domingo, 12 de abril de 2009

Dança de salão inspiradora

A capa do caderno Plural do Hoje em Dia foi minha:


Anatomia de uma tendência
Cinthya OliveiraEspecial para o HOJE EM DIA
Hoje há na mídia uma overdose de informações e reportagens sobre a necessidade de se fazer exercícios físicos para a saúde do corpo e da mente. Como não é todo mundo que está disposto a enfrentar uma academia ou uma pista de caminhada, muitas pessoas preferem optar pela dança, especialmente a dança de salão, que ganha espaço e mistura-se a outros estilos praticados pelos coreógrafos.Isso é tão popular em Belo Horizonte que, na cidade, existem mais de 70 academias de dança, sendo que cerca de 20 são dedicadas à arte de se bailar a dois.Mas a popularização dessa arte na capital mineira ultrapassa os limites dos salões. Belo Horizonte é referência mundial quando o assunto é unir a dança de salão a elementos das artes cênicas contemporâneas. É aqui que existe a primeira companhia brasileira a aproximar a dança de salão da dança contemporânea: a Mimulus Cia. de Dança. E o seu sucesso é tão grande (com direito a apresentações em diversos países, como Argentina e Espanha), que o grupo tem gerado importantes frutos na cidade. Os principais deles são a Cênica Cia. de Dança e a Incomodança, ambas criadas por bailarinos que passaram pela Mimulus.O sucesso da companhia é inquestionável. Na última Campanha de Popularização do Teatro e Dança, o espetáculo “Dolores” recebeu 2.905 espectadores em duas únicas apresentações no Palácio das Artes. Para se ter uma ideia, a Cia do Palácio das Artes foi vista por 1.900 pessoas em três apresentações em um mesmo teatro.“De certa forma, a nossa linguagem básica, que é a dança de salão, faz com que possamos atingir os mais diferentes públicos. Mas não é só isso. Os espectadores gostam da maneira com que a Mimulus enxerga a dança. Concordei com uma pessoa que me falou que leva uma vida tão difícil e sofrida que, quando vai a um espetáculo de dança, não quer ver sofrimento. As pessoas querem ver coisas bonitas, prazerosas”, diz Jomar Mesquita, bailarino, coreógrafo e fundador da Mimulus.Ele diz que, quando a companhia foi criada, há 19 anos, não havia no Brasil – e provavelmente no mundo – um grupo de dança de salão que tivesse propostas diferentes e buscasse influência nas outras artes cênicas, como teatro, circo, dança clássica e dança contemporânea. “Existiam grupos de dança de salão muito tradicionais, que levavam para o palco os mesmos figurinos, as mesmas linguagens coreográficas de sempre. Eu achava aquilo muito repetitivo ”.
O bailarino faz questão de deixar claro que a Mimulus não é uma companhia de dança contemporânea que absorve a dança de salão, mas sim um grupo de dança de salão que incorpora elementos da contemporaneidade. “Essa mescla presente em nossos espetáculos não aconteceu de forma consciente, no início. Queríamos fazer algo diferente e estudamos teatro, circo e dança para a criação”, explica. Os bailarinos da companhia sempre fazem oficinas de teatro e de diferentes danças para melhorar a autonomia corporal e artística.Mas se a companhia é um sucesso, por que sua fórmula ainda não se espalhou pelo mundo todo? A questão está na formação dos profissionais. “É muito difícil encontrar bailarinos para a Mimulus. Para mim, não serve uma pessoa que tenha apenas uma ótima formação em dança de salão, ou uma ótima formação em dança contemporânea. Temos uma linguagem única”, afirma Jomar Mesquita. Para resolver este problema, foi criado dentro da Mimulus um grupo experimental amador, onde os bailarinos entram em contato com as características da companhia e ficam mais próximos de uma oportunidade profissional. Para que sua filosofia artística não fique presa apenas a uma companhia, Mesquita tem ministrado consultoria em diferentes cidades. Recentemente ele esteve em Cuiabá e Curitiba, e estará semana que vem em São Paulo. O bailarino é ainda o coreógrafo do novo espetáculo da Cia. do Palácio das Artes que terá música de Villa-Lobos e estreia no mês que vem. Dança de salão valoriza o cardápio da trupeO conceito inovador da Mimulus Cia. de Dança é certamente inspirador. Tanto que bailarinos que passaram pelo grupo desenvolveram seus próprios projetos e hoje veem seus trabalhos ganharem reconhecimento de público e crítica.A Cênica Cia. de Dança é o exemplo mais claro. O grupo foi criado há oito anos pelo bailarino, coreógrafo, diretor e produtor Carlos Franco, ex-integrante da Mimulus. Segundo ele, o objetivo da companhia é reunir as mais diversas formas das artes cênicas, como dança contemporânea e circo, mas sem perder o foco na dança de salão. O bailarino faz questão de deixar claro que a Mimulus não é uma companhia de dança contemporânea que absorve a dança de salão, mas sim um grupo de dança de salão que incorpora elementos da contemporaneidade. “Essa mescla presente em nossos espetáculos não aconteceu de forma consciente, no início. Queríamos fazer algo diferente e estudamos teatro, circo e dança para a criação”, explica. Os bailarinos da companhia sempre fazem oficinas de teatro e de diferentes danças para melhorar a autonomia corporal e artística.Mas se a companhia é um sucesso, por que sua fórmula ainda não se espalhou pelo mundo todo? A questão está na formação dos profissionais. “É muito difícil encontrar bailarinos para a Mimulus. Para mim, não serve uma pessoa que tenha apenas uma ótima formação em dança de salão, ou uma ótima formação em dança contemporânea. Temos uma linguagem única”, afirma Jomar Mesquita. Para resolver este problema, foi criado dentro da Mimulus um grupo experimental amador, onde os bailarinos entram em contato com as características da companhia e ficam mais próximos de uma oportunidade profissional. Para que sua filosofia artística não fique presa apenas a uma companhia, Mesquita tem ministrado consultoria em diferentes cidades. Recentemente ele esteve em Cuiabá e Curitiba, e estará semana que vem em São Paulo. O bailarino é ainda o coreógrafo do novo espetáculo da Cia. do Palácio das Artes que terá música de Villa-Lobos e estreia no mês que vem.

