segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Alceu Valença

Segue meu texto, publicado hoje no caderno de Cultura do Hoje em Dia, sobre o novo disco do Alceu Valença. Vale a pena demais conferir o CD. É belíssimo! Também é bom registrar que o show realizado por ele no Chevrolet Hall foi bacanérrimo - embora o Spok Frevo Orquestra tenha roubado a cena na festança promovida pelo governo de Pernambuco.


Alceu Valença estreia na Biscoito Fino
Cinthya OliveiraEspecial para o HOJE EM DIA
Mesmo sem trazer músicas inéditas, há muita novidade em “Ciranda Mourisca”, primeiro trabalho de Alceu Valença lançado pela gravadora Biscoito Fino. Esta é a primeira vez em que o cantor se aventura pela produção e direção artística de um CD seu – e foi muito bem-sucedido nesta nova empreitada. O disco traz 12 faixas presentes em diferentes trabalhos que o artista pernambucano lançou em seus 35 anos de carreira. Todas são consideradas “lado B”, pois não tocaram em rádios nem são pedidas pelo público em shows de Alceu. Isso não quer dizer, de forma alguma, que são canções menores. Pelo contrário. Isso apenas significa que não chamaram a atenção dos diretores de marketing das gravadoras pelas quais o artista passou – não nos esqueçamos de que, normalmente, são eles quem escolhem as faixas dos discos destinadas ao sucesso.Com a tarefa de fazer um CD de cirandas, Alceu mergulhou no próprio trabalho autoral, atrás de canções que já tivessem uma levada “mourisca”, mediterrânea, para dar-lhes novos arranjos. O resultado é um trabalho refinado, apresentando um Alceu Valença menos carnalesco – como vinha sendo nos últimos tempos. “Ciranda Mourisca” é uma mistura de folclore pernambucano e sofisticação. É um trabalho daqueles em que não se percebe traços das tradicionais imposições de uma gravadora, mas uma entrega por parte do artista – um “surto artístico”, como definiu o próprio Alceu.O destaque é a última faixa, “Ciranda da Rosa Vermelha”, famosa na voz de Elba Ramalho, mas nunca gravada por Alceu. É a canção cuja característica mais marcante é o principal elemento de uma ciranda pernambucana: o coro. É impossível não reconhecer os versos “A rosa vermelha/ é do bem querer” , mas mesmo assim a música não soa como velha. Pelo contrário, ao unir um coro com violão, guitarra e diferentes instrumentos de percussão, a ciranda ganha ares modernos. Embora a ciranda tradicional seja feita com ganzá, bombo, caixa e pistom, os arranjos dados às 12 faixas deste disco vão muito além disso. Diferentes violões, flautas, moringa, caxixi, reco-reco, agogô são alguns instrumentos usados nas canções com um único objetivo: empregar uma sonoridade leve e aproximar-se do som típico do Mediterrâneo. Também é importante reforçar o lirismo das músicas selecionadas para o disco. Em várias delas, há um intertexto com poetas famosos, como Fernando Pessoa e Carlos Drumond de Andrade.

Um comentário:

  1. Opa! Mais um grande cantor e compositor que integra a lista de grandes nomes do selo Biscoito Fino! É isso aí!

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