ele afirma ainda que o autoconhecimento exige um contato íntimo com um mentor, que pode ser um terapeuta, um parceiro, um professor, um amigo, um parente ou um líder espiritual.
"Uma característica bastante peculiar do ser humano é de que ele precisa sempre do contato com outra pessoa. É da nossa natureza a necessidade da comunicação com o outro, porque somos os únicos animais que aprendem a viver. Mas para que haja o autoconhecimento, é importante o contato com uma pessoa que tenha um perfil de mentor, pois gera admiração. Mas ela não pode reproduzir suas características. A diversidade aqui é fundamental”, diz o consultor. Caso a pessoa não enxergue o mentor em ninguém, o ideal é buscar um psicólogo.
Segredo é tirar proveito dos problemas
O consultor Ricardo Melo afirma que a falta de autoconhecimento se reflete facilmente nas relações profissionais. “Se uma pessoa com baixa autoestima recebe uma crítica de seu chefe, ela reage de forma negativa e fica até depressiva. Agora, quem se conhece bem, entende que seu superior está questionando o trabalho e não a pessoa em si. Encara esses conflitos com muito mais lucidez”, diz.
Ele explica que, para se conhecer com profundidade, deve-se saber as origens dos sentimentos. Por exemplo: as dificuldades do momento existem por que a vida está realmente difícil ou por causa de uma acomodação?
“A primeira fase do autoconhecimento é a mais difícil, porque ela exige que a pessoa deixe de lado as queixas a que está acostumada e vá em busca da resolução para as suas questões. Algumas pessoas conseguem fazer essa autoanálise por meio de informações adquiridas em livros e conversas, outras não dão conta de fazer um autoconhecimento sozinhas e procuram por um profissional”, esclarece Melo.Segundo ele, a busca pelo conhecimento sobre si mesmo é algo que deve ser feito constantemente para que tenha realmente uma inteligência emocional bem desenvolvida. “Tem gente que faz essa reflexão uma vez só na vida. Como um desempregado que busca melhorar sua QE para conseguir um trabalho passa num processo de seleção de emprego, mas, depois que alcança seu objetivo, esquece da importância do autoconhecimento. Essa pessoa corre o risco de cometer os mesmos erros no futuro”, alerta.
Para que a autoanálise seja uma constante na vida de quem deseja ser equilibrado emocionalmente, tanto na vida pessoal quanto profissional, Melo dá uma dica: fique atento às situações que lhe causam incômodo. “Não podemos ver os momentos complicados como inimigos, pelo contrário. Em vez de perguntar ‘Por que comigo?’, pergunte ‘O que posso aprender com isso?’ Essa postura humilde e sábia ajuda muito a resolver os problemas”.
Para explicar a diferença entre quem não sabe racionalizar seu emocional e quem trabalha a própria QE, Melo conta uma metáfora. “Quando você está numa estrada e entra em um nevoeiro, pode ter duas reações: desespera e freia, permitindo que outras pessoas batam em sua traseira, ou reduz a velocidade e continua dirigindo de forma prudente, sabendo que o nevoeiro não vai durar para sempre. Quem domina o seu emocional enfrenta o nevoeiro”.
Psicólogo pode ajudar na autoanálise
A presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Minas (ABRH-MG), Cristiane de Ávila Fernandes, afirma que o exercício de autoconhecimento pode começar com o diagnóstico de um profissional especializado no assunto. “Uma pessoa que faz serviço de coaching pode levantar uma relação de características da pessoa para depois definir estratégias de ações em que serão trabalhadas as questões e reforçados os pontos fortes. Dependendo do diagnóstico, o profissional vai indicar para ela um psicoterapeuta”, conta Cristiane. Segundo ela, os profissionais de recursos humanos também estão se preparando para orientar os funcionários das empresas em que atuam para que realizem um trabalho de autoconhecimento.
Osório dos Santos também acredita que uma empresa pode investir no desenvolvimento da QE entre seus funcionários. Treinamentos, bonificações, palestras e o contato direto com os processos ajudam nisso. O número de empresas interessadas em trabalhar o assunto cresceu de tal forma que o consultor investiu num local dedicado a treinamentos que trabalham o QE – o Espaço Terra, 30 quilômetros São Paulo.
Segundo ele, a QE é uma das principais características dos melhores líderes e gestores, por isso a importância de se conscientizar sobre o assunto as pessoas que fazem parte do universo empresarial. “A legitimação de um líder, portanto, está muito mais diretamente ligada à QE do que ao QI, pois é da perfeita capacidade de coordenação, persuasão, articulação e inspiração que saem as principais metas de liderança”, afirma Santos.Saiba mais em www.culturaegestao.com.br e www.institutoricardomelo.com.br.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Árvore da vida

Segue reportagem minha sobre o projeto social da Fiat Árvore da Vida, publicada ontem no Hoje em Dia.
Conheci o projeto de perto há dois anos, quando trabalhei de forma indireta para a montadora. Acho que ele pode crescer muito ainda, mas com certeza já faz muita diferença na vida de algumas pessoas que vivem em um dos bairros mais violentos da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Ações mudam vida de bairro