Dança de salão valoriza o cardápio da trupe

O conceito inovador da Mimulus Cia. de Dança é certamente inspirador. Tanto que bailarinos que passaram pelo grupo desenvolveram seus próprios projetos e hoje veem seus trabalhos ganharem reconhecimento de público e crítica.A Cênica Cia. de Dança é o exemplo mais claro. O grupo foi criado há oito anos pelo bailarino, coreógrafo, diretor e produtor Carlos Franco, ex-integrante da Mimulus. Segundo ele, o objetivo da companhia é reunir as mais diversas formas das artes cênicas, como dança contemporânea e circo, mas sem perder o foco na dança de salão.
Assim como Jomar Mesquita, Carlos Franco realiza seu trabalho pensando em um público que gosta de ir ao teatro para ver beleza e para relaxar e esquecer dos problemas do cotidiano. “Por isso, a dança de salão é tão aceita e tão popular. Primamos pela elegância, pelo bom gosto e, assim, o público nos recebe de forma emocionada”, conta o diretor da Cênica.Ele diz que a busca pela beleza ficou mais evidente no último espetáculo da companhia, “Acordedentro”, onde a dança se uniu à poesia de Carlos Drummond de Andrade e Adélia Prado. “O ser humano é puro sentimento e este assunto agrada sempre às pessoas”, considera ele. Paar o artista, é emocionante ver a reação do público, especialmente no interior. “Em Santos Dumont, por exemplo, vimos várias pessoas chorando copiosamente durante o espetáculo”, lembra Franco. Essa emoção também está relacionada à perfomance da bailarina Veridiana Thayde, que possui uma prótese na perna direita e mostra como a dança é possível a qualquer pessoa.Carlos Franco revela que acompanha as danças a dois em outras localidades, como Rio e São Paulo, e que tem percebido uma transformação nos espetáculos dessas cidades. “Vejo que o Jaime Arôxa e o Carlinhos de Jesus, que são os mais famosos coreógrafos de dança de salão, passaram a ficar mais preocupados em incorporar nas suas apresentações os elementos importantes para se levar a dança para o palco. Assim, estão investindo mais em cenografia, iluminação e roteiro”, conta. O que os grandes coreógrafos do Rio têm feito agora, já é realidade em Belo Horizonte graças a uma companhia que aos poucos ganha espaço no cenário da dança. Trata-se da Incomodança, criada em 2000 por Mauro Fernandes, bailarino e coreógrafo que atuou na Mimulus por cinco anos. Aqui, não há a interferência da dança contemporânea, o espetáculo é baseado estritamente na dança a dois. Seu diferencial está em não apenas levar para o palco uma dança que chama atenção no ambiente do salão, e sim em realizar a apresentação a partir de um conceito, de um roteiro, levando em conta todos os detalhes da caixa cênica.“Não se pode subir no palco e fazer apenas uma mostra de dança. O espetáculo tem que ter conceito, lógica, começo, meio e fim”, explica Mauro Fernandes, adiantando que o próximo espetáculo da companhia será construído a partir de reflexões sobre os limites da dança a dois. A Incomodança esteve este ano pela primeira vez na Campanha de Popularização do Teatro e da Dança com o espetáculo “Optempo”, visto por 1372 pessoas. “Ficamos impressionados com o número de espectadores e como as pessoas se emocionaram com nosso trabalho”, alegra-se o diretor da Incomodança.
Tanto a Cênica quanto a Incomodança não possuem patrocínio. Assim, a existência das duas companhias se deve unicamente ao amor à dança. “Fazemos bailes para arrecadar dinheiro, temos que encontrar soluções para nos manter. Se não fosse o grande retorno sentimental dado pelo público, a Cênica não existiria. Apesar da dificuldade, vale a pena”, afirma Carlos Franco.Mauro Fernandes diz que fica impressionado ao ver que os bailarinos da Incomodança se dispõem a participar de ensaios diários, sem receber salários no fim do mês. “Nós quase fechamos a companhia. Mas os nossos bailarinos não se deixam abater”.Pelo menos as escolas de dança de salão da Cênica e da Incomodança não têm o mesmo problema. Pelo contrário, ambas são bastante procuradas durante todo o ano.

3 comentários: