quarta-feira, 13 de maio de 2009

Evolução da medicina em Minas

Minha reportagem que saiu hoje no HD. Acho que a notícia interessa a todas as mulheres. Segue um trecho:


Mais eficiência contra o câncer de mama
Cinthya Oliveira
Especial para o HOJE EM DIA
Quando uma mulher faz uma mamografia e são detectados nódulos em seus seios, imediatamente o médico recomenda a cirurgia. Para que as lesões sejam retiradas de forma eficaz, a paciente passa por um processo denominado de Localização Radioguiada de Lesões Ocultas (ROLL, na sigla em inglês), um tipo de estereotaxia em que os nódulos são apresentados em um Raio-X por meio de um contraste com iodo. Mas esse método possui dois grandes problemas: o iodo pode provocar alergia e essa substância é rapidamente absorvida pelo organismo, assim, as imagens radiografadas não são precisas, mas bastante borradas.
Para que as lesões pudessem ser detectadas com maior precisão pelos médicos, os pesquisadores Geraldo Sérgio Farinazzo Vitral e Nádia Rezende Barbosa, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), criaram um kit descartável com um contraste inovador, mais eficiente, não alergênico e mais barato do que o ROLL.Trata-se de um polímero sintético, com viscosidade especificamente desenvolvida para essa utilização. Com essa substância, é possível obter uma marcação mais regular, circunscrita e permanente da lesão. “Nosso projeto nasceu de uma necessidade verificada pelos médicos. Neste processo convencional, que é o mais moderno em todo o mundo, a imagem ficava borrada, dificultando a marcação para a retirada do nódulo”, afirma a farmacêutica e bioquímica Nádia Barbosa, orientadora do médico Geraldo Vitral em sua pesquisa de mestrado e doutorado, que abordaram o desenvolvimento desta inovação. “Assim, os médicos sempre retiram um pedaço maior do tecido mamário”, acrescenta Nádia Barbosa.
Do desenvolvimento da ideia da pesquisa até a experimentação em seres humanos foram quatro anos de trabalho intenso. Na busca de um substituto para o iodo para o processo de estereotaxia, os pesquisadores Nádia Barbosa e Geraldo Vitral estudaram diversos tipos de polímeros, observando características como densidade e viscosidade. A substância que atendeu às expectativas foi o polidimetilsiloxano (PDMS). “Quando encontramos a substância que nos atendia, observamos se havia alguma toxidade. Comprovado que o polímero não é tóxico nem alérgico, partimos para a última fase do projeto”, explica Nádia. Segundo a professora, enquanto o iodo é absorvido em poucos minutos pelo organismo da paciente, a inovação traz um polímero que fica 14 dias no corpo. “Assim, dá para ver se ficou algum nódulo numa verificação pós-cirúrgica”. O trabalho do médico patologista também é beneficiado pela inovação. Por ser insolúvel, a nova substância permanece no tecido mesmo depois da cirurgia, permitindo que o patologista identifique a olho nu o local onde foi injetada. Embora tenha sido considerado um grande passo na história da medicina quando passou a ser usado por cirurgiões de todo o mundo, na década passada, o procedimento de Localização Radioguiada de Lesões Ocultas (RO LL) possui uma taxa de erros de marcação que varia de 5% a 10% por ser realizado por meio do contraste iodado. Por não ser uma técnica precisa, há o risco tanto do médico retirar mais tecido mamário do que o necessário como não remover todos os micronódulos. Atualmente, o novo método de estereotaxia desenvolvido na UFJF está na fase clínica. Até o fim deste ano, 30 mulheres passarão pelo procedimento criado pelos pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora. Se tudo ocorrer como o previsto, os kits descartáveis serão comercializados a partir do ano que vem pela empresa SR (Saldanha Rodrigues), que comprou a patente dos pesquisadores. A patente do kit já foi depositada e publicada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).Além do polímero, o kit conta também com seringas e agulhas desenvolvidas pelos pesquisadoras especialmente para este procedimento. O mercado esperado para o kit são clínicas radiológicas e de medicina nuclear.

Um comentário:

  1. Tanta coisa importante produzida nas universidades por aqui...

    Gostei da reportagem.

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