Há três décadas, a Fiat anunciou a implantação de uma fábrica em Betim. O fato causou um grande impacto socioeco-nômico: centenas de pessoas de todas as partes de Minas Gerais e do país mudaram-se para a cidade da Região Metropolitana, com esperança de conseguir emprego com carteira assinada na fábrica da montadora italiana. Mas a procura por vagas sempre foi maior do que a oferta e, aos poucos, foram crescendo bairros pobres no entorno da fábrica. Com altos índices de violência, o Jardim Teresópolis e a Vila Recreio se tornaram casos de vulnerabilidade social. No início desta década, a diretoria da Fiat compreendeu a importância de mudar a
realidade da região e realizou um estudo para diagnosticar as características socioeconômicas dos moradores dessas comunidades e partir para ação, buscando a promoção da inclusão social. Com os dados em mãos, a montadora estabeleceu parceria com as ONGs Fundação AVSI e Cooperação para o Desenvolvimento e Morada Humana (CDMH) para a criação de um programa de ações socioeducativas, que visassem diminuir os problemas sociais da região (por exemplo, o fato de que 40% dos cerca de 7 mil jovens de 16 a 24 anos não possuíam nenhuma formação profissional).
Assim, em 2004, nasceu o Árvore da Vida, que conta também com um grupo de parceiros, denominados Rede Fiat de Cidadania, formado por instituições públicas e um conjunto de empresas privadas para o desenvolvimento e apoio nas realizações das atividades em prol da melhoria da qualidade de vida da região. O programa está divido em três frentes de atuação: atividades socioeducativas, geração de trabalho e renda e fortalecimento da comunidade.
"No início do Árvore da Vida, tínhamos dois desafios: estabelecer relacionamento mais próximo com a comunidade vizinha, que se constituiu ao longo de três décadas, e permitir que ela se desenvolva de forma independente, criando mecanismos para melhorar os índices de vulnerabilidade desses bairros", afirma a coordenadora da Área de Relacionamento com a Fiat, Ana Veloso. Segundo ela, a diretoria da montadora percebeu que o caminho para a resolução dos problemas sociais era criar ações nas área de educação e encaminhamento para o mercado de trabalho, gerando empregabilidade na comunidade.
No programa são oferecidas atividades esportivas, oficinas de canto, dança, percussão, memória e história, reforço escolar, alfabetização, formação humana às crianças e adolescentes entre 12 e 16 anos e acompanhamento familiar e escolar. Visando a geração de trabalho e renda, o Árvore da Vida desenvolve também atividades em prol da melhoria da empregabilidade a partir de cursos de capacitação profissional e encaminhamento ao mercado de trabalho, além de manter um Centro de Referência ao Trabalhador, onde os moradores recebem orientações sobre elaboração de currículos e postura em entrevistas, além de ter acesso a livros, periódicos e ofertas de emprego de acordo com suas habilidades. Em parceria com o Isvor, o programa oferece cursos de eletromecânica, eletroeletrônica e funilaria para vagas presentes em concessionárias da Fiat. Dos 102 jovens formados em cursos de formação profissional no setor automotivo, em Betim, entre 2006 e 2009, 88 deles estão inseridos no mercado de trabalho, ou seja, 86%.
No final do ano passado, 191 jovens das oficinas de memória e história, canto, dança e percussão participaram do CD infantil e espetáculo "Árvore da Vida apresenta A Zeropeia", produzido pelo músico Flávio Henrique do Studio Via Sonora. Baseado no livro "A Zeropeia", escrito pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, o espetáculo foi apresentado, entre outros locais, no Teatro Izabela Hendrix e no evento de Natal Vila dos Sonhos da Coca-Cola.
A pré-adolescente Bruna Poliana Rodrigues da Silva, 12, é uma das beneficiadas pelo Árvore da Vida. Há um ano e meio, a garota participa das oficinas de dança folclórica e contemporânea. "Gosto muito das minhas aulas, não falto a nenhuma. Sinto que, depois que passei a frequentar a oficina, houve uma mudança no meu comportamento, agora sou mais comunicativa ao lidar com as pessoas. Agora, não fico mais em casa pensando besteira, mas aproveitando bem o meu tempo", diz a aluna da 6ª série, que pretende fazer cursos de capacitação no futuro.
Moradores estão mais articulados
Um dos principais objetivos do Árvore da Vida na atualidade é trabalhar o empoderamento dos moradores do Jardim Teresópolis, para que o desenvolvimento so-cioeconômico da região seja permanente. Em 2009, foi formalizada a criação de uma rede de gestores locais, que tem conquistado importantes resultados a partir da articulação entre empreendedores do bairro, poder público e Rede Fiat de cidadania.
"Eles saíram da fase do diálogo e partiram para ações concretas. Criaram uma rádio comunitária e estão se articulando para pedir a instalação de uma agência bancária e uma agência dos Correios no bairro. No Natal passado, os comerciantes se juntaram, compraram uma máquina de lavar roupas para um sorteio entre as pessoas que comprassem nas lojas do Jardim Teresópolis. Foi uma maneira de incentivar as pessoas a fazerem suas compras ali e não no shopping", conta Ana Veloso. Essa articulação entre os empresários aconteceu depois que o Árvore da Vida passou a promover um curso básico "Empreendedorismo".
