"Grande Sertão: Veredas" foi o maior desafio literário da minha vida. Mais do que Paul Ricouer, mais do que Euclides da Cunha. Haviam me alertado: as primeiras 50 páginas são insuportavelmente difíceis. Depois, você se acostuma com o texto e o adora. E não é que isso é verdade?
Realmente chegar à página 100 é uma tarefa nada fácil. O melhor do livro com certeza está em sua primeira parte, quando Riobaldo tece toda uma discussão filosófica sobre a figura do diabo. Maravilhoso e terrível ao mesmo tempo, pois é um texto sabidamente genial, mas muito difícil de ser digerido. Tudo é muito novo para o leitor: a forma, as palavras, o conteúdo.
Mas sendo persistente, tudo se resolve e o leitor mergulha numa aventura intelectual única. Não, "Grande Sertão" não oferece prazer, pelo menos não da mesma forma que um best seller do naipe de "Código da Vinci". Mas é impossível ficar indiferente à narrativa especial e ao belo amor aparentemente homossexual do jagunço. A cada página lida, o leitor sabe que sua vida foi um pouco transformada e isso é tão envolvente quanto o prazer.
Admito que demorei para terminar a obra-prima de João Guimarães Rosa. Levei quatro meses para completá-lo. Mas lembro-me muito bem dos ótimos momentos que tive com este livro em minhas mãos. O carreguei comigo na viagem de férias que fiz em 2007 com meu ex-namorado pela região Sul do país. Na praia, sempre dizia: "Quero ter um momento com o João". E nada como tentar vencer uma leitura complexa deitada nas areias da praia mais linda que já vi, em Bombinhas (SC), parando apenas para apreciar os golfinhos no mar...
sábado, 24 de outubro de 2009
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Caramba! A Ju me deu esse livro no dia dos namorados desse ano... Ainda não consegui passar da página 10. Mas pretendo completar essa tarefa, hehehe!
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