sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Quem quer ser um crítico?

Depois do Carnaval, contei aos meus colegas de profissão que tinha adorado o filme "Slumdog Millionaire", como já afirmei neste blog. O pessoal comentou o texto mega mal-humorado de Inácio Araújo, publicado na Folha, sobre a obra. Em seguida, meu caro Miguel d'Anunciação, crítico de teatro, disse que o filme era péssimo. Com isso veio a ideia de fazer a matéria que sai amanhã no caderno de Cultura do Hoje em Dia: enquanto a crítica desce o pau, as pessoas se divertem com o longa.
Isso me fez refletir mais uma vez sobre o trabalho de crítico de cinema. Por ter feito duas coberturas da Mostra de Tiradentes, posso dizer que conheci alguns deles. Inclusive, lá entrevistei os meus preferidos, ambos do Estadão: Zanin e Merten.
Quando me formei, achava que ser crítico era o máximo. Esse foi um dos motivos que me levou a Pós em Cinema da PUC Minas. Lá eu descobri que o que gosto de escrever e ler não são críticas, mas resenhas com comentários. Isso porque o dever do jornalista não é ficar distribuindo rosas e espinhos por aí, mas orientar o espectador a assistir a um filme com um olhar mais crítico, um pouco mais comprometido. Isso é muito mais difícil do que dizer gostei ou não.
Não estou de mal com o mundo, não acho que todo filme tem que ter um comprometimento intelectual. Para mim, o importante é que a obra chegue ao seu objetivo: se é comédia, que me faça rir, se é um drama, que me comova, se é uma aventura, que tire o meu fôlego. Prefiro ir para o boteco beber com os jornalistas normais a ter discussões no Café com Letras com homens nerds frustrados, que se esquecem dos outros prazeres em nome e um único assunto.
E hoje ser crítico nem é mais sinal de status. Afinal, qualquer pessoa pode ser um. Basta ter um blog com bom marketing. No fim das contas, tudo não passa de meras opiniões que não mudam em nada os sucessos de bilheteria.
Ah. E todo este papo não é porque discordo com os críticos, porque normalmente concordo com eles. Os meus filmes preferidos são clássicos para qualquer metido a especialista. Claro, sei apreciar um boa obra, desde que me toque, obviamente. De que me importa se "Ano Passado em Marambad" é um dos títulos mais importantes da Nouvelle Vague? É a coisa mais chata que já vi! "2001", pelo contrário, é parado, mas me tocou profundamente. E consigo falar sobre ele durante horas. Assim como qualquer um dos filmes listados por mim em meu perfil de blogueira. E também não engulo qualquer blockbuster americano: se os três "Homem-Aranha" me encantam profundamente, "Transformers" é como um sonífero para mim. Falar de arte é assim: você pode tentar racionalizar a coisa, dar mil explicações, mas no fim das contas o que vale mesmo é o seu sentimento.
E os meus textos sobre cinema não são tentativas de ser crítica. São apenas comentários. Ainda sou muito nova para ser ranzinza como o Inácio Araújo.

E quando o assunto é música, a coisa é ainda mais estranha: como falar racionalmente se uma música é boa ou não? Sei que o Aerosmith, por exmplo, não tem muita sofisticação. Msmo assim, é uma das bandas que mais amo no mundo, sinto-me mexida por todo seu repertório. Por que gosto tanto, não sei dizer ao certo. Assim como não sei explicar bem porque me irritam tanto Marisa Monte e Vanessa da Matta. Só que quando ouço músicas delas, tenho vontade de sair correndo. Acho chatérrimo. Por que? Não sei explicar.

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