Depois de cinco anos de programa, ainda não há pesquisa completa sobre seu impacto na comunidade, mas alguns resultados já podem ser percebidos no Jardim Teresópolis. "Os números das nossas pesquisas ainda não estão disponíveis para divulgação, mas sabemos que aumentou a sensação de segurança entre os moradores. Isso se deve não apenas ao programa, mas também às ações promovidas pela Prefeitura de Betim. Conversando com as lideranças locais, também percebemos que há agora uma relação mais franca, respeitosa e confiante entre a comunidade e a Fiat", afirma Ana. Ações multiplicadas
Entre os vários braços do programa social Árvore da Vida, a Cooperárvore merece destaque. Formada por 23 moradoras do Bairro Jardim Teresópolis, desde 2004 a cooperativa cria objetos artesanais a partir de materiais recicláveis vindos, em boa parte, da Ilha Ecológica da Fiat e de seus fornecedores. Bolsas, chaveiros, almofadas, jogos e camisetas são alguns dos produtos confeccionados dentro do projeto, que nasceu com o objetivo de ser fonte de geração de trabalho e renda para a comunidade do entorno da fábrica."Nossa linha de produtos sempre conta com materiais reaproveitados. Alguns deles vêm da Fiat, como cintos de segurança ou tecido automotivo, outros nós mesmas compramos, como couro, tecido de algodão ou tecido produzido a partir de garrafas PET", afirma a gerente da Cooperárvore, Luciana de Freitas. Ela explica que as cooperadas trabalham em casa ou no galpão localizado junto à sede do programa Árvore da Vida e recebem o pagamento de acordo com o número de produtos fabricados.
Os principais clientes da Cooperárvore são todas as empresas da Rede Fiat de Cidadania (Fiat Automóveis, seus fornecedores e concessionárias), que encomendam brindes durante o ano todo. Mas a empresa já tem conseguido conquistar novos horizontes. A Speciosa de Moraes Soares, representante de artesanato em Berlim, na Alemanha, encomendou 200 produtos da cooperativa, como capa para notebooks, bolsas femininas, necessaries e chaveiros, feitos com tecido automotivo e cintos de segurança. Esse acordo é uma consequência da participação da Cooperárvore no Salão do Artesanato, realizado em agosto do ano passado para importadores e lojistas. No ano passado, a Cooperárvore participou de 27 eventos, entre eles duas grandes feiras: Conexões Solidárias e Feira Nacional do Artesanato, no Expominas. A cada ano, novos produtos são desenvolvidos por um designer. Em 2010, a coleção tem como tema os pássaros, estampados em bolsas, almofadas e mochilas esportivas. Em 2009, 19.679 peças foram produzidas pelas cooperadas.
Iracema Pereira Costa Salgado, 49 anos, é uma das 23 cooperadas que viram suas vidas transformadas depois que passaram a trabalhar no Árvore da Vida. Há seis anos, ela era uma dona de casa que tentava se livrar de depressão. Hoje, com o trabalho e o contato com as amigas, ela se sente realizada. "Com o dinheiro que recebo, comprei uma máquina de costura e uma terrinha em Mateus Leme, junto com meu marido. Esse trabalho me colocou para cima, estou com uma autoestima muito maior", afirma a cooperada.
Iracema ainda fez questão de levar toda a família para participar do Árvore da Vida. Sua filha caçula, Daiane, 19 anos, acaba de se integrar à Cooperárvore. A filha do meio, Shirlei, 23 anos, fez curso de qualificação no programa e hoje trabalha como secretária na PUC Betim. Seu filho mais velho, Alcides, 24 anos, conseguiu um emprego na fábrica da Fiat depois de concorrer a uma vaga, munido de carta de recomendação dos coordenadores do Árvore da Vida. "Engajei meus filhos, e agora nossa família está muito bem estruturada. O programa está sendo uma experiência maravilhosa em nossas vidas", resume.
Voluntários engajam a comunidade
Além de trabalhar a inclusão social por meio de cursos e oficinas, o Árvore da Vida busca o fortalecimento da comunidade, ao incentivar encontros periódicos com lideranças e gestores locais. O objetivo é torná-los cada vez mais aptos a serem instrumentos para a melhoria permanente do desenvolvimento e da qualidade de vida na região. Desde a implantação do programa, foi formado um grupo de referência, uma rede social com voluntários do próprio bairro que fazem uma ponte entre o programa e a comunidade. Nas reuniões realizadas mensalmente, os participantes recebem as informações a serem transmitidas aos moradores e definem as estratégias de comunicação. Outra ação desenvolvida para fortalecer a comunidade é a promoção de cursos para
gestores comunitários, como os diretores de escolas. Os participantes aprendem a elaborar e executar projetos de interesse para a comunidade em diversas áreas, como saúde, educação e trabalho.
A empresária Ester Pinto de Oliveira Guimarães, 62 anos, faz parte do grupo de referência. Dona do restaurante Fogão de Minas, ela se sente realizada em participar ativamente do Árvore da Vida. "Gosto muito de interagir com as pessoas, de lidar com o público. Vi no grupo uma maneira de estar mais próxima da comunidade. É uma grande alegria ver que posso contribuir para minimizar as necessidades e as dores dos outros", conta Ester, que pretende ministrar um curso de culinária no Árvore da Vida, voluntariamente.
A empresária e seu marido, Roberto Guimarães, fizeram parte da primeira turma do curso de empreendedorismo do programa e agora usam o que aprenderam em seu negócio. "Temos o restaurante há 18 anos e, com as aulas, vimos que sempre podemos melhorar algumas coisas em nosso empreendimento", conta.

