domingo, 15 de fevereiro de 2009

Jack, Lord, Studio e cia.

Hoje foi publicada, no caderno Plural do Hoje em Dia, a minha materia sobre as casas que tocam rock de BH. Poderia ter escrito muito mais, mas o espaço era pequeno. Abaixo, a matéria.


Bar, charme e rock’n’roll
Cinthya OliveiraEspecial para o Hoje em DiaLei Seca? Crise? Nada disso é problema para os donos das casas noturnas dedicadas ao rock em Belo Horizonte. De quarta a domingo, o que se vê na noite da capital são espaços de shows lotados com público diversificado em busca de bom atendimento, cerveja gelada, sinuca e, é claro, bons shows de rock ´n´ roll. Enquanto muitos empreendimentos dedicados a outros estilos musicais possuem uma sobrevida curta, quem direciona sua programação aos roqueiros vê um longo sucesso.“Na região metropolitana, vivem quase cinco milhões de pessoas. É um potencial muito grande. Quem souber cativar o público e fizer uma boa divulgação terá sucesso. Acredito que ainda há espaço para mais casas de rock. Belo Horizonte sempre teve a fama de ser uma cidade roqueira, tanto que foi aqui que nasceram a Cogumelo (selo que revelou várias bandas importantes), o Sepultura, o Patu Fu, o Skank e o Tianastácia”, afirma Carlos Velloso, o Caju, sócio-proprietário do Jack Rock Bar e do Lord Pub ao lado de Gustavo Jacob e Sérgio Quintino.Os rapazes entraram nessa empreitada há seis anos, quando decidiram comprar o antigo The Jap para transformá-lo no Jack.“Acredito que o sucesso aconteceu porque nossos bares são temáticos, tudo neles remete ao rock. Não há muitos lugares em Belo Horizonte com esta característica”, diz o empresário.O retorno do público tem sido tão bom que projetos surgiram nas duas casas. No mês passado, começou no Lord Pub o “Quarta Nacional”, projeto dedicado ao rock nacional – em princípio, trazendo a banda Putz Grila, sucesso garantido da casa nas noites de domingo, ao lado do Chevette Hatch. Além disso, há o projeto Cara a Cara, cujo objetivo é trazer grandes artistas para shows intimistas. A estreia da iniciativa foi no ano passado com Nazi. A procura pelo show do ex-vocalista do Ira! foi tão grande que foi necessário realizar uma nova apresentação.“O projeto vai acontecer de dois em dois meses e é bacana porque permite que o fã possa ver o seu ídolo de pertinho. Dia 21 de março, será a vez do 14 Bis, diz Caju.


Bandas cover festejam e público dá respaldoCinthya OliveiraEspecial para o Hoje em DiaSer empresário no universo do rock é tão atrativo que nem uma grande e demorada reforma afastaram de Bernardo Tolentino Olive o desejo de ver o seu Studio Bar ser uma referência na cidade. A casa ficou fechada por oito anos e reabriu há doze meses.“A nossa reforma demorou muito porque trata-se de refazer as estruturas de uma casa de 1943. Tivemos que refazer o projeto do quintal da casa e criar um anexo”, explica o empresário. Pelo jeito, valeu a pena, pois o Studio está sempre cheio. “Por estarmos no centro da cidade, atraímos pessoas de diversas regiões, o que faz com que nosso público seja tão variado”, diz Olive.Outro sucesso inegável da capital é o Stonehenge Rock Bar, que há nove anos atrai roqueiros dos quatro cantos da região metropolitana. Segundo Axl Henrik Ludwig, sócio-proprietário da casa ao lado de Marcelo Lins, nunca houve fase ruim em relação ao número de frequentadores ou ao faturamento. Afinalsempre vai existir quem queira ouvir o rock clássico.“O público está sempre se renovando e quem ajuda nisso são justamente os próprios frequentadores, que sempre trazem os amigos mais novos”, conta o empresário, reforçando que seu público é bastante variado em relação à idade. Ele explica também que não são os donos das casas quem define a programação, mas os próprios frequentadores. “Nós primamos pela qualidade musical das bandas, mas quem escolhe que tipo de música será tocada é o próprio público. É ele quem prefere as bandas cover”, diz.Beto Arreguy, vocalista do Hocus Pocus – a primeira banda cover de Beatles da cidade, criada há 25 anos – , conta que o movimento nas casas de rock depende da qualidade do serviço oferecido. “O Cabaré Mineiro era muito legal, mas acabou, assim como o Mister Beef. Agora o movimento voltou a ficar muito bom. Quando uma casa, mesmo pequena, faz uma coisa bem feita, acaba ficando lotada. Tem sido assim com o Jack”, explica Arreguy. Não são apenas os donos de casas noturnas que ficam felizes em ver a fidelidade dos roqueiros da cidade. Os músicos também se sentem satisfeitos em ver que há um poderoso universo rock ‘n’ roll na cidade. A maioria das bandas que circulam por este pequeno circuito belo-horizontino desfilam repertórios covers, fazendo assim com que o público possa matar saudades de seus grandes ídolos.
“A geração jovem de hoje não teve a oportunidade de assistir aos shows dos grandes nomes do rock. O cover faz com que se possa viver pelo menos um pouquinho essa sensação”, afirma Marco Aurélio Goulart, produtor de cinco bandas de rock da cidade, entre elas, Seu Madruga e Lurex. “Teve uma vez em que vi uma senhora chorar copiosamente durante um show do Lurex pois ela estava impressionada com a semelhança entre o vocalista Reinaldo e o Fred Mercury”, conta Goulart, adiantando que o Lurex estará em Londres no dia 27 março para um evento que reunirá fãs do Queen de todo o mundo.Com um repertório bastante variado, o Velotrol também conquistou um número de fãs considerável em Belo Horizonte. O baterista Daniel Mello, que largou o trabalho como administrador de empresa para se dedicar à música, afirma que gostaria de ter mais opções de lugares para tocar, especialmente no interior. “Em Belo Horizonte, acabamos tocando sempre nos mesmos lugares pois não há muitas opções. Dividimos este pequeno circuito com muitas outras bandas”, afirma.Já para o Putz Grila – cujo repertório é composto apenas por músicas do rock dos anos 80 – o problema é contrário: a agenda de shows é intensa e todos os integrantes da banda trabalham durante a semana em outras profissões. “A gente leva a música como terapia, como uma válvula de escape”, conta o vocalista André Alvarenga.Quem gostaria de ver um maior espaço para bandas autorais é Keta, vocalista do Serpente e do It´s Only Rolling Stones. “Nós começamos tocando músicas autorais. Mas na época as gravadoras estavam preferindo investir em sertanejo e axé. Assim, decidimos fazer uma banda com músicas de quem gostamos muito: os Rolling Stones. Mas no momento em que tivermos que batalhar pelo Serpente, vamos batalhar pelo Serpente”. Mas há quem esteja feliz com a receptividade do público frente ao trabalho autoral. É o caso de Gleison Túlio, que faz apresentações solo com repertório que mistura covers e músicas próprias. “Não posso reclamar, ano passado fiz uns 200 shows”, comemora o músico. Ele também faz parte também do Power trio (junto com Glauco do Tianastácia e Danilo do Falcatrua).

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