domingo, 6 de setembro de 2009

O grito de Heliópolis


Assisti, há uma hora, uma reportagem do Paulo Henrique Amorim na favela de Heliópolis, em São Paulo. Ok, ele pode ser um chato, é um dos poucos jornalistas de verdade que há na televisão brasileira. Em vez de retratar de forma pejorativa o caso do protesto dos moradores do bairro, repórter foi o único que vi até o momento a estar preocupado em mostrar o lado dos oprimidos. Em uma grande reportagem, de uns 15 minutos, os moradores do bairro disseram estar revoltados com a rotineira ação da polícia, que primeiro atira, depois pergunta. Aquela velha história que, teoricamente, todos conhecemos: trabalhadores são tratados com desdém pelo poder público porque moram em favelas.

Enquanto a classe média gosta de passeatas pela paz, eu tenho aversão ao não-confronto. Não sou marxista, mas sou bastante influenciada eplas teorias e histórias do socialismo que conheço desde a adolescência. Se paz significa o silêncio frente aos absurdos de uma sociedade segregacionista, não a quero. Todas as esferas do poder público causam-nos revolta, mas a polícia gera uma maior insatisfação das pessoas, pois lida com segurança e vida. A ditadura acabou há mais de 25 anos e ainda convivemos com seus resquícios, ao observar a arbitrariedade e conservadorismo com que os militares ainda insistem em cultivar em suas corporações.

Meus caros amigos, da classe média como eu, enquanto o caso do menino João Hélio causou uma comoção nacional, fazendo com que, por semanas, a imprensa só falasse sobre o absurdo deste assassinato, muitas crianças morreram (e morrem) nessas investidas da polícia nos bairros pobres das grandes cidades. Paremos de comemorar o assassinato de supostos criminosos nas invasões policiais e passemos a cobrar dos homens fardados uma maior responsabilidade. Pois os pobres estão cansados de virar estatísticas.

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