Geneton

O Geneton Moraes Neto escreve muito - nos dois sentidos: escreve bem e em textos extensos. Não sou fã incondicional de seu estilo tão particular de fazer entrevistas (sempre colocadas como bombásticas, embora muitas vezes não seja), mas gosto de passear pelo seu blog de vez em quando.
Aproveito para fazer apologia da última postagem do jornalista, sobre Cid Moreira. É um exercício divertido sobre os bastidores da nossa profissão.
Especialmente essa parte:
"Quanto a ser ou não especialista: jornalista, como se sabe, é aquele ser bípede capaz de se transformar, em poucos minutos, num profundo especialista em todo e qualquer assunto. A cena é corriqueira nas redações. Cai um avião, por exemplo. É pule dez dez: logo, logo, na reunião de pauta, um jornalista começará a pontificar sobre segurança aérea, treinamento de pilotos, técnicas de resgate, profissão de aeromoça, capacitação de comissários de bordo, envio de equipes de salvamento, programação de robôs etc.etc. Faz parte do ritual da profissão. A sorte é que, antes de ir ao ar, tais teses passarão por “n” filtros."

aos interessados, segue o link:
http://colunas.g1.com.br/geneton/

terça-feira, 16 de março de 2010

Jovens precisam de qualificação

Amigos,
Segue reportagem minha que saiu na página de Empregos do classificados no domingo passado. Fala sobre a necessidade de qualificação e capacitação entre os jovens.

Qualificação abre portas para jovens
Especialistas orientam quem tem de 18 a 24 anos sobre como se preparar para o mercado

A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) de janeiro apontou que a taxa de desemprego está caindo na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mas que ainda é muito elevada entre os as pessoas com idade de 18 a 24 anos - 18,7% dos jovens dessa faixa estão à procura de trabalho. Segundo o coordenador técnico da PED pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Mário Rodarte, esse é um problema é crônico e estrutural presente não apenas no Brasil, mas também em países desenvolvidos.
"As empresas afirmam que há uma inadequação entre o setor produtivo e o que é aprendido nas escolas, e isso é um grande entrave. Além disso, nossas pesquisas mostram que as pessoas que investem em educação e qualificação têm mais êxito na carreira profissional", afirma Rodarte. De acordo com o coordenador técnico, as pessoas que conseguem adiar sua entrada no mercado de trabalho, priorizando a escolaridade, têm mais chances de serem bem recebidas pelas empresas do que aquelas que abandonaram os estudos .
Mas não basta ter boa escolaridade. É importante se preparar para a função que deseja exercer. "O problema enfrentado pelos jovens não é tanto a falta de experiência, mas sim a falta de qualificação profissional. A grande questão é que praticamente todos os cursos são pagos e é a família quem tem que pagar pela capacitação do jovem", diz Rodarte. Até mesmo as ocupações que antes empregavam pessoas de baixa escolaridade, hoje requerem estudo e capacitação. "Mesmo com experiência, um porteiro tem dificuldade para encontrar emprego se não souber mexer no computador".Senac oferece cursos de qualificaçãoNo Senac Minas, há diversas opções de cursos de capacitação, graduação, extensão, técnico, pós-graduação e educação a distância nas áreas de comércio, serviço e turismo. "Temos ido a escolas públicas e privadas para sensibilizar os jovens para a importância da formação. O setor de serviços também demanda mão de obra qualificada. Com os crescimento econômico, setores como informática, hotelaria e gastronomia têm aberto muitas vagas, mas exigem capacitação por parte dos candidatos", esclarece o superintendente de soluções corporativas do Senac, Silvair Marques de Azevedo. Isaac Sousa Tito, 21 anos, pretende fazer carreira na área de gastronomia. Ele fez o curso de garçom no Senac e logo conseguiu um bom emprego. "Já trabalhava como garçom num pequeno restaurante e decidi fazer o curso. Saí de lá para a Cervejaria Devassa e logo fui convidado para trabalhar no Armazém Medeiros, um restaurante de alta gastronomia. Meu salário melhorou muito", conta.
E para quem acredita na importância da constante capacitação, o Senac oferece o programa Itinerário Formativo. "Quando uma pessoa chega ao Senac, estudamos com ela quais são os passos de desenvolvimento que devem ser dados para crescer na carreira. Uma pessoa que começa como garçom, pode fazer vários cursos e, no futuro, fazer um MBA em gastronomia", diz Azevedo.
O garçom Kleberton Silva, 20 anos, leva a sério a oportunidade de crescer na área de gastronomia. Campeão mineiro na Olimpíada do Conhecimento do Senac, o jovem atualmente faz o curso de cozinheiro e já faz planos para o curso de sommelier. "Cheguei a gerenciar um restaurante, mas estava difícil conciliar trabalho com os estudos e preferi priorizar o curso. Atualmente, trabalho como garçom em eventos nos fins de semana e vou ministrar um curso básico para garçom, em Cláudio", relata. Morador do Bairro São Benedito, em Santa Luzia, Silva tem como meta ser professor no Senac. "Meus professores tiveram boa carreira no mercado e se preparam bastante".
Porta de entrada no mercado

