domingo, 21 de junho de 2009

Revirando o passado (parte II)

Entre as minhas lembranças adolescentes, há algo que guardo com muito carinho: uma pasta com os poemas que escrevi entre os 14 e 17 anos. Nesta época, passava bastante tempo lendo Casemiro de Abreu, Carlos Drummond e Vinícius de Moraes em meu quarto e me sentia o tempo todo inspirada a falar das paixões que passavam por mim - umas mais arrebatadouras, outras menos. São poemas ingênuos, sem apuro técnico ou criatividade. Mas vindos de uma adolescente que cresceu em um lar onde se ouvia tanto Roberto Carlos, não eram tããão ruins assim.
Vou compartilhar alguns aqui - quando os escrevi, pouquíssimas pessoas os leram. Morria de vergonha!
Ah! E um aviso para minha mãe: as poesias representavam meus sentimentos, minha imaginação e não minhas ações. Se falam de sexualidade e álcool é porque isso fazia parte do meu imaginário, dos meus desejos, e não das minhas ações naquela época.


Não sei pedir ajuda

(Escrita em 30.04.98)

Morrer esta noite depois de um copo.
Ou de muitos, quem me garante.
Sentir a tontura ao invés da angústia
Ver-se sumir, enquanto o inconsequente se implante.

Que sentido?
Perdi-me no meio de tudo.
Em mim não existe nada
Corpo dotado em bruto.

Se a felicidade vem a mente
Foi a instante da bebida
Mas, em pouco,
O que adormecia volta adormecida.

Do vinho doce vem o sangue
Seguido do gosto de pus,
Assim como meus passos dados
Assim como todos a quem conduzo.

Passam-se horas e vozes:
Eu quero e é eterno.
Não destingo o que é real
Em meio à porcaria que tanto zelo.

Há quem me tire daqui?
Não ouve, não vê.
Afundei-me em meu grito
Ninguém ouve nem vê.

Gritos com gostos e cores,
Por que não me ouvem?


Ao invés, a poesia

(Sem data definida, mas certamente em 1998; esse título é horrível!)

Tanto a se fazer,
Mas quem a de fazer se for como eu?
Ah, se esse século diminuísse dois
Se Ouro Preto voltasse a ser Vila Rica
E que houvesse coroa em meus pessos.
A poesia até perderia graça,
Ela estaia em tudo que eu visse.

Mas há como ser nobre,
Se não sabes o além do que fazes?
Vejo máquinas e dizem que aprendo.
Tanto a se aprender.
Mas como se não cresço?
O que é eletrônica,
Se esquecemos de prazeres como a poesia?

Não iria me importar
Se a poesia perdesse a graça
Só gostaria de tê-la como rotina.

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