quinta-feira, 16 de abril de 2009

"Divã"

Assim como a peça, o filme “Divã” deve arrastar multidões para as salas de cinema. Mas um público específico deve demonstrar uma empolgação maior ao ver na telona a atriz Lília Cabral vivenciando uma personagem criada por Martha Medeiros: as mulheres com mais de 40 anos de idade. Principalmente aquelas que estão passando, ou passaram, pelas mesma questões tratadas no filme: rotina do casamento, vida sexual, neuroses sobre beleza etc. Difícil é saber como o filme será recebido em meio aos jovens, já que o filme se sustenta na identificação entre espectador e protagonista.
Dirigido por José Alvarenga Jr. (responsável por diversos programas cômicos da TV Globo, como “Os Normais”, “A Diarista” e “Minha Nada Mole Vida”), o longa-metragem conta a história de Mercedes, uma mulher na casa dos 40 anos que decide procurar um psicanalista, mesmo sem ter um motivo aparente. Enquanto passa por um processo de autoconhecimento, ela vê sua vida se transformar completamente.
Um grande trunfo do filme é ao mesmo tempo seu grande problema: o texto. Isso porque ele é bastante divertido e revelador sobre uma mulher que revê uma vida certinha e programada, mas é evidente sua aplicabilidade para o teatro. Cinema é, antes da palavra, a arte da imagem em movimento. E em “Divã”, muitas cenas são apenas ilustrativas, panos de fundo para uma atriz que concentra em si tudo o que interessa na obra.
Fotografia, montagem e trilha sonora são alguns fatores do cinema que não se destacam de maneira alguma neste filme. Tudo gira em torno do texto e do talento incrível e inquestionável de Lília Cabral. É impressionante como ela consegue ser todas as brasileiras de 40 anos ao interpretar uma única personagem. José Mayer, Reynaldo Gianechinni e Cauã Reymond passam totalmente despercebidos por “Divã”. Os únicos momentos em que o espectador consegue tirar os olhos de Lília, é quando Alexandra Richter está em cena. Mas no fim das contas, também está em sua personagem as questões de uma mulher casada de meia idade.

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