Em muitas famílias, o adolescente é obrigado a contribuir para o pagamento das despesas da casa e precisa trabalhar. Para que possa dar os primeiros passos no mercado de trabalho, sem afetar a qualidade dos estudos, a melhor opção é procurar por estágios. O caminho para descobrir onde estão as vagas de estágio é o CIEE-MG, que busca conscientizar empresários para importância de contratar jovens, de acordo com as normas da Lei 11.788/2008.
“Procuramos convencer as empresas sobre a importância social de empregar o jovem por meio do estágio, explicando que muitas pessoas precisam trabalhar para pagar seus estudos. Temos poucas opções de cursos e faculdades gratuitos em nossa cidade”, explica o superintendente adjunto do CIEE-MG, Sebastião Alvino Colomarte. No último bimestre, as áreas mais beneficiadas com oportunidades de estágio, no nível médio, foram conhecimento geral, técnico em informática, técnico em administração, técnico em mecânica e magistério. No nível superior, administração, direito, pedagogia, ciências contábeis e psicologia.
Cine oferece cursos e palestras
Já as vagas tradicionais com carteira assinada podem ser encontradas nos postos do Sine. Lá, além das oportunidades de emprego, os jovens contam com palestras, workshops, cursos e aprendem a preparar um currículo atraente. “Existem vagas para jovens, sem exigência de experiência, mas elas requerem conhecimento. Por exemplo, uma vaga de auxiliar de escritório pede capacitação em informática”, alerta a coordenadora do Sine-Floresta, Mônica Duarte Mattos.
Segundo ela, qualificação e escolaridade não são os únicos pontos levados em conta pelos contratantes. Quem procura emprego precisa também ter postura profissional. “Tem pessoas que, em um processo de seleção, demonstram timidez e dificuldade de falar. Outras aparecem nas entrevistas usando roupas inadequadas, como camisas cavadas, decotes e até chinelos. Elas não entendem que é preciso se apresentar atraente como mão de obra”, diz Mônica.
Um grande problema entre os jovens que ainda não tiveram seu primeiro emprego é o desconhecimento sobre o mercado de trabalho. “Temos muitas vagas no setor de limpeza, e os jovens têm dificuldades para aceitar essas oportunidades, principalmente filhos de quem trabalha nessa área. Mas se eles não investiram em escolaridade e qualificação, fica muito difícil conseguir trabalhos mais bem remunerados”, explica, alertando que o salário inicial é baixo para qualquer um e que melhora conforme se aumenta a experiência e a qualificação.
Mônica dá duas dicas para o jovem que procura emprego: foco na área que deseja trabalhar (comércio, indústria, serviços, turismo) e elaborar um bom currículo. “Ele deve ser enxuto e com objetivo bem traçado. O currículo deve ser personalizado, específico para a vaga que está pleiteando. Não dá para mandar o mesmo currículo para todos os setores”, diz. Como não há como rechear o currículo com experiências profissionais, o jovem pode incluir dados sobre um trabalho voluntário.

domingo, 7 de março de 2010

Diário da Mamãe - Parte 30

O trabalho tem me consumido tanto nas últimas semanas, que nem tenho conseguido tempo para escrever sobre a minha princesinha neste blog. Catarina está com quatro meses e demonstra ser bem desenvolvida para sua idade. Com 61 cm e 6,3 kg, ela já rola constantemente há algumas semanas - e isso normalmente acontece apenas depois dos cinco meses completos, segundo a pediatra. A inquietude está presente até mesmo na hora do sono - durante a madrugada, ela se mexe muito, muito, muito...
Além disso, Catarina adora conversar. Solta seus tradicionais sons de bebê o tempo todo - num volume impressionante. Dá para acordar o prédio inteiro com seus monólogos...
E ela continua a ser a neném mais quietinha do mundo. Não me dá o menor trabalho e já dorme a noite inteira, sem acordar para mamar - ela deu trabalho somente naquelas noites de calor intenso em fevereiro. Continua mamando no peito e não dá sinais de que deseja parar. Como eu também não quero desmamá-la, acredito que Catarina deve mamar leite materno por mais de seis meses.
Enfim, Catarina continua a ser o neném que eu pedi a Deus!

quinta-feira, 4 de março de 2010

"Queime antes de ler"

Semana passada, fui à locadora. Peguei três filmes, entre eles "Queime Depois de Ler". Numa pequena titubeada, pensando se deveria levar tantos títulos, a moça me aconselhou: "Não leva esse não. todo mundo odeia. Já me falaram que é 'queime depois de ver'. Nem quis assistir depois que ouvi tantas críticas". Como não dou a mínima para comentários em locadoras de bairro (só ouço opiniões se estiver na Videomania, ótima locadora em Lourdes), levei o filme mesmo assim.
Ainda bem. Os irmãos Cohen nunca me decepcionam. Ainda mais nessa obra que me lembra muito a Fargo, um dos meus títulos preferidos. Tudo em "Queime Depois de Ler" funciona bem: direção, atuação, roteiro... Mas realmente não é uma obra para qualquer espectador. Se a pessoa prefere filmes poucos instigantes, que repetem as fórmulas supermaisquebatidas de Hollywood, certamente ficará decepcionada com uma pérola dos Cohen.
O grande erro, na verdade, está na capa do DVD. Além de estampar fotos de artistas megapopulares como Brad Pitt e George Clooney, a capa exibe a "melhor comédia do ano". Quem lê uma frase dessas está em busca de gargalhadas - e esse não é perfil do humor negro dos Cohen. As situações do longa-metragem são tragicômicas, absurdamente ridículas (embora críveis), mas não rendem gargalhadas. Mas isso não é problema para um apaixonado por roteiros bons e surpreendentes.

