sábado, 24 de outubro de 2009

Adorei ler (2)

"Grande Sertão: Veredas" foi o maior desafio literário da minha vida. Mais do que Paul Ricouer, mais do que Euclides da Cunha. Haviam me alertado: as primeiras 50 páginas são insuportavelmente difíceis. Depois, você se acostuma com o texto e o adora. E não é que isso é verdade?
Realmente chegar à página 100 é uma tarefa nada fácil. O melhor do livro com certeza está em sua primeira parte, quando Riobaldo tece toda uma discussão filosófica sobre a figura do diabo. Maravilhoso e terrível ao mesmo tempo, pois é um texto sabidamente genial, mas muito difícil de ser digerido. Tudo é muito novo para o leitor: a forma, as palavras, o conteúdo.
Mas sendo persistente, tudo se resolve e o leitor mergulha numa aventura intelectual única. Não, "Grande Sertão" não oferece prazer, pelo menos não da mesma forma que um best seller do naipe de "Código da Vinci". Mas é impossível ficar indiferente à narrativa especial e ao belo amor aparentemente homossexual do jagunço. A cada página lida, o leitor sabe que sua vida foi um pouco transformada e isso é tão envolvente quanto o prazer.
Admito que demorei para terminar a obra-prima de João Guimarães Rosa. Levei quatro meses para completá-lo. Mas lembro-me muito bem dos ótimos momentos que tive com este livro em minhas mãos. O carreguei comigo na viagem de férias que fiz em 2007 com meu ex-namorado pela região Sul do país. Na praia, sempre dizia: "Quero ter um momento com o João". E nada como tentar vencer uma leitura complexa deitada nas areias da praia mais linda que já vi, em Bombinhas (SC), parando apenas para apreciar os golfinhos no mar...

Um comentário:

  1. Caramba! A Ju me deu esse livro no dia dos namorados desse ano... Ainda não consegui passar da página 10. Mas pretendo completar essa tarefa, hehehe!

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