Preciosa - um soco no estômago



Abaixo, minha resenha sobre o ótimo livro "Preciosa" publicada ontem no Hoje em Dia:

Claireece Precious Jones é tudo o que a classe média não quer enxergar. Negra, obesa, mãe pela segunda vez aos 16 anos, vítima de violência sexual constante, analfabeta. Ela é a protagonista do livro “Preciosa”, best-seller da poetisa norte-americana Sapphire que inspirou o filme homônimo que concorre ao Oscar 2010 com seis indicações.
Num primeiro momento, o romance parece ser um dramalhão completo. Afinal, tudo o que há de mais desprezível na sociedade moderna perturba a vivência da jovem Precious. Mas não. A obra de Sapphire não tem a preocupação única de denunciar os silenciosos problemas vivenciados pelos excluídos do Harlem (bairro negro de Nova Iorque). Embora retrate de maneira vívida e chocante o sofrimento intenso de uma adolescente que engravidou duas vezes do próprio pai, “Preciosa” é um livro sobre a esperança, sobre a capacidade do ser humano de se reinventar, sobre o amadurecimento.Na trama, Precious é uma adolescente reprimida em todos ambientes possíveis. Em casa, é abusada pelo pai desde a infância e espancada pela mãe diariamente. Na escola, sonha em ter amigos, namorados, participar das aulas – mas a jovem não sabe nem ver as horas no relógio. Na rua e em todos os tradicionais ambientes de socialização, é apontada como a garota gorda e feia, nascida para ser vítima eterna de gozações. Como ela encara tudo isso? Com revolta, em silêncio. Precious é expulsa da escola quando sua segunda gravidez é revelada. A jovem é obrigada a buscar refúgio numa escola alternativa, onde irá descobrir que não é a única adolescente analfabeta na principal cidade do país mais rico do mundo. Seu destino será transformado pela dedicada professora Blue Rain, que mostrará a suas pupilas que o aprendizado está ao alcance de todas. A sinopse pode dar a impressão de que “Preciosa” é recheado de lugares-comuns, uma tentativa de provar que a educação é a solução para todas mazelas sociais. Mas Sapphire apresenta a história de uma maneira particularmente dura, embora flerte com a poesia em certo momento. Neste livro, vemos que a palavra realmente pode libertar e a poesia está ao alcance de todos, até mesmo de quem só descobre a leitura aos 16 anos. E não liberta apenas porque abre os olhos para perspectivas futuras. O ato de escrever pode permitir um melhor autoconhecimento, fundamental para as mudanças de atitude. Somente quando Blue Rain entra em sua vida, Precious decide acabar com a maneira resignada com que encara sua vida. Seu silêncio marcante é deixado de lado e a garota passa a aprender a ter voz.O livro é escrito em primeira pessoa e, por isso, com toda informalidade e erros de linguagem inerentes à narradora. As primeiras linhas do romance resumem bem o que o leitor vai encontrar: “Eu levei bomba quando tava com 12 anos por causa que tive um neném do meu pai. (...) Minha filha tem Sindro de Dao. É retardada.”Em muitos momentos, Sapphire mostra ser uma escritora dotada de extrema coragem ao nos expor problemas ainda encarados como tabus. A todo momento, a personagem lembra dos estupros e seus sentimentos são dúbios em relação aos abusos. Ela sabe que era errado o incesto, mas isso não tira dela o prazer que o sexo lhe proporcionava. Com isso, a autora trata do porquê do trauma que o abuso sexual deixa nas vítimas: como algo que pode ser tão bom, pode ser tão errado?Com o título original de “Push” (empurre), o livro foi lançado originalmente em 1996. Sua construção foi feita a partir de um trabalho social que a autora desenvolveu em um abrigo para mulheres no Harlem. Embora Precious não tenha existido na realidade, muitas das pessoas com quem Sapphire conviveu no bairro negro possuem histórias parecidas com a personagem. A autora já disse em entrevista que conheceu uma garota que engravidou aos 12 anos do próprio pai. A escritora baseou-se também em seu vasto conhecimento sobre o universo literário feminino. Inclusive, sua principal inspiração foi o livro “Quarto de Desejo”, da brasileira Carolina Maria de Jesus – uma catadora de lixo semianalfabeta que se tornou escritora best seller no Brasil na década de 1960.A história de Preciosa agora ganha grandes proporções graças ao sucesso que o filme dirigido por Lee Daniels vem fazendo em cinemas de todo o mundo. As bilheterias podem aumentar ainda mais se o filme levar alguma estatueta para casa neste domingo, na 82ª edição do Oscar – a cantora Monique, intérprete da mãe de Precious, é forte concorrente para a categoria de atriz coadjuvante.Mas por melhor que seja a direção da versão cinematográfica de “Preciosa”, há elementos valiosos do livro que não puderam ser transmitidos para a telona. Entre eles, os já citados conflitos internos da personagem em relação ao próprio pai. Os bilhetes trocados entre aluna e professora, tão fundamentais na trama do romance, também perdem a força no longa-metragem. Assim como os singelos e reveladores poemas de Precious – a personagem só é revelada como poetisa na sequência final do filme, quando sua mãe afirma “soube que minha filha está escrevendo poesias”.Isso tudo não está no filme porque “Preciosa” é mais do que a trajetória de uma nova-iorquina excluída: é também um belo exercício sobre o poder da palavra e da linguagem dos renegados.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Guerra ao Terror

Ontem assisti a “Guerra ao Terror” e não entendi porque o filme foi lançado no Brasil diretamente para as locadoras, pois não havia expectativa de boa bilheteria nos cinemas. As distribuidoras nos lotam de “bombas” o tempo todo e não conseguem ver retorno em uma produção que traz tudo o que um bom filme de guerra deve trazer – adrenalina, boas atuações, dramas, mortes?
Ao mostrar a rotina de uma equipe antibomba norte-americana em Bagdá, “Guerra ao Terror” consegue passar para o expectador a grande tensão vivida pelos soldados. Em suas duas horas de duração, a adrenalina corre nas veias dos personagens e, ao mesmo tempo, de quem está em frente à tela.
O filme desperta interesse também por ser dirigido por uma mulher. Estamos acostumados a ver diretoras se tornarem famosas ao explorar questões inerentes ao sexo feminino em suas obras – caso de Sophia Coppola –, mas “Guerra ao Terror” é simplesmente uma ótima direção de um filme que certamente contará com uma predileção por parte do público masculino. Não importa o sexo de Kathryn Bigelow (embora ela possa se tornar a primeira mulher a levar a estatueta na categoria direção).
Então, caros amigos, não se enganem por esse péssimo título que esse filme ganhou no Brasil (o original é The Hurt Locker) e corram para a locadora. Se forem como eu, estarão torcendo para que Bigelow saia do Teatro Kodak com mais estatuetas que seu ex, James Cameron.

Redes sociais

Segue a minha reportagem que o Hoje em Dia publicou na sexta-feira passada, sobre monitoramento de redes sociais para empresas e marcas.

A liberdade exercida por internautas de todo o mundo está transformando a relação entre empresas e consumidores. Se antes era necessário investir num serviço de atendimento para impedir uma má divulgação pelo boca a boca, hoje as questões não são apenas resolvidas por um número 0800. Para saber como seus produtos ou serviços são recebidos no mercado, é fundamental que uma empresa moderna invista no monitoramento de mídias sociais - Orkut, Facebook, Youtube, Twitter, Linkedin, MySpace, Ning, blogs etc.
A importância desse serviço está na proporção exponencial que um comentário pode ter em uma rede social. Uma crítica sobre uma marca no Twitter, por exemplo, pode alcançar milhares de pessoas se a frase for reproduzida por vários usuários - é o que os internautas chamam de "retuitar".
Já no popular Orkut, há comunidades específicas sobre produtos (uma determinada marca de celular ou de roupa, por exemplo) em que internautas se reúnem para trocar informações. Se quem comprou algo com defeito faz uma reclamação na comunidade, essa informação pode alcançar todos os "orkuteiros" interessados em adquirir aquele produto.
Para evitar que a imagem de uma marca possa ser abalada no meio virtual, empresas estão contratando o monitoramento de mídias sociais. Embora este serviço seja muito recente no país, já é uma realidade há dois anos na Bolt Brasil Comunicação Digital, empresa belo-horizontina especializada em planejamento de mídia on line.
Segundo a responsável pelo setor de monitoramento de mídias sociais na Bolt Brasil, Janaína Oliveira, o serviço possui duas frentes: apresentar o cliente de maneira eficiente para os internautas por meio dos sites de relacionamento e mensurar o que as pessoas falam sobre uma determinada marca no mundo virtual. "Quando um cliente nos procura, interessado no monitoramento, sempre fazemos a pergunta: 'Você está disposto a ouvir críticas?' Afinal, ele poderá ver muitos comentários negativos nos sites de relacionamento", conta Janaína. Intenção é identificar reaçõesSe o empresário se mostra aberto a observar de perto a receptividade de seu produto no mercado, ele passa a receber um relatório mensal com os números de quantas vezes sua marca foi citada nas mídias sociais. "O mais interessante, na verdade, é ver o quanto a empresa foi mal falada. Muitos clientes ficam assustados ao se deparar com comentários críticos inesperados. Por meio do nosso mapeamento, pode-se identificar problemas que a empresa desconhece completamente", diz.Mesmo com todas as vantagens do serviço, há empresas que se mostram reticentes frente ao monitoramento de mídias sociais. De acordo com Janaína, alguns clientes encaram os sites de relacionamento como "coisas de menino". "Mas se um adolescente tiver contato com uma marca pelo Orkut, as chances de adquiri-la quando for adulto é muito maior ".
Quando a Bolt Brasil se depara com uma crítica que pode ter uma rápida propagação, logo o cliente é avisado e são tomadas decisões sobre como abordar a situação."Mostramos ao cliente que a resposta deve ser imediata e ignorar a crítica é muito pior. Os usuários da Internet exigem uma velocidade muito maior na resolução de questões. Isso porque uma crítica pode sair do nosso controle. Se tenho 900 seguidores, são 900 pessoas que terão acesso ao meu comentário. Se uma amiga reproduzir aquilo, todos os seguidores dela também vão ver o meu comentário", explica Janaína.
Entre os clientes da Bolt, está o Chevrolet Hall. Depois de realizar um estudo, a empresa e a agência viram a importância de se alcançar os consumidores via Twitter, Orkut e Youtube. "A adesão do público foi muito forte. Recebemos todo tipo de comentários: elogios, críticas, sugestões de promoções, perguntas de por que determinado artista não vem para Belo Horizonte etc. E estamos muito abertos a isso", afirma Fábio Gomides, analista de Comunicação do Chevrolet Hall.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ótimos ensaios de Peter Burke

Segue texto publicado hoje no caderno de Cultura do Hoje em Dia, em que falo sobre o novo livro do historiador inglês Peter Burke:


Conhecido como um dos principais nomes da História Cultural – corrente historiográfica que tem dominado as universidades de todo o mundo nas últimas duas décadas – Peter Burke angariou um grande número de fãs no Brasil graças à sua coluna bimestral no caderno Mais! da Folha de S. Paulo. Por meio de textos leves e apaixonantes, Burke mostra ao leitor como a diversidade cultural que observamos em nosso cotidiano anda de mãos dadas com os conhecimentos que, aparentemente, estão restritos aos historiadores. O sucesso do autor entre brasileiros é tão grande que a editora Civilização Brasileira decidiu reunir todos os textos publicados nos últimos 14 anos no livro “O historiador como colunista – Ensaios para a Folha”, que acaba de chegar às livrarias.
Embora os ensaios tenham sido escritos de Cambriedge – onde mora e trabalha o autor – eles nunca expressam uma visão eurocêntrica. Pelo contrário, Burke se revela um grande conhecedor da cultura dos povos americanos, especialmente o Brasil – até mesmo porque é casado com a historiadora brasileira Maria lúcia Garcia Pallares-Burke.
A prova disso está na recorrência da cidade de São Paulo nos ensaios. No delicioso texto “Primeiras impressões de um inglês no Brasil”, o historiador levanta as diversas discrepâncias entre a cultura de seu país e a megalópole que desbrava sempre que vem visitar a família de sua esposa. O cheiro doce da fumaça exalada pelos carros movidos à álcool, o aprendizado da língua portuguesa oral por meio das telenovelas, a surpresa em observar a divulgação do valor do dólar paralelo, a descoberta do nosso “jeitinho” são algumas novidades que despertaram o questionamento de um homem adaptado às formalidades e à rigidez do universo acadêmico britânico. O fascínio pela maior cidade do Brasil ainda aparece em outros ensaios da obra – como os textos em que debate a apropriação das praças públicas pelos moradores de uma cidade ou em que mostra a questão do lixo como um fato historicamente complexo.
Membro da British Academy, Burke também revela seus conhecimentos sobre o Brasil ao escrever sobre os dois principais nomes da historiografia brasileira: Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre. No ensaio “Sérgio Buarque e a história total”, ele afirma que o autor de “Raízes do Brasil” tinha interesses diversos, mas que podia-se observar uma unidade em sua produção intelectual e no direcionamento de sua carreira. Já em “Don Fernando e seu Gilberto, um contraponto”, o historiador inglês faz uma bela comparação entre o autor de “Casa Grande e Senzala” e o sociólogo cubano Fernando Ortiz (dono de um famoso trabalho em que compara a produção do tabaco com a do açúcar). O interessante é como os dois são complementares aos olhos de Burke.
Os 65 ensaios de “O historiador como colunista” foram divididos em quatro capítulos: as variedades da biografia (em que escreve sobre intelectuais como Gaudí, Ernest Gombrich, Eric Hobsbawn, Michel de Certeau, entre outros), ideias e mentalidades (em que debate pensamentos coletivos, referentes a épocas determinadas), história social do cotidiano (em que discorre sobre roupas, futebol, fofocas, lixo e presentes) e lendo a cultura (sobre a relação entre leitura e cultura).
Cada capítulo recebeu um texto introdutório em que o autor dá lições simples de teoria da história e historiografia. Ao abrir o segundo capítulo, por exemplo, Burke explica de forma bastante didática a diferença entre a história das mentalidades idealizada pela Escola dos Annales (corrente francesa que influenciou o trabalho historiográfico mundial depois da Segunda Guerra Mundial) e a história das ideias de Quentin Skinner. Embora a primeira se preocupe com as permanências (o foco são os pensamentos que se enraizaram nas sociedades) e a segunda com os fatos e as personalidades, Burke não coloca as duas correntes em campos opostos. Eles as considera complementares e essenciais à prática do historiador.
Embora não haja um ensaio específico sobre sua formação, Burke deixa pistas de suas principais influências no decorrer dos textos presentes neste livro. Não é à toa que o nome de Fernand Braudel é citado dezenas de vezes, sem que o autor faça um ensaio específico sobre o historiador francês. Ao se referir sempre ao autor de “O Mediterrâneo”, Burke revela a grande influência deixada pelos Annales em sua obra e nos trabalhos desenvolvidos pelos seguidores da História Cultural.
Pe biografico: "O historiador como colunista - Ensaios para a Folha". Editora Civilização Brasileira, 322 páginas, R$ 40. Tradução de Roberto Muggiati.